terça-feira, 12 de abril de 2011

Se os pais voltassem a ser pais

Estamos em tempos de guerra. Sim, guerra. Guerra contra uma série de coisas criadas por nós mesmos, mas que não sabemos como enfrentar. Vimos com pesar jovens entrar nas escolas e matar crianças inocentes e não percebemos que os culpados somos nós mesmos.

Somos nós que criamos a indústria do ódio, da intolerância... Somos nós que consideramos normal qualquer situação que não ocorra embaixo de nosso nariz. Afinal, o que acontece longe (pelo menos 200 metros) não vai nos atingir.

Reclamamos de tudo, mas não fazemos nada para mudar. Acho que perdemos nossa força, a prevenção, o cuidado... Quando eu era criança eu tinha o direito de brincar, de estudar, até de trabalhar. Eu queria ser grande, ter responsabilidade, tal qual meus pais. Eles eram e são meus ídolos. Cresci, ainda não sou pai, mas quero ser melhor pai para os meus filhos do que os meus foram. Simplesmente por uma questão de evolução.

Quero cuidar, brincar, ler, estudar, ninar, alimentar... quero ser pai de verdade. Não somente aquela pessoa que gera, mas aquela que cuida, para que um dia, eu não precise fazer estas perguntas ou ter de dar respostas a elas:

E se os pais voltassem a brincar com seus filhos?!

E se os pais voltassem a ficar com seus filhos?!

E se os pais voltassem a ensinar seus filhos?!

E se os pais voltassem a frequentar as escolas de seus filhos?!

E se as escolas voltassem a fazer o aluno raciocinar em vez de decorar?!

E se as escolas voltassem a incentivar a prática esportiva?!

E se voltassem as competições intercolegiais e interssala?!

E se voltassem as aulas de Educação Moral e Cívica?!

E se voltassem as aulas de OSPB?!

E se o estudo da religião na escola não fosse atrelado à religião da escola?!

E se as crianças de hoje tivessem ídolos como Ayrton Sena, Zico, Pelé e Garrincha?!

E se a intolerância religiosa não existisse?!

E se voltássemos à época em que Buylling era só brincadeira de criança?!

E se a TV aberta voltasse a ter uma programas infantis?!

E se as novelas não exibissem tantas cenas de sexo e violência?!

E se os autores de novelas não mostrassem que ser ladrão e corrupto vale a pena?!

E se os programas de TV voltassem a mostrar valores como família, respeito, caráter?!

E se as crianças tivesse seus direitos respeitados?!

E se as crianças voltassem a subir em árvores?!

E se as crianças voltassem a dormir ao som das histórias contadas por pais e avós?!

E se as crianças voltassem a ser seres inocentes?!

E se as crianças voltassem a brincar?!

E se nós, adultos, deixássemos as crianças serem novamente crianças?!

São muitas as perguntas, mas as crianças de Realengo não estarão mais aqui para escutar a nossa resposta. A resposta de uma sociedade hipócrita e mentirosa, que gera seus filhos e os entrega a própria sorte e que acredita que a responsabilidade da educação de uma criança é restrita a professores.

Não sei dizer que este assassino poderia agir de outra forma se tivesse uma outra educação, mas as crianças da década de 80 conseguiam ir para a escola seguros de que voltariam para casa. Nossa sociedade está criando monstros e vê isso com espanto.

Educação não é questão financeira. Educação é questão familiar, é apostar em conceitos que os nossos avós ensinaram aos nossos pais. Mas... E se os pais voltassem a ser pais?!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma conversa habitual


- Não
- Como não? Eu tô vendo que você está diferente
- Não, tô não.
- Tá sim. Tá na cara! Não quer falar, é isso?
- Falar o que?
- O que você tem. Esse jeito estranho. Eu te conheço
- Mais do que eu me conheço?
- Nossa, precisa falar assim? 
- Eu só fiz uma pergunta diante das várias que você não para de me fazer!
- Tá vendo? Tô falando. Você está diferente e não quer falar. Que saco!
- Eu não tô diferente. Eu tô cansado.
- Sabia que você tinha alguma coisa que não queria me falar
- Agora eu tenho a obrigação de te falar até quando eu tô cansado?
- Creeeedo. Como você está grosso Seu Seu 
- Isso é pegadinha, não é? Tem alguma câmera escondida?
- E ainda é irônico!
- Irônico? Eu só tô cansado!
- De mim?
- O que?
- Tá cansado De mim?
- Como assim?
- É. Se respondeu "como assim" é porque é.
- Humph.
- E ainda suspira em voz alta. Tá querendo discutir, é isso?
- Eu???
- É. Sabia desde a hora que você chegou.
- Eu só tô cansado, porra!
- Já tá xingando? Perdeu o respeito mesmo por mim. Anda, desembucha logo: tá cansado do quê em mim?
- Você tá louca???
- Tá vendo!?!
- Não tô acreditando!
- Tá cansado de mim, me chamando de louca e agora ainda diz que eu sou mentirosa???
- Hein?
- Hein nada. Eu sei muito bem onde você quer chegar.
- Então, já que você é a única pessoa que sabe o que está acontecendo aqui, me diz: onde eu quero chegar?
- Você sabe. Não se faça de bobo.
- EU SÓ ES-TOU CAN-SA-DO!!!!
- E ainda grita comigo? Snif
- Tá chorando por que?
- Eu cuido da casa, dos nossos filhos, sempre compro o presente que você esquece de comprar praquela mal educada da sua mãe e você está cansado de mim, me chama de louca e de mentirosa
- Você não pode estar falando sério.
- Tô. E tô triste. Culpa sua!
- Minha? Era só o que me faltava!
- O que está te faltando?
- Hein?
- Você acabou de falar.
- É uma expressão!!!
- Eu sei, tá me chamando de burra agora também? Que mais, hein?
- Minha Nossa Senhora
- Nunca rezou, não vai a missa comigo nunca e agora fica falando em Nossa Senhora só pra me provocar, não é?
- rs
- Tá rindo de que?
- De você, ora! rs
- Eu sou a palhaça aqui, é isso??
- Não, tô lembrando de uma discussão muito parecida que tivemos mês passado
- Mês passado? Que dia?
- Sei lá Acho que foi no dia do aniversário do Dudu Dia 11 do mês passado, foi isso. Você estava implicando até com os brigadeiros que você tinha enrolado, lembra?
- É, lembro.
- Que dia é hoje?
- 9, por quê?
- Nada não. Eu vou na cozinha. Quer que eu pegue Atroveran, Buscupan ou Ponstan, meu amor?


*Jack Bianchi publica contos e crônicas no blog jackbianchi.com.br/blog 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Começou o período eleitoral

Ano que vem é ano eleitoral. Entretanto, o processo já está a pleno vapor. O que se percebe em todas as cidades do país é uma movimentação partidária acirrada, em busca de novas filiações e elaboração de um projeto político que atenda às expectativas da população.

A criação de novos partidos também pode ser observada com certo temor pelos eleitores. E, para a nossa segurança (ou não), a lei da ficha limpa entra em vigor para o pleito de 2012.

Devemos nos ater a alguns fatos específicos deste processo eleitoral: elegeremos, apenas, Vereadores, Prefeitos e Vice-prefeitos.

As principais funções do vereador são: analisar e aprovar leis ligadas à prefeitura e ao poder executivo; fiscalizar vários órgãos da prefeitura, além de requerer prestação de conta por parte do prefeito; votar projetos de lei; receber os eleitores e ouvir sugestões, críticas, reivindicações; promover a ligação entre eleitores da região que representa e o governo; elaborar e redigir projetos; criar leis com intuito de formar uma sociedade mais justa.

Ou seja, se os candidatos prometerem que irão fazer obras em benefício de sua comunidade, NÃO VOTE. Vereadores não fazem obras, de espécie alguma e não empregam ninguém, a menos que em sua cidade o Vereador possa ter assessores particulares. E mesmo que tenha, é crime eleitoral comprar votos. SIM, COMPRA DE VOTOS É CRIME!!!

As principais funções do prefeito são: governar a cidade de forma conjunta com os vereadores; funções atribuídas às áreas políticas, executivas e administrativas; representante do povo na busca por melhoria do município, oferecendo boa qualidade de vida aos habitantes; reivindicar convênios, benefícios, auxílios para o município que representa; apresentação de projetos de Leis à Câmara Municipal, sancionar, promulgar, além de publicá-las e vetá-las. Cabe ao prefeito também convocar a Câmara em casos excepcionais; intermediar politicamente com outras esferas do poder, sempre com intuito de beneficiar o município; representante máximo do município de forma legal; atender à comunidade, ouvindo suas reivindicações e anseios; quanto às funções executivas, cabe ao prefeito planejar, comandar, coordenar, controlar entre outras atividades relacionadas com o cargo; zelar pela limpeza da cidade, manter postos de saúde, escolas e creches, transporte público entre outras atribuições; administrar os impostos (IPVA, IPTU, ITU) e aplicá-los da melhor forma.

O Vice-Prefeito é o sucessor do Prefeito em casos de vaga do cargo e o substituto em casos de licença ou impedimento. O Vice-Prefeito pode exercer funções relevantes na administração municipal, sem incompatibilidade, fazendo jus a vencimentos que não se confundem com a remuneração do cargo, devendo optar por um deles.

Prefeito e Vice são eleitos em conjunto, embora a maior parte da população vote apenas no cabeça de chapa (prefeito). Não diferente dos candidatos a Vereador, os postulantes ao cargo do Executivo municipal costumam fazer promessas mirabolantes (como obras por toda a cidade), embora saibamos que não é possível atender a todas as demandas do município.

Você sabe qual o valor do orçamento municipal? Pelo menos sabe o que os candidatos eleitos fazem com o dinheiro público? Acompanha a política municipal, mesmo que seja por jornais, revista, internet ou sinal de fumaça? Seria ideal que todos acompanhássemos reuniões do Legislativo e todos os atos do Executivo, mas entendo e respeito quem não o faça.

Por isso, não permita que certos candidatos tenham acesso aos cargos públicos. Utilizar a profissão com trampolim político, também deve ser apreciado com cuidado. Se o candidato aparece todos os dias na TV, rádio ou jornal, somente criticando ações das pessoas que estão ocupando cargos públicos, isso não o credencia para ser um agente político.

A política se faz com situação e oposição, ma é preciso argumentos e embate político. Faça uma simples pergunta a quem só critica: “se você estivesse no lugar deles, o que faria para mudar?”

Pergunte, também, a qual cargo ele concorreria e veja se a resposta que ele deu à pergunta condiz com o cargo que ele almeja. Criticar é muito fácil, difícil é achar a solução.

Não estou dizendo que os políticos do país estão certos, mas afirmando que todas as propostas têm que ser analisadas. Projetos políticos estão ligados diretamente à coligação partidária. Observe o governo, o candidato, o partido. O que você quer para sua cidade? Veja se os candidatos estão aptos a ocuparem os cargos e se eles conhecem as atribuições. São quatro anos de céu ou inferno. VOTE CONSCIENTE e lembre-se COMPRA DE VOTOS É CRIME!!!