segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O PODER DA COMUNICAÇÃO E A COMUNICAÇÃO DO PODER. UM ESTUDO DE CASO: “A VOZ DO BRASIL”.


O questionário foi constituído, na primeira parte, de uma avaliação sócio-econômica, em que perguntou-se sobre sexo, faixa etária, ocupação, renda familiar, quantas pessoas vivem desta renda, residência e escolaridade. Estas perguntas serviram para avaliar qual o perfil dos ouvintes de rádio e do programa “A Voz do Brasil”.
A segunda parte do questionário foi voltada para a introdução do tema deste trabalho (O poder da Comunicação e a Comunicação do Poder. Um Caso: A Voz do Brasil), uma vez que é um programa radiofônico. Nesta parte do questionário, procurou-se descrever e analisar o perfil dos ouvintes, bem como, verificar se as pessoas escutavam rádio, em qual período do dia elas o faziam e qual o tipo de programa os entrevistados revelam preferência.
Por outro lado, procurou-se saber se os entrevistados escutavam o programa em questão, o porquê de escutar ou não “A Voz do Brasil”, o que achavam do programa, o que gostavam ou não, o que precisava melhorar e, para finalizar, investigou-se se os entrevistados gostaram das mudanças implantadas no programa, em primeiro de setembro de 2003.
Ao término da compilação de dados, era necessário que algumas questões fossem solucionadas, como por exemplo: “Qual o perfil do cidadão de Ubá/MG que ouve o programa ‘A Voz do Brasil’?”; “Do que ele mais gosta?”; “O que ele acha que deve mudar?”; “E quanto às pessoas que não ouvem?”; “Porque elas não o fazem?”; “Porque elas não têm motivação para ouvir ‘A Voz do Brasil’?”; “Por fim, quais seriam as modificações necessárias para, além de manter seus ouvintes, o programa “A Voz do Brasil” precisaria para angariar novos adeptos?”. Assim sendo, procurou-se responder a estas perguntas nas próximas seções.
PERFIL DOS OUVINTES
Traçando o perfil dos ouvintes do programa “A Voz do Brasil”, percebeu-se que este universo compreende, 36% de todas as pessoas que responderam ao questionário. Se considerarmos que a média nacional dos ouvintes do programa “A Voz do Brasil” é de em 5%, os ouvintes ubaense estão, relativamente, acima da média.
Vamos, então, traçar um perfil do cidadão ubaense que escuta diariamente o programa radiofônico “A Voz do Brasil”. Do universo de ouvintes, notou-se que 33% dos ouvintes são do sexo feminino, enquanto 67% são do sexo masculino.
As mulheres ouvintes (33%) possuem faixa etária compreendida entre 30 e 50 anos. Deste universo, 50% estão desempregadas e 50% não responderam.
Os ouvintes do sexo feminino, que totalizam 33%, possuem alto índice de escolaridade, ou seja, ou estão cursando o ensino superior ou já o concluíram. Têm o costume de escutar rádio à noite, ou durante todo o dia, mas preferem, essencialmente, programas musicais a programas interativos ou jornalísticos.
Escutam o programa “A Voz do Brasil”, devido à obrigatoriedade da transmissão, ou porque, além de considerar que é um programa fundamental para o brasileiro, procuram se manter informadas.
As mulheres gostam do informativo estatal porque possui notícias dos Três Poderes Constituídos separadas, além da linguagem que é utilizada na realização do mesmo. Elas ainda consideram que as vinhetas precisam ser melhoradas.
Quando indagadas sobre as mudanças implantadas no programa em primeiro de setembro de 2003, elas se dividiram: 50% delas disseram que não perceberam as modificações, e 50%, afirmaram que o programa ficou mais interessante após as modificações.
Já quanto ao perfil dos ouvintes do sexo masculino, 67% do total possuíam idade entre 30 e 50 anos. Deste universo, 75% são autônomos, e apenas 25% trabalham com carteira assinada.
O nível de escolaridade é outro fator difere os homens das mulheres. Apuramos que 75% dos homens que afirmaram ouvir diariamente o programa “A Voz do Brasil” disseram já ter concluído o ensino superior, e apenas 25% completaram somente o ensino fundamental.
Os homens ouvem rádio durante todo o dia, tendo preferência, essencialmente, por programas jornalísticos. Como segunda opção, alguns deles preferem o programa musical ao programa interativo.
As pessoas do sexo masculino afirmaram que escutam o programa para se manterem informados, e consideram “A Voz do Brasil” um programa fundamental para o brasileiro. Mas há quem tenha dito, também, que escuta  programa porque o rádio está ligado.
Os homens gostam do fato de haver notícias dos Três Poderes no informativo estatal, além de apreciarem a linguagem utilizada. Entretanto, como as mulheres, consideram que as vinhetas utilizadas são pouco atrativas. Eles também não gostam da nova roupagem dada à música de abertura (Ópera “O Guarani”), e há quem não tenha aprovado a introdução de uma voz feminina no programa.
Eles consideram que, apesar de já terem sido feitas modificações em primeiro de setembro de 2003, várias melhorias precisam ser implementadas no informativo, como os moles utilizados, as vinhetas, a música de abertura, os locutores e as informações transmitidas.
Quando questionados sobre as mudanças, apenas 25% dos ouvintes diários do sexo masculino, disseram que as mudanças não eram necessárias. No entanto, 50% dos que responderam que escutam o programa diariamente disseram que o programa ficou mais interessante com as modificações.
Após a compilação de dados, verificamos que tanto os homens quanto as mulheres que escutam diariamente o programa “A Voz do Brasil” foram unânimes em dizer que as vinhetas são pouco atrativas. Entretanto consideram o programa fundamental para o povo brasileiro.
PERFIL DE NÃO OUVINTES
Embora possamos considerar que os índices de audiência do programa “A Voz do Brasil” em Ubá/MG sejam satisfatórios (36%), existe uma gama de pessoas que não escutam o informativo eletrônico estatal.
Como 64% dos entrevistados não escutam o programa em Ubá/MG, precisávamos apurar o motivo deste fato acontecer. Conheçamos, então, o perfil dos cidadãos ubaenses que não escutam o programa.
A faixa etária das pessoas que não escutam o informativo radiofônico, segundo compilação de dados, é relativamente baixa. Tanto entre os homens, quanto entre as mulheres os percentuais são os mesmos. No total, a maioria das pessoas que possuem a faixa etária compreendida entre 20 e 30 anos não escutam “A Voz do Brasil”.
Mesmo com a faixa etária relativamente baixa, se compararmos com o mesmo tópico da pesquisa realizada com os ouvintes assíduos do informativo radiofônico, o nível de escolaridade de ambos os sexos, pode ser considerado relativamente alto.
Chegou-se a essa conclusão, devido ao fato de 50% dos homens que não escutam o programa “A Voz do Brasil”, possuírem o ensino superior incompleto e 15% terem concluído o ensino superior. Cinco por cento não terminaram o ensino médio, enquanto 15% concluíram o antigo segundo grau. Deste universo, apenas 15% concluíram só o ensino fundamental.
Quanto as mulheres, também encontrou-se um maior número relativo ao ensino superior incompleto, totalizando 39%. Enquanto 15% das mulheres concluíram o ensino superior, apenas 8% terminaram o ensino fundamental. Com relação ao ensino médio, 19% concluíram o antigo segundo grau, enquanto os outros 19% ainda não terminaram.
Ao considerarmos os dados da questão na qual indagamos às pessoas os motivos pelos quais elas não ouvem o informativo eletrônico estatal , apuramos que 56% das mulheres disseram que não gostam do programa. 20% disseram que não ouvem porque não gostam, e 20% disseram preferir outra distração. Apenas 4% disseram não escutar rádio.
Já 41% dos homens entrevistados disseram não gostar do programa, enquanto 36% afirmaram preferir outra distração. Apenas 5% afirmaram não ouvir rádio e 18% disseram não ouvir rádio porque estão trabalhando na hora de exibição do programa.
Perguntou-se, também, às pessoas que não escutam o programa “A Voz do Brasil” o que, em sua opinião, precisa passar por modificações.
Para 74% dos homens que não escutam o informativo eletrônico estatal, o que mais precisa de melhorias são os locutores. Para 13%, os moldes utilizados deveriam passar por modificações, e 9% acham que são necessárias mudanças na música de abertura. Apenas 4% consideram que as vinhetas precisam de reformulações. A opção “informação dos Três Poderes”, que seriam notícias dos três Poderes Constituídos, não foi citada.
Já 48% das mulheres que não ouvem o programa consideram que os moldes do programa precisam sofrer modificações, enquanto 19% consideram que os locutores precisam de melhorias. Cinco por cento acreditam que as reformulações devem ser feitas no fato de ter notícias dos Três Poderes e 14% consideram que a música de abertura necessite de reformulações. 14% destas mulheres acham que as vinhetas precisam de modificações.
CONCLUSÃO
O rádio é um veículo que tem grande acessibilidade às pessoas. Nenhum outro motivo justificaria a manutenção de um programa como “A Voz do Brasil” por mais de 40 anos.
Neste trabalho, avaliou-se que, ao longo da história, a comunicação, em si, sempre foi muito importante. Desde os primórdios, a comunicação é utilizada de várias formas e diversas finalidades. Desde Platão e Aristóteles, chegando aos tempos de hoje, constatamos que nada seria possível se não fossemos capazes de nos comunicar. Tudo isto é devido ao Poder da Comunicação.
Neste sentido, governantes como Hitler e Vargas, perceberam o grande valor dos meios de comunicação de massa. Adotaram políticas que podemos chamar de “marketeiras”, uma vez que utilizaram o rádio (meio de comunicação da época com o maior alcance) para divulgar suas ações e pensamentos, demonstrando toda a força da Comunicação do Poder.
Assim, entrelaçamos estas duas forças, acima citadas, e as escolhemos para projeto de estudo mais aprofundado, ou seja, estabelecer uma relação entre O Poder da Comunicação e a Comunicação do Poder.
Os ouvintes do programa radiofônico “A Voz do Brasil” são o que podemos chamar “fiéis”. Todos os dias, a partir das 19hs, uma média de 34% dos ubaenses sintonizam as ondas de um programa criado em 1935.
A única razão deste fato acontecer é devido à importância, segundo eles, das notícias repassadas pelos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, pois, ainda segundo a pesquisa realizada, os ouvintes consideram estas informações fundamentais para todo brasileiro que quer se manter informado.
Apesar destas considerações, eles acreditam, ainda, que modificações podem melhorar o programa. As vinhetas, bem como a nova roupagem da ópera “O Guarani” (música de abertura) e a introdução de uma voz feminina, são considerados, pelos ouvintes assíduos de “A Voz do Brasil”, pontos que precisam ser revistos.
Mesmo com os ouvintes pedindo as mudanças citadas, uma boa parcela destes ouvintes consideram que as melhorias implantadas em primeiro de setembro de 2003 deixaram o programa um pouco mais interessante. Em contrapartida, existem aqueles que não perceberam a mudança.
Apuramos, ainda, que 64% dos entrevistados não ouvem o programa. Deste total, 56% das mulheres e 41% dos homens disseram não gostar do programa “A Voz do Brasil”.
Todos as pessoas foram unânimes em dizer que o informativo eletrônico estatal precisa de reformulações. Para as mulheres que afirmaram não ouvir “A Voz do Brasil”, os moldes utilizados no programa precisam ser modificados. Já os homens pensam que os locutores precisam mudar. A preferência por programas musicais é um fator comum entre homens e mulheres que não escutam o programa.
As vinhetas foram o principal alvo de críticas do público. Locutores, mesmo com a introdução de uma voz feminina, e os moldes, mesmo sendo considerados modelos, também foram lembrados. Nem mesmo a ópera “O Guarani”, tema de abertura do noticiário eletrônico, deixou de ser criticada.
As músicas de abertura de todo noticiário devem ser marcantes. A ópera “O Guarani” caiu no “desgosto” popular, mesmo com as reformulações pelas quais passou. O tema de abertura do programa “A Voz do Brasil” ganhou cara nova após ser gravada em vários ritmos, como samba, pop rock, entre outros gêneros musicais.
Estas modificações não foram necessárias para conseguir maiores índices de audiência. Devemos nos ater ao fato de que existem pessoas que sequer perceberam as mudanças, mesmo um ano depois de sua implementação.
Algumas medidas deveriam ser tomadas em relação ao programa. As modificações são essenciais para que o programa consiga um maior índice de audiência.
Retornemos, então, a um passado recente. Quando o Governo Vargas instituiu o programa “A Hora do Brasil”, segundo relatos de pessoas que vivenciaram a época, durante a exibição do mesmo, havia divulgação da Música Popular Brasileira (MPB).
Esse fato fazia com que as pessoas ficassem ligadas no programa, que, desta forma, detinha altos índices de audiência, ou seja, as pessoas, além de terem acesso às informações que eram repassadas pelo governo, ouviam “boa música”, expandindo, assim, a cultura popular.
Na década de 1970, com a criação do Projeto Minerva, mais uma vez, altos índices de audiências foram alcançados. O que atualmente é denominado EAD (Ensino à Distância), já era praticado naquela época, com a pretensão de expandir a educação através do rádio, fato consumado através deste projeto.
Os números divulgados no site da Universidade Federal de Santa Catarina (21), mostram que o projeto aumenta índices de audiência. De outubro de 1970 a outubro de 1971 participaram do Projeto um total de 174.246 alunos; desses, 61.866 concluíram os cursos.
A idéia, a princípio, não é reformular de uma só vez o programa, mas questionar a população, através de pesquisa popular, a ser realizada em todo o território nacional, para que sugiram as modificações necessárias para que os ouvintes assíduos de “A Voz do Brasil” continuem e, não de outra maneira, que as pessoas que não escutam, passem a fazê-lo.
Acreditamos que o objetivo do programa “A Voz do Brasil” é fazer a “ponte” entre o governo e os cidadãos. Uma vez que a parcela de ouvintes, independente da média nacional, ou da média apurada neste estudo, pode ser considerada baixa.
Como a transmissão do programa é obrigatória, e muitas emissoras estão entrando na justiça para ter direito a não executar a retransmissão, concluímos também a partir dos dados colhidos, que a reformulação é inevitável.
O rádio traz características de jornalismo e entretenimento. Por que, então, não aproveitá-las? Unindo estas possibilidades, à medida em que conseguirmos passar para a população que o programa “A Voz do Brasil” não é somente informação dos Três Poderes, mas sim uma ferramenta que os políticos possuem para expandir cultura e educação, através do rádio, único meio de comunicação a chegar aos mais longínquos pontos deste país “continental” chamado Brasil.
Concluindo, somente desta forma, acreditamos que O poder da Comunicação em detrimento da Comunicação do poder faria com que bons índices de audiência e o real objetivo do programa radiofônico “A Voz do Brasil” fossem plenamente alcançados.



REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

1)    BERLO, David K. O processo da Comunicação - Introdução à teoria e à prática. São Paulo: 8 ed. 1997.
2)    CARNEIRO, Raul. Guia onde encontrar? Ubá: 1ª ed. 2004, P. 25
3)    GOMES, Karla. Populismo no rádio Brasileiro durante o estado novo. Barbacena: UNIPAC, 08/2001 (Monografia)
4)    LARA, Maurício. As sete portas da comunicação pública – Como enfrentar os desafios de uma assessoria. Gutenberg/Autêntica Editoras. Belo Horizonte/MG, 2003.
5)    Lei de Imprensa e profissão de jornalista. Lei n° 5250 de 09/02/1967. ISBN-85-7238-067-7 , Edipro. 3ª edição 1999. 1ª reimpressão 1999.
6)    MOREIRA, Sônia Virgínia. Rádio Palanque – Fazendo política no ar. Rio de Janeiro: RJ,1998.
7)    MOREIRA, Sônia Virgínia. O Rádio no Brasil. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1991.
8)    NOBRE, Daniel Praciano. A Influência do populismo no rádio brasileiro durante o estado novo. Ceará: UFC; 10/1998. (Monografia)
9)    OLIVEIRA, Mário Márcio Simões de. CT n°61/Gabinete Radiobrás. Brasília/DF. Dezembro de 2003
10) ORTRIWANO, Gisela Swetlano. “A Informação no rádio”. Summus Editorial. São Paulo, 1985, p. 15
11) RUBIM, Antônio Albino Canelas. Comunicação e Política Série Comunicação. São Paulo: São Paulo, 2000.
12) TOMEI, Fernando Pelegrini. Rádio: História e Atualidades. Blumenau: URB, 1998 (Monografia)
13) RIBEIRO, Júlio; ALDRIGHI, Vera; IMOBERDORF, Magy.  Tudo o que você queria saber sobre propaganda e ninguém teve paciência para explicar.   3ª ed. São Paulo: Atlas, 1991.
14)  www.ibge.com.br  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
15)  www.ibope.com.br IBOPE
17) www.radios.com.br   Site sobre rádios e afins.
18) www.clipinfo.com.br   Site sobre meios de comunicação.
19) www.aesp.com.br   Associação de Emissoras de Rádio e TV do Estado de São Paulo.
20) www.folhaonline.com.br Site do jornal Folha de São Paulo 02/03/04. “Emissoras estão unidas contra a voz do Brasil”.
21) www.eps.ufsc.br Universidade Federal de Santa Catarina
22) www.marplan.com.br MARPLAN


Por: Martim A. C. Barbosa
Técnico em Serviços Públicos – IFET Juiz de Fora
Bacharel em Comunicação Social – Jornalista – FAGOC
Pós Graduado em Gestão da Comunicação Empresarial - FIJ
Aluno do curso de Pós Graduação em Gestão Pública – UFJF

*Artigo publicado na revista científica da Fagoc (2005)

A importância da ética e sua aplicabilidade no mercado de trabalho


Em primeiro lugar, é preciso definir o que seja Ética. Pesquisadores do porte de Chaïm Perelman, da Universidade de Bruxelas, Norberto Bobbio, da Universidade de Milão, e Carlos Alberto di Franco, da Universidade de Navarra, costumam considerar ética o conjunto das atividades que refletem valores da sociedade que sejam universais (que se aplicam a todo o mundo) e atemporais (que se aplicam em qualquer tempo).
No entanto, a atitude considerada ética às vezes admite variações de enfoque em razão da cultura em que está inserida. Muitas coisas, apesar de não serem consideradas éticas, continuam a ser feitas e são até toleráveis num grupo social. Alguns comportamentos inicialmente considerados pouco éticos acabam se tornando tão corriqueiros que a lei os transforma em procedimentos corretos – é o que se chama de Direito Consuetudinário.
É a diferença entre o que é moral e o que é aceitável. Muitas atitudes, apesar de imorais, acabam sendo toleradas e passam, ao longo do tempo, a serem consideradas aceitáveis.

As ofertas de empregos, as formas de trabalho e o perfil do profissional estão, no momento, redefinidos em escala mundial pela modernização tecnológica e gerencial e pelo ordenamento econômico. São exigências e transformações impostas no mundo do trabalho e na educação que prevê a articulação da identidade consolidada na formação do sujeito à identidade solicitada nas relações de trabalho, como desafio humano de empregabilidade. O sujeito constituído na relação social marcada, até então pela estabilidade e dependência, sofre uma desestruturação brutal com o estável, que se tornou ameaçante e ainda com o instável, que se tornou valorizante.

Neste sentido, Foucault e Heller denunciam que um saber econômico se acumulou desde o fim da Idade Média, difundindo-se igualmente pelos domínios de exercício de poder referente ao saber e ao conhecimento. É preciso que a subjetividade seja fortalecida no mundo do trabalho, minimizando formas de dominação e desigualdade de oportunidades, para se conceber como produtor da vida organizacional e de suas mudanças.
Conceitos como auto-organização, descentralização, liderança, autonomia, participação, cooperação, moral e outros princípios democráticos, ilustram os discursos, sejam estes educacionais, gerenciais ou políticos. Contudo, estes conceitos oportunizam entender a extraordinária complexidade das organizações modernas, do comportamento humano e das práticas gerenciais.
Porém, estas instituições se manifestaram inviáveis do ponto de vista capitalista e governamental. Com carga econômica pesada e estrutura rígida, têm a tendência de desaparecerem ou sobreviverem precariamente, apesar de sua finalidade ser a não exclusão, mas a integração do indivíduo à estrutura institucional.
No setor industrial, ele se encontra ligado a um aparelho de produção. Na escola, a um de transmissão e produção de conhecimento. Em casas de tratamento, a um de normalização, de correção ou de internamento – prisão. Enfim, “trata-se de garantir a produção ou os produtores em função de uma determinada norma”.(Foucault, 1973, p. 92). Nesta concepção, o poder pode ser necessário para dar sustentação à autoridade, que diz respeito a uma ordem normativa que regula o comportamento social por aceitação dos que se submetem ao sistema dela.
Proclama-se o sujeito autônomo para agilizar o processo social inovador. A dimensão ética educativa enaltecida pelos programas organizacionais e educacionais é ainda carente de princípios subjetivos, mais identificada com aspectos objetivos, ou seja, com produtividade e qualidade. Pode-se afirmar que, a subjetividade ainda se encontra empobrecida na sua existência como “ser” e valorizada como “dever ser”; é preciso que a formação pessoal seja contemplada na profissional, numa integração do ser-fazer-conhecer-conviver.
O incentivo à capacidade criativa e crítica é uma tentativa de qualificar o indivíduo nas relações de trabalho. Prega-se a cooperação, embora ainda não efetivada no enfrentamento com as limitações individuais e institucionais para implantá-la.
Aprender a lidar com as normas é um trabalho educacional que exige dedicação, compromisso, responsabilidade, pois cada pessoa tem que aprender a optar, decidir, discernindo atitudes e exercendo o princípio da liberdade, o próprio eu, rachando as forças alienantes do poder.
Finalmente, pode-se concordar com Foucault e Heller, em que a construção do eu supõe a escolha de princípios e valores, no enfrentamento contínuo com regras funcionalistas, efetivando a escolha existencial, que é sempre relativamente autônoma, pois guiada por uma matriz social, seja repressiva ou dialógica.
O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de água da chuva, o auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade no local destinado para colocar caixas de alimentos, o médico cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia, a atendente do asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após ir ao banheiro, o contador que  impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de  uma  empresa, o engenheiro que  utiliza  o material mais indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas profissões, ao fazerem o que não é visto, ao fazerem aquilo que, alguém descobrindo, não saberá quem fez, mas que estão preocupados, mais do que com os deveres profissionais, com as pessoas. 
As leis de  cada  profissão são elaboradas com o objetivo de  proteger os profissionais, a categoria como um todo e as pessoas que dependem daquele profissional,  mas há  muitos aspectos não previstos especificamente e  que fazem parte  do comprometimento do profissional em ser eticamente  correto, aquele que, independente de receber elogios, faz a coisa certa.

Referências
Foucault, M. (1995). Sobre a genealogia da ética: uma revisão do trabalho. Em Rabinow, Paul; Dreyfus, Hubert, Michel Foucault. Uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Jornal Carreira & Sucesso - 25ª Edição http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=510 acesso em 11 de janeiro de 2011
Heller, A. (1998). Além da justiça. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Glock, RS, Goldim JR. Ética profissional é compromisso social. Mundo Jovem (PUCRS, Porto Alegre) 2003;XLI(335):2­3 
Masi, Domenico de. O Futuro  do Trabalho  ­ Fadiga  e Ócio na Sociedade Pós Industrial. Editora UNB e José Olympio. 2000. Rio de Janeiro. 
RIOS, T. A. Ética e competência. São Paulo: Cortez Editora, 1993. p. 86. 

Por: Martim A. C. Barbosa
Técnico em Serviços Públicos – IFET Juiz de Fora
Bacharel em Comunicação Social – Jornalista – FAGOC
Pós Graduado em Gestão da Comunicação Empresarial - FIJ
Aluno do curso de Pós Graduação em Gestão Pública – UFJF

A importância da Gestão de Pessoa e do Conhecimento e sua aplicabilidade


A área de Recursos Humanos está associada à área que administra a força de trabalho. Mas ela vai muito alem disso. Recursos Humanos de uma empresa tem que ser responsável por toda a infra-estrutura oferecida ao colaborador para que possa desempenhar bem a sua função. Desde a sua contratação, treinamento e monitoramento.
O principal ativo de uma empresa sem duvidas é a sua força de trabalho. É necessária uma boa Gestão de Pessoas para que os colaboradores se disponham a trabalhar em prol da empresa para alcançar os objetivos por ela estabelecidos. Em contrapartida os colaboradores esperam receber salários justos com sua função e benefícios que o façam realizar cada vez melhor suas tarefas estabelecidas.
De acordo com Universia (2005), as questões sobre gestão de pessoas são extremamente importantes. O fato de toda a organização estar baseada em pessoas mostra o quanto é importante à área de recursos humanos. São as pessoas que definem metas de vendas, planejam e vendem produtos, e a forma de administrar essas pessoas influencia de total maneira no desempenho geral da organização. O grande desafio das empresas de hoje é administrar bem seus recursos humanos, pois são as pessoas que obtém e mantêm vantagens competitivas, é preciso saber como selecionar e desenvolver líderes, como atender melhor os clientes, como recompensar o bom desempenho, como controlar os custos de mão de obra e ao mesmo tempo manter um tratamento justo aos empregados.
Universia (2005), ainda destaca que deve ser feito um bom diagnóstico sobre gestão de pessoas na organização. Um levantamento das condições organizacionais que são enfrentadas; planejar os objetivos na área de gestão de pessoas juntamente com os objetivos da organização; avaliar os resultados constantemente. O processo de gestão de pessoas envolve: Processo de Provisão, Processo de Aplicação, Processo de Manutenção, Processo de Desenvolvimento e Processo de Monitoração.
De acordo com Tegon (2007), cargo é à base da aplicação das pessoas dentro das tarefas da organização. O cargo é composto de todas as atividades desempenhadas por uma pessoa, e para desempenhar suas funções ela deve ter uma posição definida dentro do desenho da organização. Para desenhar quatro condições são fundamentais. Conteúdo do Cargo: tarefas e atribuições a desempenhar; Métodos e processo de trabalho: como serão realizadas as tarefas; Subordinação: a quem se reporta; Autoridade: quem irá supervisionar ou dirigir.
Para Internativa, as organizações do século 21 se distinguirão pelos recursos humanos. As pessoas deverão estar preparadas e treinadas para as freqüentes mudanças que acontecem. Podemos definir que treinamento é o preparo da pessoa para o cargo que irá exercer na organização e é imediato, já o desenvolvimento prepara o colaborador para a sua vida e para o futuro.
O conhecimento é hoje uma ferramenta estratégica para a manutenção da competitividade das empresas e por este motivo, ele precisa ser retido e codificado, de forma que as perdas eventuais causadas pela saída de um colaborador possam ser minimizadas.
Neste ponto, pudemos constatar que a maioria das organizações está adotando uma postura míope em relação ao desenvolvimento das competências das pessoas que compõem seus quadros, visto que procuram no mercado um profissional que poderiam estar desenvolvendo internamente, valorizando o que vem de fora e desprezando as potencialidades internas. 
A gestão por competências é uma nova tendência da gestão de pessoas. Esta “nova” forma de gestão, na prática, desenvolve as seguintes atividades, como foi observado por Fischer (1998) apud Fleury e Fleury (2001): captação de pessoas, visando adequar as competências necessárias às estratégias de negócio formuladas, as empresas buscam por pessoas que tenham um nível educacional elevado e, para tal, se valem de programas de  trainees, por exemplo, considerados fundamentais para atrair novos talentos;  desenvolvimento de competências, visto que as empresas contam ainda com a possibilidade de desenvolver as competências essenciais dos indivíduos, através das mais diversas práticas, visando adequá-las às necessidades organizacionais; e remuneração por competência, que é uma prática utilizada por empresas preocupadas em resguardar parte do conhecimento tácito de seus colaboradores e mantê-los nas organizações, e vem servindo para que empresas implantem novas formas de remuneração de seus empregados, dentre elas: participação nos resultados, remuneração variável e remuneração baseada nas competências desenvolvidas.
Referências
CALIPER. Como motivar Gregos e Troianos?. Disponível em:  http://www.caliper.com.br/newsletter/melhores_abr.htm Acesso em: 10 de janeiro de 2011.
FAE. Gestão de Pessoas. Disponível em: < http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/cap_humano/2.pdf> Acesso em: 09 de janeiro de 2011.
GESTAOERH. Um lugar certo para a pessoa incerta. Disponível em: < http://www.gestaoerh.com.br/site/visitante/site.htm> Acesso em: 10 de janeiro de 2011.
INTERNATIVA. Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas. Disponível em: < http://internativa.com.br/artigo_rh_03.html> Acesso em: 08 de janeiro de 2011.
RITS. Dicas Práticas. Um roteiro para elaborar Política de Recursos Humanos Disponível em: http://www.rits.org.br/gestao_teste/ge_testes/ge_mat01_dicas06.cfm Acesso em: 09 de janeiro de 2011.
TEGON. Desenho de Cargos. Disponível em: http://www.tegon.com.br/smp_tbook_res.asp?info=6 Acesso em: 08 de janeiro de 2011.
UNIVERSIA. Profissionalização e Gestão de Pessoas. Disponível em: Acesso em: 11 de janeiro de 2011.

Por: Martim A. C. Barbosa
Técnico em Serviços Públicos – IFET Juiz de Fora
Bacharel em Comunicação Social – Jornalista – FAGOC
Pós Graduado em Gestão da Comunicação Empresarial - FIJ
Aluno do curso de Pós Graduação em Gestão Pública – UFJF

O papel da educação a distância na Gestão da Comunicação


A Educação à Distância (EAD) é uma alternativa promissora para o Brasil que, com condição peculiar, vem ganhando espaço e dando oportunidade às pessoas que não tem possibilidade de freqüentar uma sala de estudo presencial.
É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.
As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na educação a distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos nesse processo.
Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual (que conectam pessoas que estão distantes fisicamente como a Internet, telecomunicações, videoconferência, redes de alta velocidade) o conceito de presencialidade também se altera.
Comunicação, tecnologias e educação compõem um tripé fundamental para a formação do homem do século XXI. A tecnologia cria as condições para que a Comunicação Social se insira cada vez mais nos espaços de aprendizagem, pois favorece a socialização do saber, através de suas dinâmicas de distribuição de informações.
No cenário atual, Educação e Comunicação, são áreas de conhecimento independentes que se complementam a medida que participam simultaneamente dos processos de socialização e formação dos indivíduos.
Hoje, os indivíduos necessitam de várias alfabetizações, já que a formação educacional não se limita ao domínio da leitura e da escrita, abrangendo uma diversidade de códigos da cultura, da sociedade, das relações econômicas e produtivas, o que inclui a alfabetização pelas antigas e novas tecnologias e a capacitação para lidar com elas em diferentes situações do dia-a-dia.
Passamos por diversas mutações pedagógicas e, hoje, o modelo educativo adotado destaca a relação entre ciências e tecnologias e procura por fim na dicotomia entre a formação escolar e a vida ativa, dando destaque para a formação polivalente dos indivíduos, devido à porosidade das ocupações.
A relevância do assunto se dá devido à importância da EAD na contemporaneidade onde as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), já fazem parte, através de seu uso, em todos os segmentos sociais, econômicos e principalmente na educação.
Hoje, no mundo globalizado, a comunicação se dá de maneira instantânea, ficamos sabendo de quase tudo que acontece no mundo através da mídia, veiculados por computadores, TV a cabo, digitais, satélites entre outros.
O papel do professor mediante as novas tecnologias é repensado, pois hoje mesmo na educação presencial o uso das novas tecnologias vem se ampliando com o intuito de deixar um ensino mais atraente e em que o aluno interage de maneira satisfatória, pois o contato de muitos alunos com computadores, vídeo games e outros se fazem fora da escola. Normalmente a dificuldade em lidar com essas novas tecnologias é por parte do professor e não do aluno.
Sabe-se que a introdução do computador na educação tem auxiliado no processo de ensino e de aprendizado, mas o resultado tem sido pouco observável na prática e a educação formal continua essencialmente inalterada. No caso da EAD, lidar com essas ferramentas faz parte do perfil do professor, entre tantas outras.
A seleção, organização e transmissão do conhecimento nas aulas do ensino presencial irão corresponder, em EAD, à preparação e autoria de cursos e textos que constituirão a base dos materiais didáticos midiatizados em diferentes suportes (módulos impressos, programas em áudio, vídeo, web, entre outros). A orientação do processo de aprendizagem se exercerá não mais em contatos pessoais e coletivos em sala se aula ou atendimento individual, mas em atividades através de diversos meios, como o telefone, o fax, o e-mail, as Plataformas Virtuais de Ensino e Aprendizagem, entre outras.
A qualidade em educação a distância depende, entre outros fatores, da continuidade dos fluxos comunicativos para garantir a permanente interação entre docentes e discentes, sejam professores, elaboradores de material, tutores ou coordenadores administrativo-pedagógicos. A comunicação é um elemento fundamental na prática educativa a distância, colocando em pauta qual o modelo teórico de comunicação que suporta o modelo educacional adotado em um determinado projeto. Neste sentido, faz-se necessária a identificação mais acurada da relação entre a Comunicação e a Educação nas práticas educativas na modalidade à distância para ser objeto de reflexão, de análise e de proposições.
Referências
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CÉBRIAN, Juan L. 1999, A rede: como nossas vidas serão transformadas pelos novos meios de comunicação. São Paulo: Summus.
CORTELAZZO, Iolanda B.C. Acesso em: 10 set. 2003, Tecnologia, Comunicação e Educação: a tríade do século XXI. S & TM Revista de Ciência e Tecnologia. Anais do I Congresso Internacional sobre Comunicação e Educação. Cptec do Centro Universitário Salesiano, Campinas, Ano I – N.2, mai/ago1998. Disponível em:  www.eca.usp.br/nucleos/mcl/pdf/congress_textos.html .
COSTA, Maria C. C. 2003, Educomunicador é preciso. In: SOARES, Ismar de O. Caminhos da educomunicação. São Paulo: Ed. Salesiana, pp. 47-51.
FUGOMOTO, Sonia Maria Andreto; ALTOÉ, Anair. A resistência das professoras da educação básica em relação ao uso do computador em sala de aula. Seminário de Pesquisa. Universidade Estadual de Maringá. 24 a 26 de setembro de 2008. Disponível em http://www.ppe.uem.br/publicacoes/seminario_ppe_2008/pdf/c020.pdf. Acesso em 09 jan. 2010.
HACK, Josias Ricardo. Gestão da Educação a Distância. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2009.
LANDIM, Claudia Maria Ferreira. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro, s/n, 1997.
LUCENA, Marisa. Um modelo de escola aberta na Internet: kidlink no Brasil. Rio de Janeiro: Brasport, 1997.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Disponível em: [http://www.mec.gov.br/sesu/ftp/EAD.pdf]. Acesso em: Acesso em 09 jan. 2010.
NISKIER, Arnaldo. Educação a distância: a tecnologia da esperança; políticas e estratégias a implantação de um sistema nacional de educação aberta e a distância. São Paulo: Loyola, 1999.
SODRÉ, Munis. , 2002, Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis, R.J.: Vozes.

Por: Martim A. C. Barbosa
Técnico em Serviços Públicos – IFET Juiz de Fora
Bacharel em Comunicação Social – Jornalista – FAGOC
Pós Graduado em Gestão da Comunicação Empresarial - FIJ
Aluno do curso de Pós Graduação em Gestão Pública – UFJF

A importância da Gestão Estratégica e da Qualidade


Qualidade é uma palavra muito utilizada ultimamente. Dizem que tal produto é de qualidade, aquele serviço não é de qualidade. Neste sentido estaria se dizendo que qualidade tem dois parâmetros: boa ou má. Assim sendo, poderia dizer que qualidade é uma coisa subjetiva: significa diferentes coisas, para diferentes pessoas, em diferentes situações.
Sendo assim, como seria possível avaliar a qualidade de um produto ou serviço? Nesse caso é necessário ter critérios, padrões e princípios de avaliação. Mas afinal, será que sabe-se mesmo o que é qualidade?
Algumas definições mais comuns de qualidade são aquilo que é feito de maneira impecável; aquilo que é funcional e de fácil utilização; uma resposta rápida e objetiva; um produto seguro, durável, econômico, resistente e de fácil manutenção; o que é único, excelente, bonito, perfeito, genial; o estilo, a aparência, a sofisticação, o alto nível; e o respeito às especificações, ao orçamento e aos prazos de entrega.
Todos os conceitos mais genéricos sobre qualidade têm algum mérito. Nenhum deles, no entanto, é satisfatório quando aplicado a uma ótica do ponto de vista comercial; porque, neste caso, qualidade deve ter uma caracterização objetiva.
Para haver qualidade é necessário que haja princípios e regras a serem seguidos, controle sobre tudo que entra para a produção e seus processos, formas de avaliação e de mensuração de resultados (os produtos).
Em todos os tempos, o homem teve uma preocupação com a qualidade. Na Grécia antiga, nas discussões de Aristóteles, Sócrates e Platão, os estudiosos encontraram referências à qualidade.
Com o desenvolvimento do sistema de produção e consumo de massa (sociedade industrial), a partir dos anos 30, iniciou-se uma grande preocupação com a qualidade, na área comercial. Nessa ocasião milhares de empregados trabalhavam produzindo constantemente e os produtos precisavam passar por um controle de qualidade. Mas foi a partir da década de 50 que a qualidade passou a ser estudada cientificamente.
Atualmente, a qualidade é ingrediente básico para qualquer empresa e/ou profissional que queiram sobreviver e crescer. Numa mesa de negociação, com um cliente, já não se discute qualidade. Discutem-se outras coisas, porém, se não tiver qualidade é provável que nem se chegue a uma mesa de negociação. Mas nem sempre foi assim. Conceitualmente, a qualidade é conhecida há milênios. Em sua forma original, era relativa e voltada para a inspeção, sendo considerada responsabilidade exclusiva dos departamentos de produção e operações.
Hoje, porém, a qualidade engloba funções diversas como projeto, compras, marketing, entre outras, e recebe a atenção da alta direção da empresa. As diferentes abordagens da qualidade foram surgindo gradativamente através de uma evolução regular, não tendo havido inovações marcantes. Tais abordagens são o resultado de descobertas que remontam a mais de 100 anos.
O conceito de qualidade, hoje, pode ser resumido da seguinte forma: Buscar a Qualidade Total da organização, tanto nos produtos como nos serviços. O lema é superar as expectativas e encantar o cliente.
O conceito de qualidade de hoje é nitidamente diferente daquele que foi visualizado pelos seus pioneiros. Nos primórdios da qualidade, época do início da produção de massa (sociedade industrial), o importante era o controle da qualidade dos produtos. Portanto, o foco da qualidade, nessa fase, era o produto.
A Qualidade Total inclui tudo o que uma organização faz para levar os seus clientes a retornarem e a recomendarem a outros. A Qualidade Total incorporou aquilo que, ao longo do tempo, foi sendo observado como importante para a obtenção da qualidade e ainda acrescentou dois quesitos: a necessidade de encantar o cliente e... ”Algo mais”.
A Qualidade Total preocupa-se com a minimização dos custos, a maximização dos recursos da força de trabalho, valorizando a criatividade e a cooperação entre as pessoas, de forma a obter uma organização eficiente, eficaz e imbatível no mercado.
Tudo visando o sucesso. O sucesso poderá ser manifestado pelo aumento do patrimônio financeiro em uma empresa privada, ou do prestígio junto à comunidade, em uma organização governamental.
O conceito de Qualidade Total é complexo e tem muitas facetas. Ele não pode ser alcançado por acaso, deve ser introduzido e conduzido, sistematicamente, em uma organização. É uma missão que requer interesse e empenho do executivo principal, a quem cabe definir os caminhos para atingi-lo. Mas, à medida que é incorporado à Instituição são reduzidos os custos, melhora o profissionalismo, são criadas uma cultura e uma ética completamente novas.
Para a obtenção da Qualidade Total é necessário esforço para a melhoria contínua, pois, para uma organização de Qualidade Total, apenas o melhor é suficientemente bom.
Todos buscam, hoje, a qualidade. Qualidade é algo tão levado a sério que existem organizações, em todo o mundo, que desenvolveram uma abordagem sistemática para a definição de bons produtos e serviços. Essas organizações são autorizadas a emitirem normas e certificados de qualidade aos serviços e produtos que se enquadram dentro dos padrões por elas estabelecidos, às instituições que nelas se inscrevem. Como exemplos dão a BS 750 – no Reino Unido, a EM 2900 - na Comunidade Européia e a ISO - conhecida na maior parte do mundo, incluindo o Brasil.
A busca da qualidade não se aplica somente às organizações comerciais, ela é aplicável a qualquer tipo de organização: entidades privadas, grandes ou pequenas; um Departamento Governamental, uma comunidade, uma família, um indivíduo.
As instituições públicas estão implantando Programas de Qualidade. Elas têm consciência que o seu cliente, o cidadão, paga a conta por meio dos seus impostos e exige ser bem atendido e bem tratado.
A opinião do cidadão, hoje, tem força para mudar muitas coisas. Muitos deles acreditam, até, que os serviços públicos deveriam ser entregues à iniciativa privada. Isso significa despedir pessoal. Também significa que, no futuro, não seria mais possível atender a novas solicitações de serviços. Nesse contexto, o Poder Executivo está, desde 1995, implantando o Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública. O Poder Judiciário já trabalha com Programa de Qualidade desde 1977. O Poder Legislativo está, efetivamente, movimentando forças para isso.
Aqueles que sentem as mudanças percebem a importância da qualidade inclusive em nível pessoal. No que concerne ao trabalho ou ao ambiente social, ninguém mais quer empregar ou conviver com uma pessoa que não se compromete, que não faz o melhor de si, que só faz o que é da sua obrigação ou o que lhe mandam que não cumpre horário, que não tem espírito de equipe e de colaboração, que só cria problemas, que desperdiça e tantas outras coisas que denotam falta de qualidade pessoal.
A gestão estratégica considera como fundamentais as variáveis técnicas, econômicas, informacionais, sociais, psicológicas e políticas que formam um sistema de caracterização técnica, política e cultural das empresas. Tem também, como seu interesse básico, o impacto estratégico da qualidade nos consumidores e no mercado, com vistas à sobrevivência das empresas, levando-se em consideração a sociedade competitiva atual.
A competitividade e o desempenho das organizações são afetados negativamente em termos de qualidade e produtividade por uma série de motivos. Dentre eles destacam-se: a) deficiências na capacitação dos recursos humanos; b) modelos gerenciais ultrapassados, que não geram motivação; c) tomada de decisões que não são sustentadas adequadamente por fatos e dados; e d) posturas e atitudes que não induzem à melhoria contínua.
O ciclo de implantação de um processo de Gestão Estratégica pela Qualidade Total é lento e gradual, este depende de alguns fatores, que variam de organização para organização, e podem resumidos dependendo do tipo de negócio da organização; do nível de integração da organização; do apoio e do comprometimento de todos na organização, desde o líder até o mais baixo nível hierárquico; da racionalização administrativa e tecnológica encontrada na organização; do tamanho físico/estrutural da organização e do grau de complexidade do fluxo de processo, entre outros.
Qualidade é feita de indivíduos e de posturas administrativas. Então, permitir e exigir melhorias tanto no âmbito profissional quanto ao nível de intelecto, é de fundamental importância para o sucesso de qualquer processo de melhoria contínua da qualidade.
Junta-se a isto, as posturas administrativas que devem ser tomadas pela organização no tocante a incentivar o comprometimento entre indivíduos e processos bem como incentivar a interdependência comportamental entre todos os envolvidos no processo produtivo que, neste caso específico, são fornecedores, empregados de uma forma geral e clientes externos.
Uma forma de encontrar êxito no processo de melhoria contínua da qualidade é incentivar estas posturas administrativas e de melhorias individuais nas áreas da organização e interligá-las sinergeticamente para otimizar os resultados finais do processo.
Conclui-se que a busca pela qualidade passa pela busca da excelência, a inovação constante da tecnologia e que a organização esteja sempre se antecipando a seus concorrentes. E a maneira de alcançar esta diretriz é através de uma consciência global de todos na organização de que qualidade é: postura administrativa; investimento em recursos humanos; busca pela inovação tecnológica; racionalização das técnicas produtivas; seleção adequada de fornecedores de matéria-prima; entre outros.
A Qualidade é uma revolução silenciosa, que veio para ficar!

Referências
BATISTA, F.F. A gestão da qualidade total na escola (GQTE): novas reflexões — Brasília: IPEA, 1994 (RI  IPEA/CPS, n. 32/94)
CAVALCANTES, Geraldo C. Administração e Qualidade. A superação dos desafios. SP: Makron Books, 1997. 
COMITÊ NACIONAL DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE. Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade. Brasília, maio, 1998, 3 p.
DE PAULA, Alexandre T. Avaliação do impacto potencial da versão 2000 das normas ISO 9000 na gestão e certificação da qualidade: o caso das empresas construtoras, Dissertação de mestrado, Escola Politécnica, USP, São Paulo, 2004.
ERNANI, Carlos. Fundamentos da excelência e práticas de gestão. Apostila do Curso de Gestão Institucional da PCRJ. Rio de Janeiro: Comlurb, 2008.
FARIAS FILHO, José Rodrigues . Gestão Estratégica pela Qualidade Total Percebida: do conceito a forma e da forma a prática. Rio de Janeiro, 1996. 380 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio de Janeiro.
FERREIRA, Aurélio B. H. - Novo Dicionário da Língua Brasileira - 2ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p.
FPNQ; Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade, Fundação para o Premio Nacional da Qualidade, 2005.
GARVIN, David A..  Gerenciando a Qualidade: A Visão Estratégica e Competitiva, tradução de João Ferreira Bezerra de Souza, Qualitymark Ed., RJ,
2002.
GARVIN, David A. - Gerenciando a Qualidade: A visão estratégica e competitiva – tradução de: João Ferreira B. de Souza - Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. 357p.
LONGO, R.M.J. A revolução da qualidade total: histórico e modelo gerencial. — Brasília: IPEA, 1994 (RI  IPEA/CPS, n.31/94)



Por: Martim A. C. Barbosa
Técnico em Serviços Públicos – IFET Juiz de Fora
Bacharel em Comunicação Social – Jornalista – FAGOC
Pós Graduado em Gestão da Comunicação Empresarial - FIJ
Aluno do curso de Pós Graduação em Gestão Pública – UFJF