terça-feira, 15 de maio de 2018

Foi em um dia cinza, que eu parei de ver as cores


Ele tinha 32 dias quando nos conhecemos. Foi amor à primeira vista, à primeira lambida, ao primeiro olhar. Empinou o focinho, me olhou nos olhos, rosnou e sorriu. Foi assim. Lembro como se fosse hoje.
Levei ele pra casa e, no caminho, paramos em uma sorveteria. Fizemos muitas fotos (mas se perderam com o Orkut). Ali na praça São Januário (Ubá/MG), caminhando em direção à estátua do Cristo, ele ganhou seu nome: Rocky! Não tinha como ser outro, tinham acabado de lançar o último filme do Rocky Balboa. Altivo, feroz, doce... ele precisava de um nome à altura.
Durante 60 dias dormimos juntos, dividindo um colchão no chão da sala, para nos acostumarmos um com o outro. Brigamos, brincamos... fizemos de tudo neste tempo... Ô saudade dele pequenininho... Entrava no carro e corria para o meu colo. Gostava de dirigir! Colocava as patinhas no volante e me olhava como quem dizia: - Vamos!
Sabe quando você tem a certeza de que algo ou alguém te completa. Sim. Esta é a mais simples tradução do que tínhamos. Ele era meu filho, um pedaço de mim, o melhor pedaço, a minha metade mais perfeita.
Durante 11 anos fomos nós dois contra o mundo. Algumas pessoas chegaram, outras saiam, mas éramos sempre nós dois. Indissolúveis, inseparáveis. Um ao lado do outro. Sorríamos juntos, chorávamos juntos, nos consolávamos. Porto firme, ponto forte um do outro. Sempre nos protegemos, nos cuidamos. Éramos nós dois contra o resto.



E agora ele não está mais aqui. Agora eu não posso mais apertar ele, morder sua orelha, provocar e sair correndo, jogar a bolinha, ter você em meu colo, te dar banho... fiquei incompleto. Perdi minha melhor parte. Aquele que por 11 anos esteve ao meu lado com um amor puro, incondicional, sempre me esperando com aquele olhar dizendo: - qual o motivo da demora?
O dia amanheceu chuvoso. Ele descansou. Sentia muitas dores. Brigamos juntos o quanto pudemos. Não desistimos e enfrentamos juntos todos os momentos. Quando ele se foi, eu estava lá... senti ele indo... e eu ali, fraco, impotente, sem poder ajudar meu melhor e maior amigo... meu Deus... quanta dor...
Meu bebê, meu filhotinho, meu filho, meu cachorro, meu grandão, meu amigo, meu monstrinho, meu amor... A dor, talvez, passe um dia... não ter você pra passear, pra conversar, pra me aconselhar, pra me olhar nos olhos e dizer: se nada der certo, eu estou aqui, com você!
Vai em paz, meu filho. Que Deus permita que eu possa te encontrar de novo. Obrigado por tudo que me proporcionou. Desculpa pelas minhas faltas. E saiba que meu amor por você, é eterno, tanto quanto a saudade que dói em meu peito. Te amo, Rocky!
Talvez um dia o arco íris volte a ser colorido. Talvez um dia o mundo volte a fazer sentido! Talvez um dia eu volte a sorrir. Mas nada disso com o mesmo brilho de antes. Foi assim, em um dia cinza (15/05/2018), que eu parei de ver as cores.