sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O que você sabe das Olimpíadas?

A tradição dos Jogos Olímpicos, próximos à Vila Olímpia, que homenageavam Zeus, o “pai dos deuses”, supera dois milênios. Registros oficiais remontam a 776 antes de Cristo. No intervalo entre as celebrações, os competidores treinavam em suas cidades, culminando num período de “concentração”: faltando 60 dias para os Jogos, deslocavam-se para a cidade de Elis, totalmente dedicados à “Olimpíada”, a preparação do atleta, no caminho para Olímpia. As mulheres eram proibidas de ingressar, infração punida com a morte.
Apenas os cidadãos livres e gregos natos, inscritos para a competição, podiam participar das disputas, conforme estabelecido por um Código de conduta rígido, cuja infração era punida com rigor, fonte histórica do Direito Disciplinar Desportivo.
As disputas reuniam atletas e espectadores de todas as cidades gregas, que simplesmente paravam. Guerras e combates eram interrompidos. Qualquer semelhança com o Brasil, em dias de jogos da Seleção, na Copa de Futebol, não é coincidência!
Nos Jogos modernos, o vencedor recebe uma medalha com, no mínimo, seis gramas de ouro. Nos antigos jogos gregos, o vencedor era laureado com uma coroa de folhas de louro, símbolo da vitória, sem valor comercial. Contudo, tornava-se um ídolo, glorificava sua cidade. Todos se deslocavam para assistir aos Jogos. O vencedor era venerado como “semideus”, sendo uma honra para qualquer cidadão ofertar algo ao “herói”. A expectativa de vida, em anos, era muito inferior aos dias atuais; assim, pelo resto de seus dias, o herói desfrutava, em sua cidade, de uma vida confortável, com alimentação e todas as regalias.
Registros oficiais apontam que a celebração dos Jogos Olímpicos durou até o ano de 394 depois de Cristo, quando o Imperador Teodósio, que havia oficializado o Cristianismo, baniu os Jogos “pagãos”; em troca do esquecimento da crença reencarnacionista, a celebração dos Jogos Olímpicos ficou adormecida por 1500 anos.
A mesma Paris que assistiu ao renascimento da crença reencarnacionista na Doutrina Kardecista, viu ressurgir o movimento olímpico, graças aos esforços do pedagogo e esportista francês, Barão Pierre de Coubertin. Estudou na Universidade de Ciências Políticas, mas recusou a carreira militar, movido pelo ideal pedagógico. Trabalhou pela reforma do sistema educacional da França e viu no esporte, sobretudo nos ideais olímpicos gregos, uma fonte de inspiração para o aperfeiçoamento do ser humano.
Em 1892, durante conferência na Universidade Sorbonne, em Paris, apresentou estudo sobre “Os exercícios físicos no mundo moderno”, anunciando o projeto de restabelecer os Jogos Olímpicos, ideia que naquele momento fracassou, diante da incompreensão geral, ficando, todavia, plantado o ideal.
Dois anos depois, em 23 de junho de 1894, durante congresso de educação e pedagogia, na mesma universidade, Coubertin defendeu a criação de um órgão internacional, que unificaria diferentes esportes e promoveria, a cada quatro anos, competição entre atletas amadores, ampliando para o mundo todo o que acontecia na Grécia Antiga.
A concepção moderna do Olimpismo, filosofia que sintetiza a “relação amigável entre as pessoas de diferentes países a partir do esporte”, foi aceita pelos congressistas, e dois anos depois aconteciam os “I Jogos Olímpicos da Era Moderna”. Nascia o Comitê Olímpico Internacional (IOC), do qual o Barão de Coubertin foi presidente entre 1896 e 1925. Coubertin faleceu repentinamente em dois de setembro de 1937, em Genebra. Conforme testamento, seu corpo foi enterrado na Suíça, país que havia oferecido compreensão e abrigo à sua obra, mas seu coração foi sepultado num obelisco de mármore no santuário de Olímpia, na Grécia.
Na competição seguinte, realizada no ano de 1900, Paris receberia quase o dobro de países (24), e mais que o quádruplo de atletas, 1.225. Também nesta competição houve a primeira participação feminina nos Jogos Olímpicos, com a presença de 19 atletas mulheres. Quebrou-se assim a tradição milenar, pois na Grécia antiga as mulheres eram proibidas até mesmo de assistir às disputas, sendo que as casadas, caso fossem flagradas nos locais de competição, eram condenadas à morte.
Movimento Olímpico
O esporte é o maior acontecimento social, e os Jogos Olímpicos são o evento com maior número de espectadores, envolvendo mídia bilionária. O orçamento dos jogos supera o da agência espacial norte-americana, a NASA; somando os recursos que circulam entre praticantes e espectadores, supera o PIB de diversos países.
O Comitê Olímpico Internacional (IOC), organização não governamental e sem fins lucrativos, tem sede em Lausanne, na Suíça, é a entidade máxima do esporte mundial.  Reúne centenas de Federações Internacionais e todos os países filiados através de cada respectivo Comitê Olímpico nacional, promovendo o Olimpismo e o Movimento Olímpico Internacional, estimulando a prática do esporte para desenvolvimento sadio e aproximação e congregação entre os povos, raças e religiões. A Carta Olímpica, conjunto de regras adotadas pelo IOC, resume os princípios fundamentais do Olimpismo, a organização e funcionamento do Movimento Olímpico e as condições para celebração dos Jogos Olímpicos.
Em 1913 foi criado o símbolo da competição, os cinco anéis olímpicos, representando todos os continentes, entrelaçados pelo esporte: África (preto); Ásia (amarelo); Oceania (azul); América (vermelho) e Europa (verde). O movimento olímpico para união dos povos através do esporte é tão expressivo que os arcos olímpicos, idealizados há apenas um século, alcançam reconhecimento superior a símbolos milenares, como por exemplo, a cruz, símbolo do Cristianismo. Pesquisa realizada pela empresa de marketing global ­Sponsorship Reserch International em nove países de cinco continentes identificou os anéis olímpicos como o logotipo com o mais alto índice de associação do mundo. Praticamente 80% da população do mundo o reconhece espontaneamente.
Os membros do Comitê Olímpico Internacional votam a Sede Olímpica sete anos antes da data prevista para a realização dos Jogos, entre as cidades candidatas. Há acirrada disputa: ao sediar os Jogos, a cidade ganha visibilidade na mídia, facilitando a colocação dos produtos locais no mercado internacional, recebe milhões de visitantes, atletas, dirigentes, árbitros, médicos, preparadores, imprensa (repórteres, cinegrafistas equipe técnica), além, é claro, dos espectadores, todos consumidores de produtos e serviços como estadia, alimentação, transporte, vestuário, lembranças e muitos outros.
Atenas, na Grécia, realizou os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896, com apenas 245 atletas de 14 países. Em 2004, a mesma cidade recebeu mais de 50 mil pessoas envolvidas no evento entre profissionais de mídia, técnicos, voluntários, e os 11.099 atletas, além das centenas de milhares de espectadores, terminando por enfrentar dificuldades para promover as reformas necessárias aos deslocamentos com segurança e relativa rapidez devido aos sítios arqueológicos.
Há jogos regionais e continentais, além outros eventos preparando e selecionando os melhores, que disputarão os Jogos Mundiais. Atualmente, cresce a importância dos Jogos Para-Olímpicos, voltados às pessoas portadoras de inabilidades físicas.
Desde 1995, o Brasil prepara-se para sediar os Jogos Olímpicos. Realizamos os Jogos Olímpicos de Verão (Copacabana/ RJ, 1995, e 1996) e Jogos Olímpicos de Inverno (Ibirapuera, SP, 1995), e a Magna Carta, desde antes, em 1988, ordena a “proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional”.

Os jogos serão realizados entre os dias 5 e 21 de agosto de 2016, sendo o local de abertura e encerramento o Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.  A escolha foi feita durante a 121ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional, que aconteceu em Copenhague, Dinamarca, em dois de Outubro de 2009. Serão disputadas 28 modalidades, duas a mais em relação aos Jogos Olímpicos de Verão de 2012. O Comitê Executivo do COI sugeriu as inclusões do Rugby Sevens e do golfe, que foram aprovados durante a 121ª Sessão. O programa dos Jogos ainda poderá ser expandido, após o sucesso de novas modalidades incluídas nos primeiros Jogos Olímpicos da Juventude, realizados em Cingapura em 2010. Os Jogos Paraolímpicos, também organizados pelo Comitê Olímpico Internacional, serão sediados na mesma cidade entre 7 e 18 de setembro do mesmo ano.