segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A importância da Gestão Estratégica e da Qualidade


Qualidade é uma palavra muito utilizada ultimamente. Dizem que tal produto é de qualidade, aquele serviço não é de qualidade. Neste sentido estaria se dizendo que qualidade tem dois parâmetros: boa ou má. Assim sendo, poderia dizer que qualidade é uma coisa subjetiva: significa diferentes coisas, para diferentes pessoas, em diferentes situações.
Sendo assim, como seria possível avaliar a qualidade de um produto ou serviço? Nesse caso é necessário ter critérios, padrões e princípios de avaliação. Mas afinal, será que sabe-se mesmo o que é qualidade?
Algumas definições mais comuns de qualidade são aquilo que é feito de maneira impecável; aquilo que é funcional e de fácil utilização; uma resposta rápida e objetiva; um produto seguro, durável, econômico, resistente e de fácil manutenção; o que é único, excelente, bonito, perfeito, genial; o estilo, a aparência, a sofisticação, o alto nível; e o respeito às especificações, ao orçamento e aos prazos de entrega.
Todos os conceitos mais genéricos sobre qualidade têm algum mérito. Nenhum deles, no entanto, é satisfatório quando aplicado a uma ótica do ponto de vista comercial; porque, neste caso, qualidade deve ter uma caracterização objetiva.
Para haver qualidade é necessário que haja princípios e regras a serem seguidos, controle sobre tudo que entra para a produção e seus processos, formas de avaliação e de mensuração de resultados (os produtos).
Em todos os tempos, o homem teve uma preocupação com a qualidade. Na Grécia antiga, nas discussões de Aristóteles, Sócrates e Platão, os estudiosos encontraram referências à qualidade.
Com o desenvolvimento do sistema de produção e consumo de massa (sociedade industrial), a partir dos anos 30, iniciou-se uma grande preocupação com a qualidade, na área comercial. Nessa ocasião milhares de empregados trabalhavam produzindo constantemente e os produtos precisavam passar por um controle de qualidade. Mas foi a partir da década de 50 que a qualidade passou a ser estudada cientificamente.
Atualmente, a qualidade é ingrediente básico para qualquer empresa e/ou profissional que queiram sobreviver e crescer. Numa mesa de negociação, com um cliente, já não se discute qualidade. Discutem-se outras coisas, porém, se não tiver qualidade é provável que nem se chegue a uma mesa de negociação. Mas nem sempre foi assim. Conceitualmente, a qualidade é conhecida há milênios. Em sua forma original, era relativa e voltada para a inspeção, sendo considerada responsabilidade exclusiva dos departamentos de produção e operações.
Hoje, porém, a qualidade engloba funções diversas como projeto, compras, marketing, entre outras, e recebe a atenção da alta direção da empresa. As diferentes abordagens da qualidade foram surgindo gradativamente através de uma evolução regular, não tendo havido inovações marcantes. Tais abordagens são o resultado de descobertas que remontam a mais de 100 anos.
O conceito de qualidade, hoje, pode ser resumido da seguinte forma: Buscar a Qualidade Total da organização, tanto nos produtos como nos serviços. O lema é superar as expectativas e encantar o cliente.
O conceito de qualidade de hoje é nitidamente diferente daquele que foi visualizado pelos seus pioneiros. Nos primórdios da qualidade, época do início da produção de massa (sociedade industrial), o importante era o controle da qualidade dos produtos. Portanto, o foco da qualidade, nessa fase, era o produto.
A Qualidade Total inclui tudo o que uma organização faz para levar os seus clientes a retornarem e a recomendarem a outros. A Qualidade Total incorporou aquilo que, ao longo do tempo, foi sendo observado como importante para a obtenção da qualidade e ainda acrescentou dois quesitos: a necessidade de encantar o cliente e... ”Algo mais”.
A Qualidade Total preocupa-se com a minimização dos custos, a maximização dos recursos da força de trabalho, valorizando a criatividade e a cooperação entre as pessoas, de forma a obter uma organização eficiente, eficaz e imbatível no mercado.
Tudo visando o sucesso. O sucesso poderá ser manifestado pelo aumento do patrimônio financeiro em uma empresa privada, ou do prestígio junto à comunidade, em uma organização governamental.
O conceito de Qualidade Total é complexo e tem muitas facetas. Ele não pode ser alcançado por acaso, deve ser introduzido e conduzido, sistematicamente, em uma organização. É uma missão que requer interesse e empenho do executivo principal, a quem cabe definir os caminhos para atingi-lo. Mas, à medida que é incorporado à Instituição são reduzidos os custos, melhora o profissionalismo, são criadas uma cultura e uma ética completamente novas.
Para a obtenção da Qualidade Total é necessário esforço para a melhoria contínua, pois, para uma organização de Qualidade Total, apenas o melhor é suficientemente bom.
Todos buscam, hoje, a qualidade. Qualidade é algo tão levado a sério que existem organizações, em todo o mundo, que desenvolveram uma abordagem sistemática para a definição de bons produtos e serviços. Essas organizações são autorizadas a emitirem normas e certificados de qualidade aos serviços e produtos que se enquadram dentro dos padrões por elas estabelecidos, às instituições que nelas se inscrevem. Como exemplos dão a BS 750 – no Reino Unido, a EM 2900 - na Comunidade Européia e a ISO - conhecida na maior parte do mundo, incluindo o Brasil.
A busca da qualidade não se aplica somente às organizações comerciais, ela é aplicável a qualquer tipo de organização: entidades privadas, grandes ou pequenas; um Departamento Governamental, uma comunidade, uma família, um indivíduo.
As instituições públicas estão implantando Programas de Qualidade. Elas têm consciência que o seu cliente, o cidadão, paga a conta por meio dos seus impostos e exige ser bem atendido e bem tratado.
A opinião do cidadão, hoje, tem força para mudar muitas coisas. Muitos deles acreditam, até, que os serviços públicos deveriam ser entregues à iniciativa privada. Isso significa despedir pessoal. Também significa que, no futuro, não seria mais possível atender a novas solicitações de serviços. Nesse contexto, o Poder Executivo está, desde 1995, implantando o Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública. O Poder Judiciário já trabalha com Programa de Qualidade desde 1977. O Poder Legislativo está, efetivamente, movimentando forças para isso.
Aqueles que sentem as mudanças percebem a importância da qualidade inclusive em nível pessoal. No que concerne ao trabalho ou ao ambiente social, ninguém mais quer empregar ou conviver com uma pessoa que não se compromete, que não faz o melhor de si, que só faz o que é da sua obrigação ou o que lhe mandam que não cumpre horário, que não tem espírito de equipe e de colaboração, que só cria problemas, que desperdiça e tantas outras coisas que denotam falta de qualidade pessoal.
A gestão estratégica considera como fundamentais as variáveis técnicas, econômicas, informacionais, sociais, psicológicas e políticas que formam um sistema de caracterização técnica, política e cultural das empresas. Tem também, como seu interesse básico, o impacto estratégico da qualidade nos consumidores e no mercado, com vistas à sobrevivência das empresas, levando-se em consideração a sociedade competitiva atual.
A competitividade e o desempenho das organizações são afetados negativamente em termos de qualidade e produtividade por uma série de motivos. Dentre eles destacam-se: a) deficiências na capacitação dos recursos humanos; b) modelos gerenciais ultrapassados, que não geram motivação; c) tomada de decisões que não são sustentadas adequadamente por fatos e dados; e d) posturas e atitudes que não induzem à melhoria contínua.
O ciclo de implantação de um processo de Gestão Estratégica pela Qualidade Total é lento e gradual, este depende de alguns fatores, que variam de organização para organização, e podem resumidos dependendo do tipo de negócio da organização; do nível de integração da organização; do apoio e do comprometimento de todos na organização, desde o líder até o mais baixo nível hierárquico; da racionalização administrativa e tecnológica encontrada na organização; do tamanho físico/estrutural da organização e do grau de complexidade do fluxo de processo, entre outros.
Qualidade é feita de indivíduos e de posturas administrativas. Então, permitir e exigir melhorias tanto no âmbito profissional quanto ao nível de intelecto, é de fundamental importância para o sucesso de qualquer processo de melhoria contínua da qualidade.
Junta-se a isto, as posturas administrativas que devem ser tomadas pela organização no tocante a incentivar o comprometimento entre indivíduos e processos bem como incentivar a interdependência comportamental entre todos os envolvidos no processo produtivo que, neste caso específico, são fornecedores, empregados de uma forma geral e clientes externos.
Uma forma de encontrar êxito no processo de melhoria contínua da qualidade é incentivar estas posturas administrativas e de melhorias individuais nas áreas da organização e interligá-las sinergeticamente para otimizar os resultados finais do processo.
Conclui-se que a busca pela qualidade passa pela busca da excelência, a inovação constante da tecnologia e que a organização esteja sempre se antecipando a seus concorrentes. E a maneira de alcançar esta diretriz é através de uma consciência global de todos na organização de que qualidade é: postura administrativa; investimento em recursos humanos; busca pela inovação tecnológica; racionalização das técnicas produtivas; seleção adequada de fornecedores de matéria-prima; entre outros.
A Qualidade é uma revolução silenciosa, que veio para ficar!

Referências
BATISTA, F.F. A gestão da qualidade total na escola (GQTE): novas reflexões — Brasília: IPEA, 1994 (RI  IPEA/CPS, n. 32/94)
CAVALCANTES, Geraldo C. Administração e Qualidade. A superação dos desafios. SP: Makron Books, 1997. 
COMITÊ NACIONAL DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE. Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade. Brasília, maio, 1998, 3 p.
DE PAULA, Alexandre T. Avaliação do impacto potencial da versão 2000 das normas ISO 9000 na gestão e certificação da qualidade: o caso das empresas construtoras, Dissertação de mestrado, Escola Politécnica, USP, São Paulo, 2004.
ERNANI, Carlos. Fundamentos da excelência e práticas de gestão. Apostila do Curso de Gestão Institucional da PCRJ. Rio de Janeiro: Comlurb, 2008.
FARIAS FILHO, José Rodrigues . Gestão Estratégica pela Qualidade Total Percebida: do conceito a forma e da forma a prática. Rio de Janeiro, 1996. 380 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio de Janeiro.
FERREIRA, Aurélio B. H. - Novo Dicionário da Língua Brasileira - 2ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p.
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GARVIN, David A..  Gerenciando a Qualidade: A Visão Estratégica e Competitiva, tradução de João Ferreira Bezerra de Souza, Qualitymark Ed., RJ,
2002.
GARVIN, David A. - Gerenciando a Qualidade: A visão estratégica e competitiva – tradução de: João Ferreira B. de Souza - Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. 357p.
LONGO, R.M.J. A revolução da qualidade total: histórico e modelo gerencial. — Brasília: IPEA, 1994 (RI  IPEA/CPS, n.31/94)



Por: Martim A. C. Barbosa
Técnico em Serviços Públicos – IFET Juiz de Fora
Bacharel em Comunicação Social – Jornalista – FAGOC
Pós Graduado em Gestão da Comunicação Empresarial - FIJ
Aluno do curso de Pós Graduação em Gestão Pública – UFJF