quinta-feira, 29 de março de 2012

Jornalistas pedem votação da PEC 33 no Senado

Dirigentes da FENAJ e de Sindicatos de Jornalistas fazem nova rodada de contatos com parlamentares nesta quinta-feira (29) em Brasília, em prol da aprovação pelo Senado, em 2º turno, da PEC 33/09, que restabelece a obrigatoriedade da exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista. A ideia é buscar a votação da matéria no período em que se comemora o Dia do Jornalista.

A delegação de dirigentes da FENAJ que se reveza em acompanhamento dos trabalhos no Senado será reforçada com a participação de dirigentes de Sindicatos da categoria que já se deslocam a Brasília para a reunião do Conselho de Representantes da Federação que acontece neste final de semana.

Como se aproxima o período em que se comemora o Dia do Jornalista, 7 de abril, o objetivo é buscar a votação da matéria nas próximas semanas. “Buscaremos contatos com senadores e com a Frente Parlamentar em Defesa do Diploma para buscar que o compromisso de lideres de votar a PEC dos Jornalistas se efetive em abril”, informa o presidente da FENAJ, Celso Schröder.

A Federação pretende, também, ampliar as mobilizações em favor da PEC 33/09. “Exatamente por estarmos próximos do Dia do Jornalista, a mobilização em defesa da profissão e de sua valorização, que é permanente, deve ganhar mais robustez em abril”, sinaliza o sindicalista.

Uma agenda de atividades em defesa da PEC dos Jornalistas, do estabelecimento de um piso salarial nacional da categoria e de contraposição à crescente violência contra jornalistas no Brasil deverá ser definida na reunião do Conselho de Representantes da FENAJ que será realizada em Brasília no dia 31 de março.

Exigência de diploma é lei em Ponta Grossa

No dia 12 de março a Câmara de Vereadores de Ponta Grossa (PR) derrubou, por unanimidade, o veto do prefeito Pedro Wosgrau (PSDB) à Lei Nº 10.858, que exige a obrigatoriedade de diploma de curso superior em Jornalismo para as funções de jornalista e assessor de imprensa em órgãos públicos locais. A votação foi acompanhada por uma platéia de aproximadamente 70 pessoas, entre estudantes, professores e profissionais de comunicação.

A autora da Lei, vereadora Alina de Almeida Cesar (PMDB), salientou que o projeto foi pensado para resguardar o direito das pessoas que se esforçaram para ter uma formação superior específica na área. “Espero que a Lei contemple àqueles que passaram anos de suas vidas para ter uma formação sólida e para desenvolveu um trabalho sério no Jornalismo”.

Fonte: FENAJ

A Liberdade Religiosa é um direito Constitucional

Liberdade Religiosa, um direito Constitucional.
Por se tratar de religião e cultura, o Espírita é DUPLAMENTE protegido na forma da lei pela constituição da República Federativa do Brasil.
Para que todas as pessoas que professam o Candomblé e a Umbanda fiquem cientes dos seus direitos, é bom observar com atenção os artigos constitucionais que podem e DEVEM sem invocados quando qualquer cidadão sentir-se aviltado no que diz respeito à Liberdade Religiosa.
Artigo 208 do Código Penal merece menção, haja vista que os crimes que têm sido cometidos freqüentemente contra adeptos das religiões Afro-Brasileiras, sem que se tomem providencias primeiramente por uma nítida falta de interesse das autoridades e depois porque os adeptos, na maioria das vezes, não sabem que tais atos constituem crime.

Artigo 208:

Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir, ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena – detenção de um mês a um ano ou multa.
Parágrafo único: Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.
Mas é importante que no caso de Sacerdotes, estejam devidamente legalizados e ligado a uma Instituição que o credencie e o apresente para a sociedade como Ministro religioso.


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Yemanjá

Dia da Semana: Sábado
Dia Consagrado: 15 de agosto, 2 de fevereiro
Sincretismo: Nossa Senhora dos Navegantes
Cor: Branco, Prateado, Azul e Rosa
Símbolo: Abebé prateado.
Elementos: Águas doces que correm para o mar, Águas do mar
Domínios: Maternidade (educação), Saúde mental e Psicológica
Saudação: Erù-Iyá, Odó-Iyá
yemanjaYemonjá, por presidir à formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça, está presente em todos os rituais, especialmente o Bori.
É a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. O seu nome deriva da expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. Na África era cultuada pelos egbá, nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se encontra o rio Yemojá. Esse povo transferiu-se para a região de Abeokutá, levando consigo os objectos sagrados da deusa, e foram depositados no rio Ogum, o qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o Orixá Ogum, apesar de no Brasil Yemojá ser cultuada nas águas salgadas, a sua origem é de um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações, orikís e cantigas remetem a essa origem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Yemonjá.
Yemonjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a humanidade e, por isso, os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva e seus seios chorosos, são sagrados.
Yemonjá é o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças, pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os caminhos, que educa, e sabe, sobre tudo, explorar as potencialidades que estão dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o quanto eram bons nos seus ofícios, mas dizendo, ao mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos contra nós mesmos.
Yemonjá foi violentada pelo seu próprio filho, Orugan. Dessa relação incestuosa nasceram diversos Orixás e dos seus seios rasgados jorraram todos os rios do mundo. Yemonjá acabou se desfazer nas suas próprias lágrimas e por se transformar num rio que correu em direção ao oceano. Portanto, não é por acaso que as lágrimas e o mar tem o mesmo sabor.
Dissimulada, e ardilosa, Yemonjá faz uso da chantagem afectiva para manter os filhos sempre perto de si. É considerada a mãe da maioria dos Orixás de origem Iorubá. É o tipo de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra de carinho, um conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se desequilibrar completamente.
Yemonjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não saído do seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemonjá criou Omulu, o filho e senhor, o rei da terra, o próprio Sol.

Características dos filhos de Yemanjá

São imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de dignidade e dotados de irresistível fascínio (o canto da sereia). São voluntariosos, fortes, rigorosos, protetores, altivos e, algumas vezes, impetuosos e arrogantes; têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justos mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se a perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérios. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Eles têm tendência à vida suntuosa, mesmo se as possibilidades do quotidiano não lhes permitem um tal fausto.
As filhas de Yemonjá são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros (Omulu). Não perdoam facilmente, quando ofendidas. São possessivas e muito ciumentas.
São pessoas muito voluntariosas e que tomam os problemas dos outros como se fossem seus. São pessoas fortes, rigorosas e decididas. Gostam de viver em ambientes confortáveis com certo luxo e requinte. Põe à prova as suas amizades, que tratam com um carinho maternal, mas são incapazes de guardar um segredo, por isso não merecem total confiança. Elas costumam exagerar nas suas verdades (para não dizer que mentem) e fazem uso de chantagens emocionais e afectivas. São pessoas que dão grande importância aos seus filhos, mantêm com eles os conceitos de respeito e hierarquia sempre muito claros.
Nas grandes famílias há sempre um filho de Yemonjá, pronto a envolver-se com os problemas de todos, pois gosta tanto disso que pode revelar-se um excelente psicólogo. Fisicamente, os filhos de Yemonjá tendem à obesidade, ou a uma certa desarmonia no corpo. As mulheres, por exemplo, acabam por ficar com os seios caídos e as nádegas contidas e preferem os cabelos compridos. São extrovertidos e sabem sempre de tudo (mesmo que não saibam).

yemanjaQualidades de Iemanjá

São 7 as qualidades, e por possuírem características tão próprias, há quem chegue a considerar que se trata de orixás individuais (independentes) das outras qualidades. Aqui, no entanto, e por não haver consenso quanto a esta questão, e muito estudo e pesquisa ser ainda necessário, vamos encarar como qualidades de um único orixá, tal como fazemos com todos os outros. Yemanjá rege a inteligência humana por isso tem o título de Iyá Orí.
Yemanjá Asagba ou Sobá: Ligada a Airá, lufã e Orunmilá, fia algodão, usa corrente de prata no tornozelo, carrega abebé e sua energia é a espuma branca do mar, veste branco com prata.
Yemanjá Akurá: Vive nas espumas do mar, aparece vestida com lodo do mar e coberta de algas marinhas. Muito rica e pouco vaidosa. Adora carneiro, ligada a Nanã, veste branco aperolado
Yemanjá Ataramogba: Vive na espuma da ressaca da maré, guerreira e ligada a Xangô, veste branco e nuances de cores claras.
Yemanjá Iyaoyó ou Awoyò: É uma das mais velha, possui ligação com Oxalá, Oxumarê e Xangô,  Veste branco e cristal, responsavel pelas marés.
Yemanjá Maleleo ou Maylewo: Esta Yemanjá vive nos grandes lagos, tímida, não se pode tocar no rosto do Iyawò, veste verde claro.
Yemanjá Iyágunté: Mãe do rio ógun, esta Yemanjá guerreira usa espada e tem ligação com Ogun e Oxaguian, carrega abebé, veste azul claro.
Yemanjá Sessu,  Iyasessu: Voluntariosa e respeitável, ligada a Babá  Olokun,  vive nas águas agitadas da costa e come inhame, suas contas são verdes translúcido, veste verde e branco.
Teremos ainda outras Yemanjás com nomes, títulos e cultos extintos:
Yemanjá Olossá ou Oloxá: Ligada a com Oxum e Nanã. Veste verde-clara e suas contas são branco cristal. É a Yemanjá mais velha da terra de Egbado, não há iniciados no Brasil.
Yemanjá Iya Massê: que é a mãe de xangô
Yemanjá Iyakú, Iya Odo, Iya Ewá, Iyá Tapá, Iya Tonà,etc.
Fonte: ocandomble.wordpress.com/os-orixas/yemonja

yemanjaLendas de Yemanjá

Iemanjá e Orunmilá eram casados. Orunmilá era um grande adivinho, com seus dotes sabia interpretar os segredos dos búzios. Certa vez Orunmilá viajou e demorou para voltar e Iemanjá viu-se sem dinheiro em casa, Então, usando o oráculo do marido ausente, passou a atender uma grande clientela e fez muito dinheiro. No caminho de volta para casa, Orunmilá ficou sabendo que havia em sua aldeia uma mulher de grande sabedoria e poder de cura, que com a perfeição de um babalaô jogava búzios. ficou desconfiado, quando voltou, não se apresentou a Iemanjá, preferindo vigiar, escondido, o movimento em sua casa. Não demorou a constatar que era mesmo a sua mulher a autora daqueles feitos, Orunmilá repreendeu duramente Iemanjá, ela disse que fez aquilo para não morrer de fome, mas o marido contrariado a levou perante Olofim-Olodumare. Olofim reiterou que Orunmilá era e continuaria sendo o único dono do jogo oracular que permite a leitura do destino, Ele era o legítimo conhecedor pleno das histórias que forma a ciência dos dezesseis odus. Só o sábio Orunmilá pode ler a complexidade e as minúcias do destino, mas reconheceu que Iemanjá tinha um pendor para aquela arte, pois em pouco tempo angariara grande freguesia. Deu a ela então autoridade para interpretar as situações mais simples, que não envolvessem o saber completo dos dezesseis odus, assim as mulheres ganharam uma atribuição antes totalmente masculina.

Olodumaré fez o mundo e repartiu entre os orisás vários poderes, dando a cada um reino para cuidar. A Exú deu o poder da comunicação e a posse das encruzilhadas. A Ogum o poder de forjar os utensílios para agricultura e o domínio de todos os caminhos. A Oxóssi o poder sobre a caça e a fartura. A Obaluaiyê o poder de controlar as doenças de pele. Oxumaré seria o arco-íris, embelezaria a terra e comandaria a chuva, trazendo sorte aos agricultores. Xangô recebeu o poder da justiça e sobre os trovões. Oyá reinaria sobre os mortos e teria poder sobre os raios. Ewá controlaria a subida dos mortos para o orum, bem como reinaria sobre os cemitérios. Oxum seria a divindade da beleza, da fertilidade das mulheres e de todas as riquezas materiais da terra, bem como teria o poder de reinar sobre os sentimentos de amor e ódio. Nanã recebeu a dádiva, por sua idade avançada, de ser a pura sabedoria dos mais velhos, além de ser o final de todos os mortais; nas profundezas de sua terra, os corpos dos mortos seriam recebidos. Além disso do seu reino sairia a lama da qual Oxalá modelaria os mortais, pois Odudua já havia criado o mundo. Todo o processo de criação terminou com o poder de Osoguian que inventou a cultura material. Para Yemanjá, Olodumare destinou os cuidados da casa de Osalá, assim como a criação dos filhos e de todos os afazeres domésticos. Yemanjá trabalhava e reclamava de sua condição de menos favorecida, afinal, todos os outros deuses recebiam oferendas e homenagens e ela, vivia como escrava. Durante muito tempo Yemanjá reclamou dessa condição e tanto falou, nos ouvidos de Osalá, que este enlouqueceu. O ori (cabeça) de Oxalá não suportou os reclamos de Yemanjá. Oxalá ficou enfermo, Yemanjá deu-se conta do mal que fizera ao marido e, em poucos dias curou Oxalá. Oxalá agradecido foi a Olodumare pedir para que deixasse a Iemanjá o poder de cuidar de todas as cabeças. Desde então Iemanjá recebe oferendas e é homenageada quando se faz o bori (ritual propiciatório à cabeça) e demais ritos à cabeça.

iemanjaYemanjá, conta uma das lendasera “casada pela primeira vez com Orunmilá, senhor das adivinhações, depois com Olofin, rei de Ifé”, cansada de sua permanência em Ifé, fugiu em direção ao oeste. Outrora, Olokun lhe havia dado, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparo, pois não se sabia o que poderia acontecer amanhã, com a recomendação de quebrá-lo no chão em caso de extremo perigo. E assim Yemanjá foi instalar-se no entardecer da terra oeste. Olofin, Rei de Ifé, lançou seu exército à procura de sua mulher. Cercada, Yemanjá ao invés de se deixar prender e ser conduzida de volta a Ifé, quebrou a garrafa, segundo as instruções recebidas. O criou-se o rio na mesma hora levando-a para Okun (o oceano), lugar de residência de Olokun, seu pai.
Outra versão:
Ela é representada nas imagens com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecunda e nutritiva. Esta particularidade de possuir seios mais que majestosos – ou somente um deles, segundo outra lenda – foi origem de desentendimentos com seu marido, embora ela já o houvesse honestamente prevenido antes do casamento que não toleraria a mínima alusão desagradável ou irônica a esse respeito. Tudo ia muito bem e o casal vivia feliz. Uma noite, porém, o marido havia se embriagado com vinho de palma e, não mais podendo controlar as suas palavras, fez comentários sobre seu seio volumoso. Tomada de cólera, Iemanjá bateu com o pé no chão e transformou-se num rio a fim de voltar para Olóòdun, como na lenda precedente.
Orunmilá que tinha os segredos da noite precisava ser detido com seus feitiços desenfreados. Era um dos homens mais bonitos e encantadores, tinha todas as mulheres, mas não queria nenhuma e não amava nenhuma. Osalá queria tirar a maldade e os segredos de Orumila mas só havia um jeito de conseguir tal feito pedindo a mulher mais bonita que o encantasse e tirasse todos os segredos dele. 
Então o povo Orisá duvidou e Osalá chamou Yemonja, que não tinha filhos e família e nem um amor para seduzí-lo e conhecer os seus segredos. Então Osalá fez com ela um trato no qual ela só teria essas intençoes e que depois voltaria para reinar ao lado dele novamente. Yemonja foi e com o tempo eles se apaixonaram.
Yemonja e Orunmilá já nao conseguiam viver longe um do outro… ela conseguiu tirar todos os segredos e feitiços dele e eles tiveram muitos filhos Orisás…
Fonte das lendas: http://www.lendas.orixas.nom.br


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Nanã Burukú

Dia Consagrado: 26 de Julho
Sincretismo: Santa ana / Sant’ana / Santana
CoresAnil, Branco e Roxo
Símbolo: Bastão de hastes de palmeira (Ibiri)
Elemento: Terra, Água, Lodo
Domínios: Vida e Morte, Saúde e Maternidade
Saudação: Salubá!
Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.
Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.
Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.
A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.
A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.
Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.
Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nana é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte.
Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.
Nana pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas ações vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.
Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.
É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

Características dos filhos de Nana Burukú

Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nana parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.
Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.
As pessoas de Nana podem ser teimosas e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas reações bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.
Embora se atribua a Nana um carácter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.

Qualidades do Orixá Nanã

Nanã Abenegi: Dessa Nanã nasceu o Ibá Odu, que é a cabaça que traz Oxumarê, Oxossi Olodé, Oya e Yemanjá.
Nanã Adjaoci ou Ajàosi: É a guerreira e agressiva que veio de Ifé, às vezes confundida com Obá. Mora nas águas doces e veste-se de azul.
Nanã Ajapá ou Dejapá: É a guardiã que mata, vive no fundo dos pântanos, é um Orixá bastante temido, ligado a lama, a morte, e a terra. Veio de Ajapá. Está ligada aos mistérios da morte e do renascimento. Destaca-se como enfermeira; cuida dos velhos e dos doentes, toma conta dos moribundos. Nela predomina a razão.
Nanã Buruku ou Búkùú: Também é chamada Olú waiye (senhora da terra), ou Oló wo (senhora do dinheiro) ou ainda Olusegbe. Este Orixá veio de Abomey; ligado à água doce dos pântanos, usa um ibirí azul.
Nanã Obaia ou Obáíyá: É ligada a água e a lama. Mora nos pântanos; usa contas cristal vestes lilás e veio do país Baribae.
Nanã Omilaré: É a mais velha, acredita-se ser a verdadeira esposa de Oxalá. Associada aos pântanos profundos e ao fogo. É a dona do universo, a verdadeira mãe de Omolu Intoto. Veste musgo e cristal.
Nanã Savè: Veste-se de azul e branco, e usa uma coroa de búzios.
Nanã Ybain: É a mais temida. Orixá da varíola. Usa cor vermelha, é a principal, come directo na lagoa, dando origem a outros caminhos. Para chamá-la, a ekeji tem que ir batendo com seus otás para fazê-la pegar suas filhas.
Nanã Oporá: Veio de Ketu, coberta de òsun vermelho. É a mãe de Obaluaiyê, ligada a terra, temida, agressiva e irascível.
Nanã Xalá: Muito ligada ao Branco e a Oxalá.
Teremos ainda outros nomes, títulos ou qualidades: Inselè, Sùsùré, Elegbé, Bíodún, ìkúrè, Asaiyó, etc, provavelmente.
Fonte: http://ocandomble.wordpress.com/os-orixas/nana

Lendas de Nanã

Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, razão pela qual segundo a lenda, desprezou o seu filho primogénito com Oxalá, Omolú, por ter nascido com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou por o abandonar no pântano. Sabendo disso, Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam todos com alguma deformação física (Oxumaré, Ewá e Ossaim), e baniu-a do reino, ordenando-lhe que fosse viver no mesmo lugar onde abandonou o seu filho, no pântano.
Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em algumas tribos quando o seu nome era pronunciado, todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omolú. É protectora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais.
Olorun enviou Nana e Oxalá para viverem na Terra e criarem a humanidade. Os dois foram dotados de grandes poderes para desempenharem essa tarefa, mas somente Nana tinha o domínio do reinado dos eguns, e guardava esses segredos, bem como o da geração da vida, em sua cabaça.
Oxalá não se conformava com esta situação, queria poder compartilhar desses segredos. Tentava agradar sua companheira com oferendas para convencê-la a revelar seu conhecimento.
Nana, sentindo-se feliz com as atitudes de Oxalá, decide mostrar-lhe egun, mas apenas ela era reconhecida nesse reinado.
Certa vez, enquanto Nanan trabalhava com a lama, Oxalá, disfarçando-se com as roupas dela, foi visitar egun, sem lhe pedir autorização.
Quando Nanan, sentiu a falta de Oxalá e de sua própria vestimenta, teve certeza de que ele havia invadido o seu reinado, atraiçoando-a gravemente. Enfurecida com a descoberta, resolveu fechar a passagem do mundo proibido, deixando Oxalá preso.
Enquanto isso, Oxalá caminhava no reinado de Nana, tentando descobrir seus mistérios, mas apenas ela conseguia comunicar-se com os eguns.
Egun, sempre envolto em seus panos coloridos, não tinha rosto, nem voz. Oxalá, usando um pedaço de carvão, criou um rosto para ele, como já havia feito com os seres humanos, e, com seu sopro divino, abriu-lhe a fala. Assim, ele conseguiu desvendar os segredos que tanto queria, mas, quando se deu conta, viu que não conseguia achar a saída.
Nana não sabia o que fazer, por isso fechou a passagem para mantê-lo preso até encontrar uma forma de castigá-lo. Contou a Olorun sobre a traição de Oxalá, que não aprovou a atitude de ambos. Nana errou ao revelar a Oxalá os segredos que o próprio Olorun lhe confiara. Para castigá-la, tomou o seu reinado e o entregou a Oxalá, pois ele desempenhara melhor a tarefa de zelar pelo eguns. Oxalá também foi castigado, pois invadiu o domínio de um outro orixá. Daquele dia em diante, Oxalá seria obrigado a usar as roupas brancas de Nanan, cobrindo o seu rosto com um chorão, que somente as iyabás usam.
Dizem que quando Olorum encarregou Osalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Òrìsà tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Osalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Osalá criou o homem, o modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos òrìsà povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é.
No inicio dos tempos os pântanos cobriam quase toda a terra. Faziam parte do reino de Nanã Buruquê e ela tomava conta de tudo como boa soberana que era. Quando todos os reinos foram divididos por Olorun e entregues aos orixás uns passaram a adentrar nos domínios dos outros e muitas discórdias passaram a ocorrer. E foi dessa época que surgiu esta lenda. Ogum precisava chegar ao outro lado de um grande pântano, lá havia uma séria confusão ocorrendo e sua presença era solicitada com urgência. Resolveu então atravessar o lamaçal para não perder tempo. Ao começar a travessia que seria longa e penosa ouviu atrás de si uma voz autoritária: – Volte já para o seu caminho rapaz! – Era Nanã com sua majestosa figura matriarcal que não admitia contrariedades – Para passar por aqui tem que pedir licença! – Como pedir licença? Sou um guerreiro, preciso chegar ao outro lado urgente. Há um povo inteiro que precisa de mim. -Não me interessa o que você é e sua urgência não me diz respeito. Ou pede licença ou não passa. Aprenda a ter consciência do que é respeito ao alheio. Ogum riu com escárnio: – O que uma velha pode fazer contra alguém jovem e forte como eu? Irei passar e nada me impedirá! Nanã imediatamente deu ordem para que a lama tragasse Ogum para impedir seu avanço. O barro agitou-se e de repente começou a se transformar em grande redemoinho de água e lama. Ogum teve muita dificuldade para se livrar da força imensa que o sugava. Todos seus músculos retesavam-se com a violência do embate. Foram longos minutos de uma luta sufocante. Conseguiu sair, no entanto, não conseguiu avançar e sim voltar para a margem. De lá gritou: -Velha feiticeira, você é forte não nego, porém também tenho poderes. Encherei esse barro que chamas de reino com metais pontiagudos e nem você conseguirá atravessa-lo sem que suas carnes sejam totalmente dilaceradas. E assim fez. O enorme pântano transformou-se em uma floresta de facas e espadas que não permitiriam a passagem de mais ninguém. Desse dia em diante Nanã aboliu de suas terras o uso de metais de qualquer espécie. Ficou furiosa por perder parte de seu domínio, mas intimamente orgulhava-se de seu trunfo: – Ogum não passou!


Leia mais no post Original: Orixá Nanã - Dia 26 de Julho - Santa Ana / Sant'ana/ Santana | Filhos de Axé http://www.filhosdeaxe.com/candomble/orixas-candomble/nana-buruku#ixzz1qVhk0u1N

OGUM

Dia Comemorativo: 23 de abril
Sincretismo: São Jorge (Rio de Janeiro)
Dia da Semana: Terça-Feira
Cores: Verde ou Azul-escuro (no candomblé) e Vermelho (na umbanda)
Símbolos: Bigorna, Faca, Pá, Enxada e outras ferramentas
Elementos: Terra (florestas e estradas) e Fogo
Domínos: Guerra, Progresso, Conquista e Metalurgia
Saudação: Ogunhê!!

Ogum é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia e da tecnologia. Protector dos ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, talhantes, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins.
Orixá conquistador, Ogum fez-se respeitar em toda a África negra pelo seu carácter devastador. Foram muitos os reinos que se curvaram diante do poder militar de Ogum.
Entre os muitos Estados conquistados por Ogum estava a cidade de Iré, da qual se tornou senhor após matar o rei e substituí-lo pelo seu, próprio filho, regressando glorioso com o título de Oníìré, ou seja, Rei de Iré.
Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé.
Ogum é um orixá importantíssimo na África e no Brasil. Ogum é o último imolé.
Os Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda.
Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza.
Em todos os cantos da África negra Ogum é conhecido, pois soube conquistar cada espaço daquele continente com a sua bravura. Matou muita gente, mas matou a fome de muita gente, por isso antes de ser temido Ogum é amado.

Características dos filhos de Ogum

Fisicamente, os filhos de Ogum são magros, mas com músculos e formas bem definidas. Compartilham com Exu o gosto pelas festas e conversas que não acabam e gostam de brigas. Se não fizerem a sua própria briga, compram a dos seus camaradas.
Sexualmente os filhos de Ogum são muito potentes; trocam constantemente de parceiros, pois possuem dificuldade de se fixar a uma pessoa ou lugar.
São do tipo que dispensa um confortável colchão de molas para dormir no chão; gostam de pisar a terra com os pés descalços. São pessoas batalhadoras, que não medem esforços para atingir os seus objetivos, são pessoas que mesmo contrariando a lógica lutam insistentemente e vencem.
Não se prendem à riqueza, ganham hoje, gastam amanhã. Gostam mesmo é do poder, gostam de comandar, são líderes natos. Essa necessidade de estar sempre à frente pode torná-los pessoas egoístas e desagradáveis, mas nem sempre.
Geralmente, os filhos de Ogum são pessoas alegres, que falam e riem alto para que todos se divirtam com suas histórias e que adoram compartilhar a sua felicidade.

Qualidades de Ogum no Candomblé:

Ògún Meje – ou Mejeje, aquele que toma conta das sete entradas da cidade de Irê, ligado a Exú, o guardião das casas de Ketu.
Ògún Je Ajá ou Ogúnjá como ficou conhecido – Um de seus nomes em razão de sua preferência em receber cães (só na África) como oferenda, tem ligação com Oxaguiã e Ìyemonjá .
Ògún Àmènè ou Ominí – tem ligação com Oxun, ligado aos Ijexás, sua conta é verde clara.
Ògún Lebede (Alagbede) – É o Ògún dos ferreiros, o ferramenteiro, da ancestralidade, tem ligação com Yemanjá.
Ògún Akoró – É o Ogun que usa o mariwò como coroa, sua roupa é o mariwò, toma conta da casa de Oxalá, muito ligado a Oxóssi e não come mel.
Ògún Oniré – É o título de Ògún filho de Oniré, quando passou a reinar em Ire, o Senhor de Irê.
Ogun Wàrí: é o dono dos metais dourados, ligado a Oxun, por isso o mais requintado dentre todos os Oguns.
Há vários nomes de Ògún fazendo alusão a cidades onde houve o seu culto, como Ògún Ondo da cidade de Ondo, Ekiti onde também há seu culto, etc. O orixá possui vários nomes na África como no Brasil e com isso ganha as suas particularidades e costumes. Teremos títulos em Damassá, Lonan, Oluponã, Igbô-Igbô, Erotò, etc.
Fonte: Qualidades de Ogun no Candomblé: http://ocandomble.wordpress.com/2008/09/05/qualidades-do-orixa-ogun

Qualidades de Ogum na Umbanda

Ogum Beira-Mar: Trabalha em sintonia com Iemanjá
Ogum Megê: Trabalha na linha das Almas
Ogum de Ronda ou Naruê: Trabalha em sintonia com Exú
Ogum Matinata: Trabalha em sintonia com Oxalá
Ogum Dilei ou Delê: Trabalha em sintonia com Xangô
Ogum Iara: Trabalha em sintonia com Oxum
Ogum Rompe-Mato: Tabalha em sintonia com Oxoce

Lendas de Ogum

Ogum dá ao homem o segredo do ferro.
Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole. Por isso o trabalho exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa. Era necessário plantar uma área maior.
Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área de lavoura. Ossain, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno. Mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. Do mesmo modo que Ossain, todos os outros Orixás tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio. Ogun, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então. Quando todos os outros Orixás tinham fracassado, Ogun pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os Orixás, admirados, perguntaram a Ogun de que material era feito tão resistente facão. Ogun respondeu que era o ferro, um segredo recebido de Orunmilá. Os Orixás invejaram Ogun pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, como à caça e até mesmo à guerra.
Por muito tempo os Orixás importunaram Ogun para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si. Os Orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca do que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente. Ogun aceitou a proposta. Os humanos também vieram a Ogun pedir-lhe o conhecimento do ferro. E Ogun lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram sua ança de ferro. Mas, apesar de Ogun ter aceitado o comendo dos Orixás, antes de mais nada ele era um caçador. Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada. Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os Orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado. Eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado. Ogun se decepcionou com os Orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los. Então Ogun banhou-se, vestiu-se com folhas de dendezeiro desfiadas (mariô), pegou suas armas e partiu. Num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da arvore de Acoco e lá permaneceu. Os humanos que receberam de Ogun o segredo do ferro não o esqueceram. Todo mês de dezembro, celebravam a festa de Uidê Ogun. Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ogun.  Ogun é o senhor do ferro para sempre.  [ Lenda 31 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]
Ogum torna-se o rei de Irê
Quando Odudua reinava em Ifé, mandou seu filho Ogun guerrear e conquistar os reinos vizinhos. Ogun destruiu muitas cidades e trouxe para Ifé muitos escravos e riquezas, aumentando de maneira fabulosa o império de seu pai. Um dia, Ogun lançou-se contra a cidade de Irê, cujo povo o odiava muito. Ogun destruiu tudo, cortou a cabeça do rei de Irê e a colocou num saco para dá-la a seu pai. Alguns conselheiros de Odudua souberam do presente que Ogun trazia para o rei seu pai. Os conselheiros disseram a Odudua que Ogun desejava a morte do próprio pai para usurpar-lhe a coroa. Todos sabem que um rei deve ver a cabeça decaptada de outro rei. Ogun não conhecia esse tabu. Odudua imediatamente enviou uma delegação para encontrar Ogun fora dos portões da cidade. Após muitas explicações, Ogun concordou em entregar a cabeça do rei de Irê aos mensageiros de Odudua. O perigo havia acabado. Ogum fora encontrado antes de chegar ao palácio de seu pai. Como Odudua queria recompensar o seu filho mais querido, presenteou Ogun com o reino de Irê e todos os prisioneiros e riquezas conquistadas naquela guerra.
Assim Ogun tornou-se o Onirê, o rei de Irê. [ Lenda 32 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]
Ogum livra um pobre de seus exploradores
Um pobre homem peregrinava por toda parte, trabalhando ora numa, ora noutra plantação. Mas os donos da terra sempre o despediam e se apoderavam de tudo o que ele construía. Um dia esse homem foi a um babalawo, que o mandou fazer um ebó na mata. Ele juntou o material e foi fazer o despacho, mas acabou fazendo tal barulho que Ogun, o dono da mata, foi ver o que ocorria. O homem, então, deu-se conta da presença de Ogun e caiu a seus pés, implorando seu perdão por invadir a mata. Ofereceu-lhe todas as coisas boas que ali estavam. Ogum aceitou e satisfez-se com o ebó. Depois conversou com o peregrino, que lhe contou por que estava naquele lugar proibido. Falou-lhe de todos os seus infortúnios. Ogun mandou que ele desfiasse folhas de dendezeiro, mariwo, e as colocasse nas portas das casas de seus amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela noite Ogun destruiria a cidade de onde vinha o peregrino. Seria destruído até o chão. E assim se fez.
Ogun destruiu tudo, menos as casas protegidas pelo mariwo. [ Lenda 43 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]
Ogum chama a Morte para ajuda-lo numa aposta com Xangô
Ogun e Xangô nunca se reconciliaram. Vez por outra  digladiavam-se nas mais absurdas querelas. Por pura satisfação do espírito belicoso dos dois. Eram, os dois, magníficos guerreiros. Certa vez Ogun propôs a Xangô uma trégua em suas lutas, pelo menos até que a próxima lua chegasse.
Xangô fez alguns gracejos, Ogun revidou, mas decidiram-se por uma aposta, continuando assim sua disputa permanente. Ogun propôs que ambos fossem a praia e recolhessem o maior número de búzios que conseguissem. Quem juntasse mais, ganharia. e quem perdesse daria ao vencedor o fruto da coleta. Puseram-se de acordo.
Ogun deixou Xangô e seguiu para a casa de Oiá, solicitando-lhe que pedisse a Iku que fosse à praia no horário que tinha combinado com Xangô. Oiá aceitou, mas exigiu uma quantia em ouro como pagamento, que recebeu prontamente. Na manhã seguinte, Ogun e Xangô apresentaram-se na praia e imediatamente o enfrentamento começou. Cada um ia pegando os búzios que achava. Vez por outra se entreolhavam. Xangô cantarolava sotaques jocosos contra Ogun. Ogun, calado, continuava a coleta. O que Xangô não percebeu foi a aproximação de Iku. Ao erguer os olhos, o guerreiro deparou com a morte, que riu de seu espanto. Xangô soltou o saco da coleta, fugindo amedrontado e escondendo-se de Iku.  À noite Ogun procurou Xangô, mostrando seu espólio. Xangô, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta. [ Lenda 44 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]


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Vida após o parto!? Será???

- Você acredita em vida após o parto?

- Claro! Há de haver algo após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.

- Bobagem, não há vida após o nascimento. Afinal como seria essa vida?

- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a nossa boca.

- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Além disso, andar não faz sentido pois o cordão umbilical é muito curto.

- Sinto que há algo mais... Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui...

- Mas você já viu alguém que voltou de lá? Já?. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.

- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.

- Mamãe? Você acredita em mamãe?!  Se ela existe, onde ela está?

- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela não existiríamos.

- Eu não acredito! Nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que ela não existe.

- Bem, mas ás vezes quando estamos em silêncio, posso ouvi-la cantando, ou senti-la afagando nosso mundo. Eu penso que após o parto, a vida real nos espera; e, no momento, estamos nos preparando para ela.

(Autor desconhecido)