quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Dojo Kun


O mestre Gichin Funakoshi desenvolveu e aperfeiçoou o aspecto filosófico do Karatê, incluindo na filosofia dessa arte marcial o bushido, o código de honra dos samurais. Ele também dava ênfase aos aspectos psicológicos da prática, para que o praticante melhorasse sua concentração e tivesse mais controle sobre suas emoções.
Como explicado no post de terça, 28/08, ele criou o Niju Kun e o Dojo Kun. O primeiro são os ensinamentos do mestre Funakoshi e o segundo são os mandamentos para o local onde se pratica karatê. Em ambos, sempre se começa a leitura pela palavra hitotsu, que é a forma que os japoneses dizem “sempre”. Isso porque Funakoshi acreditava que nenhum ensinamento ou mandamento é mais importante que o outro.


HITOTSU Esforçar-Se Para A Formação Do Caráter
HITOTSU Criar O Intuito De Esforço
HITOTSU Respeito Acima De Tudo
HITOTSU Conter O Espírito De Agressão
HITOTSU Fidelidade Ao Verdadeiro Caminho Da Razão


HITOTSU Esforçar-Se Para A Formação Do Caráter
Os meios para praticar o karatê é mais que somente físico. Todos os praticantes devem ter consciência da importância da construção de um caráter saudável por meio da disciplina e treinamento rigoroso. O aperfeiçoamento das técnicas por repetição leva ao aprendizado da persistência.

HITOTSU Fidelidade Ao Verdadeiro Caminho Da Razão
Ser fiel é uma tradição samurai e uma das marcas do bushido (caminho do guerreiro). O Karateca deve se mostrar fiel aos ensinamentos, regras e exigências da arte marcial.

HITOTSU Criar O Intuito De Esforço
Sem o esforço não se consegue nada no karatê. Na verdade, em todas as áreas da vida o êxito não é possível sem esforço árduo e sacrifício da parte do profissional. O esforço deve ser de sincero.

HITOTSU Respeito Acima De Tudo
O respeito com os outros é tradição importante dos japoneses. O mestre Funakoshi enfatizava que o karate começa e termina com saudação. Isso demonstra a etiqueta presente na arte marcial, para o mestre sem cortesia não havia um dojo verdadeiro. Você deve mostrar respeito em tudo que faz e em toda parte toda que você vai.

HITOTSU Conter O Espírito De Agressão Destrutiva
Um verdadeiro karateca é uma pessoa com um espírito competitivo, de grande força de vontade, feroz. É injusto usar seus conhecimentos de luta contra uma pessoa inexperiente. Na verdade, o espírito guerreiro do karateca é uma qualidade que deve ser usada para a justiça e para o bem. Não se deve testar suas capacidades na rua, ou então essa qualidade se tornará um defeito.

Niju Kun



Os vinte ensinamentos do Mestre Funakoshi
HITOTSU - KARATEDO WA REI NI HAJIMARI REI NI OWARU KOTO WO WASURUNA
Não se esqueça de que o Karatê começa e termina com rei.

HITOTSU - KARATE NI SENTE NASHI
Não existe primeiro golpe no karatê.

HITOTSU - KARATE WA GI NO TASUKE
O Karatê permanece do lado da justiça.

HITOTSU - MAZU JIKO WO SHIRE SHIKOSHITE TAO WO SHIRE
Primeiro conheça a si mesmo, depois conheça os outros.

HITOTSU - GIJUTSU YORI SHINJUTSU
O pensamento acima da técnica.

HITOTSU - KOKORO WA HANATAN WO YOSU
A mente deve ficar livre.

HITOTSU - WAZAWAI WA GETAI NI SHOZU
O infortúnio resulta de um descuido.

HITOTSU - DOJO NO MI NO KARATE TO OMOUNA
O karatê vai além do dojo.

HITOTSU - KARATE NO SHUGYO WA ISSHO DE ARU
O karatê é uma atividade vitalícia.

HITOTSU - ARAI YURU MONO WO KARATEKA SEYO SOKO NI MYOMI ARI
Aplique o sentido do karatê em todas as coisas. Isso é o que ele tem de belo.

HITOTSU - KARATE WA YU NO GOTOSHI TAEZU NETSUDO WO ATAEZAREBA MOTO NO MIZU NI KAERU
O Karatê é como água fervente. Se não receber calor constantemente torna-se água fria.

HITOTSU - KATSU KANGAE WA MOTSUNA MAKENU KANGAE WA HITSUYO
Não pense em vencer, pense em não perder.

HITOTSU - TEKI NI YOTTE TENKA SEYO
Mude de atitude conforme o adversário.

HITOTSU - TATAKAI WA KYOJITSU NO SOJU IKAN NI ARI
O resultado de uma batalha depende de como encaramos o vazio e o cheio (a fraqueza e a força).

HITOTSU - HITO NO TEASHI WO KEN TO OMOU
Imagine que os membros de seus adversários são como espadas.

HITOTSU - DANSHIMON WO IZUREBA HYAKUMAN NO TEKI ARI
Ao sair pelo seu portão, você se depara com um milhão de inimigos.

HITOTSU - KAMAE WA SHOSHINSHA NI ATO WA SHIZENTAI
A Kamae (posição de prontidão) é para os iniciantes; com o tempo, adota-se a shizentai(postura natural).

HITOTSU - KATA WA TADASHIKU JISSEN WA BETSUMONO
Execute o kata corretamente; o combate real é outra questão.

HITOTSU - CHIKARA NO KYOJAKU KARADA NO KANKYU WAZA NO SHINSHUKU WO WASURUNA
Não se esqueça de imprimir ou substrair a força, de distender ou contrair o corpo, de aplicar a técnica com rapidez ou lentamente.

HITOTSU - TSUNE NI SHINEN KUFU SEYO
Mantenha-se sempre atento, diligente e capaz na busca do Caminho. 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O que é Umbanda?


Neste texto vamos interromper nossos estudos de Fitoenergética para falarmos um pouco sobre o que pensamos sobre a umbanda.
Lembramos que os assuntos que estamos apresentando neste blog de estudos, são novas experiências realizadas por umbandistas, são novos conhecimentos que devem ser estudados, debatidos e aplicados, sempre com o objetivo de auxiliar aos necessitados da alma e do corpo que procuram nossas casas espirituais.
Em nenhum momento estamos preocupados em ditar regras ou impor doutrinas, sabedores que somos da grande diversidade de rituais e princípios existentes na Umbanda.
Para aqueles que ainda possuem dificuldade para entenderem esta grande diversidade de rituais existentes na umbanda, sugerimos a leitura do texto de nossa autoria  “Umbanda Uma Visão Sistêmica“ que deve ser lido no linkhttp://www.blog.mataverde.org/archives/187
O que propomos e estimulamos é que os umbandistas, independente da orientação que estejam seguindo, procurem as respostas, se desenvolvam, se libertem das amarras dos preconceitos, não sejam somente joguetes nas mãos de pessoas ignorantes e mal intencionadas.
A Umbanda em hipótese alguma deve ser utilizada para subjugar, para impor medos, restrições, preconceitos ou submissões.
A Umbanda é a luz que liberta da escravidão espiritual imposta pelas grandes religiões dogmáticas, a umbanda abre novos horizontes, liberta as almas que se encontram presas em preconceitos e dogmas milenares.
A Umbanda, através da simplicidade, humildade e caridade, traz o conhecimento espiritual necessário para equilibrar a nossa sociedade materialista, totalmente desorientada de princípios e das verdades espirituais.
O grande livro seguido pela umbanda á o livro da natureza, o livro da vida e dos bons exemplos.
Entendemos a umbanda não somente como uma religião, como as diversas existentes na atualidade, que brigam entre si para disputarem seus adeptos, para dominarem as consciências e cobrarem  dízimos.
A Umbanda não necessita de templos formosos, nem de catedrais monumentais, seu maior templo foi construído pelo criador, é a própria natureza.
Caboclo Mata Verde ensina, e nós aceitamos que a umbanda é muito mais do que uma religião.
Os espíritos não precisam e nem possuem religião, são os humanos ignorantes do conhecimento espiritual que ainda necessitam.
A Umbanda é uma verdadeira escola espiritual, onde todos os assuntos devem ser abordados, estudados, compreendidos e aplicados no dia a dia.
Como dizia Caboclo Mirim: Umbanda é a escola da vida.
Umbanda é mais que uma religião, umbanda é arte, é filosofia, é ciência é o conhecimento universal.
No Núcleo Mata Verde entendemos a umbanda como uma verdadeira escola iniciática; onde amigos espirituais, mestres espirituais nos auxiliam na busca deste conhecimento maior.
Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Exus são nossos amigos, mas são amigos especiais, são verdadeiros mestres que veem em nosso auxilio, para em conjunto com os umbandistas iniciados nesta sabedoria universal, auxiliarem a todos aqueles necessitados, e que ainda materializados, buscam ajuda em nossas casas espirituais.
Casas espirituais, Terreiros, Tendas  são verdadeiros Templos Iniciáticos da atualidade.
É com tristeza que nos deparamos com notícias como  o caso do menino de nove anos que foi assassinado em Brejo da Madre de Deus, e seus assassinos após serem presos afirmarem que o  menino foi sacrificado em ritual religioso e que eram Umbandistas.
São psicopatas, doentes mentais, miseráveis da alma e da vida e que com toda certeza não eram umbandistas, nunca foram e com toda certeza serão cobrados pela justiça divina.
Saravá!
São Vicente, 22/07/2012
Manoel Lopes – Dirigente do Núcleo Mata Verde
Obs.: ESTE TEXTO PODE SER REPRODUZIDO, DESDE QUE SEJA NA ÍNTEGRA E QUE SEJA CITADA A SUA ORIGEM

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Obras de Gichin Funakoshi






Ryukyu Kempo Tode, 1922

Foi considerado o primeiro livro de Karate. A maioria das páginas são dedicadas a Katas, incluindo também uma breve resenha histórica da origem do Karate em Okinawa.Não tem fotografias mas sim desenhos da autoria de Hoan Kosugi, o futuro criador da imagem de marca do Karate Shotokan, o Tigre.

Rentam Goshin Tode Jutsu, 1925

Este volume é considerado uma nova versão do primeiro, o conteúdo técnico é igual, inclui 15 Katas com descrições detalhadas dos movimentos. A maior diferença foi a substituição dos desenhos por fotografias.
Karate-Do Kyohan, 1935

È considerada a obra prima de Funakoshi. Hoan Kosugi considera este livro o Tora No Maki do Karate de Funakoshi, isto é o seu livro de referência.Nele observamos já uma certa evolução em relação aos anteriores, notando-se algumas alterações no aspecto técnico.Como novidade são incluídas cerca de 80 páginas de Kumite e Defesa Pessoal.
Karate Nyumon, 1943

Incluí alguns capítulos sobre a história do Karate, e dados biográficos sobre os seus Mestres, Itosu e Azato.São descritas a Ten No Kata e a Ten No Kata Ura.
Karate-Do Kyohan, 1958

Nesta versão são incluídas pela primeira vez as Katas Taikyoku, bem como técnicas de pernas, a nível jodan, algo nunca visto no Karate de Okinawa. Em termos de Kumite é exemplificado o Ippon-Kumite.
Karate-Do, My Way of Life

Estamos perante uma obra autobiográfica que engloba a sua infância, o inicio da prática do Karate com Anko Azato, até ao inicio do Karate no Japão.

O Karate em Okinawa

Introdução

Karatê-dô (caminho da mão vazia) ou, simplesmente, Karatê, é uma forma de budo (caminho marcial). Arte marcial japonesa originária de Okinawa, foi introduzida nas principais ilhas do arquipélago japonês em 1922. O Karatê enfatiza as técnicas de percussão atemi waza (i.e. defesas, socos e chutes) ao invés das técnicas de projeções e imobilizações. O treino de Karatê pode ser dividido em três partes principais: Kihon, Kata e Kumite.
Kihon (fundamentos) é o estudo dos movimentos básicos.
Kata (forma, padrão) é uma espécie de luta contra um inimigo imaginário expressa em seqüências fixas de movimentos.
Kumite (encontro de mãos) é a luta propriamente dita. Em sua forma mais básica é combinada (com movimentos pré-determinados) entre os lutadores para, posteriormente, alcançar o jyu kumite (combate livre ou sem regras).
O Karatê esportivo, ou combate com regras, é conhecido como Shiai-kumite.

2. Geografia

Província de Okinawa



(Okinawa-ken)

Capital Naha
Região Kyūshū
Ilha Okinawa
Área 2 271,30 km² (44.º) - % água 0,5% 
População (1 de Outubro de 2000) - Total 1 318 218 (32.º)
Densidade populacional 580 hab/km² Distritos 5 Municípios 53 ISO 3166-2 JP-47 



Devido à sua posição estratégica - entre a Indonésia, Polinésia,China, Coréia e Japão , se tornou um entreposto comercial. Relatos antigos apontam comerciantes e representantes Okinawanos nas cortes imperiais da China e do Japão. Historicamente, Okinawa recebeu mais influências culturais da China do que do Japão.

Antes dividida em feudos, foi unificada por Sho Hashi, que se tornou rei designando o castelo de Shuri como centro administrativo.
Invadida pelo clã feudal de Satsuma (atual Kyushu) no séc. XVI, perdeu a independência e o porte de armas foi proibido entre seus cidadãos. Relatos históricos citam que o Karatê, como arte marcial, nasceu nesta época.

Depois da Segunda Guerra Mundial e da Batalha de Okinawa em 1945, Okinawa permaneceu sob a administração dos Estados Unidos por 27 anos. Durante esse período, os Estados Unidos estabeleceram lá várias bases militares.
Em 15 de maio de 1972, Okinawa foi devolvido ao Japão.

3. Histórico da Origem do Karatê em Okinawa:

Originalmente a palavra ''caratê'' era escrita com os ideogramas (Tang e mão) se referindo à dinastia chinesa Tang ou, por extensão, a mão chinesa, refletindo a influência chinesa nesse estilo de luta.

O karatê é provavelmente uma mistura de uma arte de luta chinesa levada a Okinawa por mercadores e marinheiros da província de Fujian com uma arte própria de Okinawa. Os nativos de Okinawa chamam este estilo de ''te'' (mão). Os estilos de karatê de Okinawa mais antigos são o ''Shuri-te'', ''Naha-te'' e ''Tomari-te'', assim chamados de acordo com os nomes das três cidades em que eles foram criados.

Em 1820 Sokon Matsumura fundiu os três estilos e deu o nome de ''shaolin'' (em chinês) ou ''shorin'' (em japonês), que são as diferentes pronúncias dos ideogramas (pequeno e bosque). Entretanto os próprios estudantes de Matsumura criaram novos estilos adicionando ou subtraindo técnicas ao estilo original. Gichin Funakoshi, um estudante de um dos discípulos de Matsumura, chamado Anko Itosu, foi a pessoa que introduziu e popularizou o karatê nas ilhas principais do arquipélago japonês.

O caratê de Funakoshi teve origem na versão de Itosu do estilo ''shorin-ryu'' de Matsumura que é comumente chamado de ''shorei-ryu''. Posteriormente o estilo de Funakoshi foi chamado por outros de ''shotokan''. O karatê foi popularizado no Japão e introduzido nas escolas secundárias antes da Segunda Guerra Mundial.

Como muitas das artes marciais praticadas no Japão, o karatê fez a sua transição para o ''karate-do'' no início do século XX. O ''do'' em ''karate-do'' significa caminho, palavra que é análoga ao familiar conceito de ''tao''. Como foi adaptado na moderna cultura japonesa, o karatê está imbuído de certos elementos do zen budismo, sendo que a prática do karatê algumas vezes é chamada de “zen em movimento”. As aulas freqüentemente começam e terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de movimentos, como a executada no ''kata'', é consistente com a meditação zen pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo em condições adversas. A influência do zen nesta arte marcial depende muito da interpretação de cada instrutor.

A modernização e sistematização do karatê no Japão também incluiu a adoção do uniforme branco (''kimono'' ou ''karategi'') e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado pelo aluno, ambos criados e popularizados por Jigoro Kano, fundador do judô. Fotos de antigos praticantes de karatê de Okinawa mostram os mestres em roupas do dia-a-dia.

Originalmente a palavra karate era escrita com os ideogramas (Tang e mão) referindo-se a dinastia chinesa Tang ou, por extensão, mão chinesa reflectindo a influência chinesa neste estilo de luta. Actualmente o significado mais comum destes ideogramas é o de mão vazia. Karate-do significa portanto caminho da mão vazia. O karate é provavelmente uma mistura de uma arte de luta chinesa levada até Okinawa por mercadores e marinheiros da província de Fujian com uma arte própria de Okinawa. Os nativos de Okinawa chamam este estilo de te, mão. Os estilos de karate de Okinawa mais antigos são o Shuri-te, Naha-te e Tomari-te, assim chamados de acordo com os nomes das três cidades em que eles foram criados.
Em 1820 Sokon Matsumura fundiu os três estilos e deu o nome de shaolin (em chinês) ou shorin (em japonês), que são as diferentes pronúncias dos ideogramas (pequeno e bosque). Entretanto os próprios estudantes de Matsumura criaram novos estilos adicionando ou subtraindo técnicas ao estilo original. Gichin Funakoshi, um estudante de um dos discípulos de Matsumura, chamado Anko Itosu, foi a pessoa que introduziu e popularizou o Karate nas ilhas principais do arquipélago japonês.
O karate de Funakoshi originou-se da versão de Itosu do estilo shorin-ryu de Matsumura que é comumente chamado de shorei-ryu. Posteriormente o estilo de Funakoshi foi chamado por outros de shotokan. Funakoshi foi o responsável pela mudança na forma de escrever o nome desta arte marcial. Sendo esta a forma que encontrou para que o karate fosse aceito pela organização de budo Dai Nippon Butokai, já que numa época de ascensão do nacionalismo japonês era importante não fazer com que o Karate parecesse uma arte de origem estrangeira, como a maneira antiga de escrever implicava.
O karate foi popularizado no Japão e introduzido nas escolas secundárias antes da Segunda Guerra Mundial.
Como muitas das artes marciais praticadas no Japão, o Karate fez a sua transição para o karate-do no início do século XX. O do em karate-do significa caminho, palavra que é análoga ao familiar conceito de tao. Como foi adaptado na moderna cultura japonesa, o Karate está imbuído de certos elementos do zen budismo, sendo que a prática do karate algumas vezes é chamada de “zen em movimento”. As aulas freqüentemente começam e terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de movimentos, como executado no kata, é consistente com a meditação zen pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo em condições adversas.
A modernização e sistematização do Karate no Japão também incluiu a adoção do uniforme branco (dogi ou keikogi) e de faixas coloridas indicadoras da graduação alcançada pelo aluno, ambos criados e popularizados por Jigoro Kano, fundador do judo. Fotos de antigos praticantes de Karate de Okinawa mostram os mestres em roupas do dia-a-dia. 
Após vários anos de investigação, pesquisa e prática deste sempre novo e fascinante Mundo das Artes Marciais em geral, e do Karaté em particular, resolvi escrever este texto, com a qual pretendo apenas elucidar aqueles que agora chegaram ou pensam vir a iniciar este apaixonante caminho ( Via / Do ) em busca da Verdade.
Ao longo do texto irei fazer algumas reflexões sobre a história do karaté que deixo à vossa consideração, dado que sobre esta matéria não existem verdades absolutas e muitos dos mais importantes escritos e documentos eventualmente produzidos se perderam ao longo da história. A sua origem está remontada em lendas transmitidas oralmente de geração em geração, uma corrente lendária muito forte, bem como os próprios japoneses consideram Bodhiharma ( 28 º patriarca do Zen Budismo, que viveu no templo chinês de Shaolin, por volta de 525 da nossa era ) como o "´Pai lendário do Karate ", tendo aperfeiçoado as técnicas de artes marciais antigas da China e do Vajramusthi Indiano. 
A História das Artes Marciais perde-se no tempo, podendo nesta reflexão iniciar a redescoberta do Karaté a partir da Ilha de Okinawa, que fica no centro de um arquipélago denominado pelos chineses de RyuKyu, que se estende desde o extremo sul do Japão até a ilha de Taiwan. Okinawa com os seus 1.500 Km2 ocupa sozinha mais de metade da superfície do RyuKyu.


Ilha de Okinawa / Japão
”Oki”: que quer dizer em Japonês oceano ou grande , e “nawa”: traduz-se por cadeia, corrente ou corda , essa ilha tem uma centena de quilómetros de comprimento para uma largura de 30 a 40 Km e seu aspecto é realmente de uma corda nodosa e flutuante.
A vida em Okinawa foi sempre dura e rude, para se adaptarem ao meio naturalmente hostil (a ilha era constantemente castigada por destruidores tufões), a que o habitante de Okinawa precisou forjar a vontade, engenhosidade e a sua tenacidade , qualidades que teria que ter em dobro, face aos sucessivos invasores que pretendiam subjugá-la a todo o custo. O instinto de sobrevivência faria surgir recursos de resistência, técnicas de combates a mãos nuas (ancestrais do Karate ) ou com armas (ancestrais do Kobudô).
Okinawa tinha uma posição privilegiada, estava entre o Japão, a China e o Sudeste Asiático (Vietnam,Tailândia,etc..) com isso se tornou um porto especialmente ativo. Nessa época por volta do século XIV, a Ilha se dividia em três reinos, Chuzan era o maior deles e compreendia o meio da ilha com Hokuzan ao norte e Nazan ao Sul. Sabe-se que em 1372, o rei okinawense Satto prestou voto de obediência ao Império Chinês Ming (1368-1644) ao qual passou a pagar tributo, e em 1349 o rei Chuzan faz uma aliança com a China dando origem a um intercambio entre ambos os reinos (chineses e okinawenses). As aldeias de Naha e Shuri tornaram-se cidades comerciais prosperas, entrepostos de todos os produtos do sudoeste asiático e onde se "acotovelavam" japoneses, chineses, indianos, malásios, tailandeses, árabes, etc... É também nessa época que a china da Dinastia Ming mandou para a ilha um importante grupo de artesãos e artistas - mencionados em antigos documentos como “As 36 Famílias”. Entre estes chineses encontravam-se indivíduos que tinham conhecimento de Boxe Chinês, surgem os primeiros vestígios de Shaolim Zu Kempo ou Chuan-fa, mas nada permite afirmar que essa arte tenha oficialmente sido introduzida por "verdadeiros mestres".
Em 1429, o Rei Sho Hashi unificou Okinawa, mas a queda deste império foi determinada por Sho Shi, que temendo a repetição dos conflitos e revoluções que se espalhavam pelo sudoeste asiático lança um édito , proibindo a manufactura e manuseio de armas pela população. Isso facilitou a invasão de Okinawa pelo Clan Satsuma do Japão que após uma resistência morna em 1609 tomou o Castelo de Shuri.
Mesmo depois da invasão o comércio e intercambio com a China permaneceu inalterado e mais tarde um representante militar chinês desembarcava em Okinawa. Seu nome era Kong Shang-Kung, ele ficou conhecido na ilha como Kushaku, e era um perito no sistema de Shaolin.
Em seus seis anos em Okinawa Kushaku ensinou o sistema ( To-te ) a dois okinowenses, Mestres Sakugawa e Kitan Yari. To-te começou a ser chamado karate na primeira metade do século XX, e embora a sua introdução tenha sido uma continua evolução, muito do karate que é ensinado hoje em dia, ao contrário da crença popular, está baseado no Boxe Chinês (principalmente da área de Fuchou ) e que foi trazido para Okinawa entre 1850 e 1950, alcançando o seu pico de introdução no final do século XIX.
Em 1669 o Clan Satsuma proibiu o uso de qualquer arma a não ser pelos Samurais, com esta lei teve origem a arte do Kobudo, utilizando as ferramentas básicas do seu dia a dia ( sai, tunfa,bo,kama,etc...) como armas. É difícil encontrar evidências de que okinawanos tenham desenvolvido técnicas de luta devido à proibição do uso de armas pelos governantes do clã Satsuma. Ao contrário, as evidencias demonstram que após 1609 , o ti era praticado como defesa pessoal e como meio de desenvolvimento físico pelos membros da nobreza. To-de seguiu um caminho semelhante e desenvolveu-se no final do séc. XIX e inicio do século XX no meio das classes shizoku e seus descendentes , principalmente aqueles que viviam em Naha,Tomari e Shuri.
No inicio do século XVII, o Japão saia de mais uma terrivel guerra civil onde o vencedor foi o clã dos Togukawa e o vencido o clã dos Satsuma , dirigido pela família Shimazu. O novo Shogum mostrou-se hábil em desviar o furor dos Satsuma, derrotados mas não destruídos para os Ryukyu, uma maneira astuciosa de se livrar do inimigo e estabelecer controle japonês sobre uma Ilha então submissa à China. Precisamente no dia 5 de Abril de 1609 os Satsuma se atiraram sobre Okinawa que caiu sob o jugo do clã invasor e assim ficou até 1879, quando a ilha se tornou parte do império japonês, incorporada ao Império de Mitsuhito.
O Japão em 1868 entra na era Meiji, que marcou a abolição do antigo sistema feudal e o nascimento de uma nova sociedade.Okinawa sempre manteve a posição de reino semi-independente até pouco depois da restauração Meiji.
Antes de 1879 as artes marciais eram reservadas às famílias mais nobres, e mesmo após essa data, poucas pessoas menos favorecidas (fosse de dinheiro, fosse de tradição ) tinham ânimo para praticá-las.
Logo após a ocupação, Shimazu proibiu novamente o uso de porte de armas e também qualquer tipo de prática marcial, mesmo com a proibição da prática de qualquer atividade marcial, os habitantes de okinawa continuaram a praticar em segredo o seu sistema de defesa pessoal, assim no século XVIII contempla-se o nascimento do TODE (mão chinesa) ou Okinawa-Tê , ancestral ao Karaté . Sem duvida o dominante das técnicas de combate de mãos nuas eram chinesas e tinham sua “origem” no mosteiro de Shaolin na China (Kung-Fu).
A proibição despertou o interesse pelas técnicas de combate e generalizou a prática até então restrita a uma minoria.
A existência do TI pode ser comprovada desde o início do século XVII através de um poema escrito pelo eminente professor okinawano nascido em 1663 chamado Teijunsoku (também conhecido como Nago Oyakata ) e que diz : 
Não importa o quanto se esmere na arte do ti,
e nos seus esforços escolásticos,
nada é mais importante que o seu comportamento
e a sua humanidade conforme observado no quotidiano da vida 
Foi com certeza uma época de treinamentos enfurecidos em lugares secretos, geralmente à noite, longe dos centros habitados entre discípulos de confiança. Este ambiente continuou até final do século XIX e explica em parte a falta de documentos escritos. Tecnicamente sabe-se pouco sobre este período, exceto que os pés e as mãos tornavam-se armas eficientes e rápidas, capazes de substituírem as lâminas banidas.
Devido a diversos fatores políticos a designação TODE de origem chinesa é alterada no seu kanji pelo mestre Gichin Funakoshi para Kara-te (mão vazia - japonês), dai para a sua oficialização pela Dai Nippon Butokukai foi um curto passo.
Durante anos o karate evoluiu em três linhas e três cidades distintas o Shuri-te de Shuri , o Naha-te de Naha e o Tomari-te de Tomari; cada um com características distintas:
Shuri-te = principalmente ofensivo, primava pela leveza e velocidade.
Naha-te = Principalmente defensivo primava pela poder interno e potente golpe.
Tomari-te = Era uma mescla de ambos e originou o estilo Shito-Ryu de Itosu.Neste século XVIII também pouco se pode afirmar já que eram ensaiados os primeiros katas, mas muitos movimentos e atitudes estavam camuflados nas danças tradicionais a fim de despistar a desconfiança das autoridades. Ainda hoje podemos verificar e analisar estes movimentos nas danças tradicionais de Okinawa.
Porém pouco a pouco, homens mais dotados surgiram, estilos se diversificaram e líderes que vieram a se tornar mestres codificaram o seu estilo.
No século XIX foi a época da eclosão do Karaté de Okinawa, logo no início desse século ou talvez no final século XVIII, as três grandes linhas mencionadas anteriormente surgiram em força.
Ao redor de Naha formou-se o Naha-Tê, suas técnicas lembram o Kung-Fu do sul da China, com ênfase na utilização dos membros superiores ( técnicas de punho curtas, circulares e destruidoras ), busca pelo corpo a corpo nas posições estáticas, pontapés baixos. É o estilo duro e flexivel que produzirá o Goju-Ryu designação criada pelo mestre Chojun Miyagi e que se distingue igualmente pela busca respiratória “IBUKI” uma forma de Chin-Kun Chinês ( busca pela mobilização da energia vital interna ). Os katas são variados e complexos: Seisan, Saifa, Sanseru, Sanchin, Tensho, Sanseru, Suparinpei, etc...
A popularidade do karate de okinawa cresceu em todo o mundo à medida que os próprios okinawanos passaram a emigrar para o exterior em busca de melhores oportunidades, aproveitando para ensinar esta fascinante e eficiente arte marcial.
Por :Leonardo Pereira – Jundokan Internacional e Portugal.
4.CONCLUSÃO:
O desenvolvimento histórico do Karatê é muito longo e se perde no tempo. Diz-se que no terceiro milênio antes de Cristo um príncipe Hindu desenvolveu uma arte de luta com as mãos e sacrificou muitos escravos nas suas experiências na busca de pontos vitais do corpo humano, Usando uma agulha, foi descobrindo os pontos veneráveis para aplicar os golpe de mão e pé e neutralizar oponente. Lendo ou não, assim começou o primeiro sistema científico de luta da história.
Este tipo de luta era denominado de VAJRAMUSHTI, que poderia se traduzido como :* Aquele cuja mão fechada é um diamante*. Provavelmente esta deve ser a mais antiga luta asiática sem uso de armas, parecida como o Karatê.
Este dois parágrafos foram tirados da pág 14 do livro do Prof. Aldo Lubes que no meu entendimento traz a * raiz * mais profunda desta arte, outras fontes de pesquisas citadas por mim também são importantes e nos trazem um belo fundamento histórico.
5.Bibliografia e Fontes de Consulta :
1.www.pref.okinawa.jp
2. Wikipédia, a enciclopédia livre
3. www.jip.no.sapo.pt (http://jip.no.sapo.pt/Links.htm)
4. Caminho do Karatê – Aldo Lubes – Editora UFPR -1994
5. www.karatebrasil.com.br
6. www.karatedobrasil.org.br

NIJU KUN = A Filosofia do Karatê em 20 ensinamentos do Mestre Funakoshi






1. O Karatê inicia-se e termina-se com saudações.
2. No Karatê, não existem golpes de agressão.
3. O Karatê sempre apóia o caminho da razão.
4. Conheça a si próprio, entes de julgar o outro.
5. À princípio, lapidar o espírito, depois a técnica.
6. Evitar o descontrole do equilíbrio mental.
7. A falha surge quando ocorre a acomodação física e mental.
8. O Karatê não se limita apenas ao Dojô.
9. A essência do Karatê se descobre no decorrer da vida.
10. O Karatê dará frutos quando associado à vida cotidiana.
11. O Karatê é igual à água quente: se não recebe calor constantemente, esfria.
12. Não pense em vencer, mas não pense em derrota.
13. Mude a sua posição conforme o tipo de adversário.
14. A luta depende do bom manejo da teoria IN (negativa) ou YOU (positiva).
15. Imagine que seus membros são espadas.
16. Para o homem que sai do seu portão, existem milhões de adversários.
17. No princípio, seus movimentos são artificiais, mas com sua evolução, tornar-se-ão naturais.
18. A prática de fundamentos deve ser correta, enquanto em uso torna-se diferente.
19. Domine seu corpo na coordenação, na força, na velocidade e na elasticidade.
20. Estude, crie e aperfeiçoe-se constantemente.

Sobre os Katas da Série Tekki

SÉRIE TEKKI

Os katas da série tekki são tres e são executados na postura kibadachi, que por sua forma é também denominada a Postura do cavaleiro. Seus objetivos são iguais as dos Heians ou seja o aperfeiçoamento das bases e a adoção de uma postura firme.Os deslocamentos são sempre para as laterais, nunca para frente nem para trás.

TEKKI SHODAN 

É o primeiro desta série e é também conhecido como NAIHANCHI, sendo originário do estilo SHURITE. Possui 29 kyodos (movimentos) em um tempo equivalente a cinquenta segundos totalmente na postura KIBA DACHI , exceto nos deslocamentos, em que pode se observar a postura KAKE DACHI o kiai aparece nos 15 e 29 kyodos. As técnicas de braços são defensivas e quando ofensivas os golpes utilizados são cotovelados e socos curtos. As técnicas de pernas sào usadas em bases ou aplicações de defesas na forma de ASHI NAMI GAESHI ou com pisões dirigidos ao pé ou ao joelho do adversário.

video do kata TEKKI.SHODAN:http://br.youtube.com/watch?v=VAkA5zAosC4&feature=related

TEKKI NIDAN 

O TEKKI nº 2 possui todas as características do nº 1 e também é conhecido como NAIHANCHI e seus deslocamentos também são para os lados. O principal argumento para explicar o porque do deslocamento para os lados dos katas da série tekki é que as técnicas utilizadas, eram usadas em combates no interior de barcos ou muros dos antigos castelos, onde os combatentes não podiam recuar sobre pena de cair em um precipício e por isso desenvolviam técnicas para os lados. Tanto o TEKKI NIDAN quanto TEKKI SANDAN, foram desenvolvidos por Mestre Itosu que praticava o estilo SHURITE. O TEKKI NIDAN possui 24 kyodos e o kiai é emitido 16º e 24º movimentos, e o seu tempo de execução é equivalente a cinquenta segundos.

video do kata 
TEKKI.NIDAN:http://br.youtube.com/watch?v=9uqw0g3E4BY&feature=related 

TEKKI SANDAN 

Possui 36 kyodos e seu tempo de execução é cinquenta segundos; registrando-se os seus kiais no 16º 36º kyodos. Da enfase a velocidade dos braços em técnicas de soco, cotovelada para trás e formas de livrar o punho de agarramentos, sendo esse seu principal objetivo.

video do kata TEKKI.SANDAN:http://br.youtube.com/watch?v=-bmF_F2bDoc&feature=related

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Graduação de faixas do Karate-do

As artes marciais provenientes do Japão e Okinawa, apresentam uma variedade de títulos e classes de graduações. O sistema atual de graduação de faixas coloridas é o mais aceito; Antes disso, muitos métodos distintos eram usados para marcar os vários níveis dos praticantes. Alguns sistemas , recorriam a três tipos de certificados para seus membros:

* SHODAN: significando que se havia adquirido o status de principiante.

* TIUDAN: significava a obtenção de um nível médio de prática. Isso significava que o indivíduo estava seriamente comprometido com sua aprendizagem, escola e mestre.

* JODAN: A graduação mais alta. Significava o ingresso no OKUDEN (escola, sistema e tradição secreta das artes marciais).

Se o indivíduo permanecia dez anos ou mais junto ao seu mestre , demonstrando interesse e dedicação, recebia o Menkio, a licença que permitia ensinar. Essa licença podia ter diferentes denominações como: Sensei, Shiran, Hanshi, Renshi, Kyoshi, dependendo de cada sistema em particular. A licença definitiva que podia legar e outorgar acima do Menkio, era o certificado Kaiden, além de habilitado a ensinar, implicava que a pessoa havia completado integralmente o aprendizado do sistema.

O sistema atual que rege a maioria das artes marciais usando Kyu (classe) e Dan (grau) , foi criado por Jigoro Kano, o fundador do Judô. Kano era um educador e conhecia as pessoas, sabendo que são muitos os que necessitam de estímulos imediatamente depois de haver começado a praticar artes marciais. A ansiedade desse tipo de praticante não pode ser saciada por objetivos a longo prazo.

A graduação no Karatê é importante para indicar o nível de experiencia dos praticantes, e é vista como sinal de respeito para os atletas menos graduados. Para demonstrar a graduação os Karatecas usam uma faixa com uma cor na região da cintura. A ordem das cores das graduações variam de estilo para estilo mas como padrão, a faixa iniciante é a de cor branca. Eis as cores de graduação do estilo tradicional Shotokan, como um exemplo da progressão de graduação no karatê:

* Branca (iniciante)
* Amarela (6º Kyu)
* Vermelha (5º Kyu)
* Laranja (4º Kyu)
* Verde (3º Kyu)
* Roxa (2º Kyu)
* Marrom (1º Kyu)
* Preta (1º Dan)

Na classificação de faixas coloridas, Kyu significa classe, sendo que essa classificação é em ordem decrescente. Na classificação de faixas pretas, Dan significa grau, sendo a primeira faixa preta a de 1º Dan, a segunda faixa preta 2º Dan e assim por diante em ordem crescente. Em um plano simbólico, o branco representa a pureza do principiante, e o preto se refere aos conhecimentos apurados durante anos de treinamento.

Definições do Karatê






Há muita gente capaz de definir "karate" melhor que este autor. Isto é, deve haver. Uma vez que definir é apenas explicar o que significa uma determinada palavra. Por este motivo, vamos apenas emitir uma definição simples: "karate" é uma luta corporal sem armas, baseada em técnicas definidas de ataque e defesa.

Entretanto, não é a definição que nos interessa no momento, e sim, o conceito de "karate". E conceito é a explicação detalhada e sem dúvidas, capaz de dizer o que uma palavra quer expressar em um dado idioma. _ Ou seja: enquanto a definição diz o que uma palavra é, o conceito a demonstra.

E por isso, um conceito precisa ser completo, sem ser prolixo, mas sem deixar margem capaz de confundir uma palavra com outra semelhante, isto é, deve demarcar os limites semânticos entre uma palavra e outra.

Toda esta discussão inicial se faz necessária porque o termo em estudo não tem etimologia em nosso idioma, o português, ela é encontrada no idioma japonês. E por esse motivo nós a estivemos escrevendo entre aspas, mas a partir deste ponto vamos escrevê-la normalmente, sem aspas. O seu homônimo português seria a palavra "caratê", entretanto, esta palavra seria apenas a grafia do som da pronúncia japonesa e não daria a dimensão exata do que é karate. Karate não é uma palavra, mas sim expressão idiomática japonesa que significa "mãos vazias", e não pode ser traduzida para o nosso idioma uma vez que sua grafia é feita em "kanji" (pronuncia-se candí) e, o kanji não se traduz, apenas se interpreta. - O kanji é uma escrita em ideogramas (sinais que exprimem a idéia e não os sons das palavras que representam essa idéia) de origem chinesa e que o povo japonês adotou como linguagem escrita (primeiros séculos de nossa Era) através do povo coreano, que mais tarde deu origem aos "kana" (não se pluraliza na escrita japonesa): o "hiragana" e o "katakana".

Após esta rápida explicação, passemos ao motivo deste texto: _ O QUE É KARATE.

_ Desde que o mundo é mundo, que o homem luta por sua sobrevivência. No princípio por instinto de preservação (o combate); mais tarde para ter domínio sobre outros homens (a técnica); depois para aperfeiçoar e conservar a técnica e poder ensiná-la (a arte); depois por diversão e culto da vaidade (o esporte) e; por fim para explicar a si próprio o porquê da luta pela sobrevivência ou pela vaidade (a filosofia). Tudo isso pode ser englobado numa só expressão: luta. E é desta luta que trata o karate.

Em japonês tudo que se relaciona com luta entre oponentes capazes de tomarem consciência de seus atos, tem-se a tendência de chamar de karate. Mas para que seja assim classificada uma luta tem que apresentar certas características, como por exemplo: não se valer de armas artificiais, isto é, instrumentos que foram criados com esse objetivo: servir como armas. Mas porque dizer armas artificiais? Porque no karate usamos nosso corpo como arma. Fazemos todo um treinamento específico para tornar cada parte de nosso corpo um instrumento de ataque e defesa. Mas não é só o corpo que pode ser usado. Qualquer objeto natural pode ser utilizado num combate de karate: uma pedra, um pedaço de pau, areia, etc., deste que em estado natural, isto é, não seja uma arma por definição. - Mas isto é um combate como outro qualquer, e não pode ser chamado de karate se não tiver dois constituintes específicos: a técnica e a filosofia. - A TÉCNICA dá ao homem a certeza dos resultados e diferencia o seu combate de uma briga-de-rua, onde vence o mais forte, o mais violento ou o mais astuto. Na técnica há a diminuição do esforço, do desgaste físico, dos traumas, da incerteza do resultado dos golpes aplicados, com o aumento da potência dos golpes, do controle, da tranqüilidade e domínio sobre o oponente. _ A FILOSOFIA dá os motivos para o combate, explica as razões do oponente, avalia as possibilidades da vitória e da derrota, ou seja, diz ao homem o porquê do combate. A fusão dos dois nos dá a ARTE: o domínio sobre a técnica, a execução perfeita dos ataques e das defesas, o controle sobre a mente e a segurança necessária para avaliar o combate enquanto ele se desenvolve (como um pintor avalia seu trabalho enquanto o produz e antes de concluí-lo).

O karate é classificado como arte marcial. Mas não se deve pegar o dicionário e usar a primeira definição que lá aparece. Não! Devemos procurar a que melhor se adequa ao conceito: com aspecto de guerreiro. Guerreiro japonês: altivo, imponente, confiante e despretensioso.

_ O karate nasceu na pré-história, com a necessidade da sobrevivência do homem. Claro que não se chamava karate. Karate é um termo, recente, criado no começo do século XX. Mas antes de explicar a origem do termo, vamos à origem da luta: _ segundo os místicos, na antiga Atlântida já se praticava uma espécie de luta com características semelhante às do karate original (não o praticado hoje) e que antes do seu afundamento um grande mestre dessa luta foi enviado para o continente asiático para preservá-la e ensiná-la. O local escolhido foi a Índia, onde foi ensinada às castas guerreiras e nobres com o nome de VAJRAMUSHTI (Sânscrito _ punho real ou punho direto) e tinha como objetivo a defesa pessoal, a saúde física e o despertar espiritual. Conta-se que SAKYAMUNI, o BUDA, o aprendeu quando príncipe, como parte de sua educação e que mais tarde o introduziu como prática ascética no ensinamento da sua doutrina. Quase mil anos após Buda, o 28º Patriarca budista, BODHIDHARMA, mestre em Vajramushti, viajou para a CHINA no intuito de explicar sua doutrina do budismo a monges que iniciavam um movimento inovador, com características diversas do budismo original. Não tendo obtido sucesso por interferência do Imperador Wu Ti, Bodhidharma viajou de sua corte para o reinado de Wei, onde se hospedou num templo chamado SHAOLIN, numa província hoje chamada Hunan. Ali Bodhidharma converteu os monges taoístas ao budismo e passou a ensinar a doutrina da meditação (Ch\"An, em chinês; Zen, em japonês) juntamente com Vajramushti.

Havia na China uma luta muita antiga conhecida então como Kempo, e por isso o Vajramushti quando passou a ser ensinado ao povo, por motivo de resistência ao domínio de invasores chamou-se SHAOLIN-SZU KEMPO (em chinês) ou SHORINJI- KEMPO (em japonês), ou "o punho direto do Templo da Jovem Floresta". E foi com esse nome que ele chegou às Ilhas RYUKYU, no Japão, alguns séculos atrás, através de alguns chineses.

Das Ilhas RYUKYU a maior é OKINAWA, aonde chegaram as primeiras noções do KEMPO de SHAOLIN. Tendo sofrido várias adaptações ao povo de Okinawa, o Shorinji-Kempo perdeu suas características chinesas sendo reconhecido então, como uma arte marcial própria de Okinawa, passando a se chamar de OKINAWA-TE.

Devido à proximidade de Okinawa com a China, havia um certo intercâmbio entre seus habitantes, de modo que muitos "experts" viajavam entre as duas localidades, tendo contribuído bastante para o desenvolvimento do atual karate. Como exemplo cita-se um certo SAKUGAWA de Akata, em Shuri, que cerca de duzentos anos atrás viajou para a China e quando retornou para Okinawa, conforme ensinava "karate" (mãos da China), passou a ser conhecido como "Karate Sakugawa" durante seu tempo. Cerca de cento e quarenta anos atrás chegou a Okinawa um "expert" chinês chamado KU SHANKU com alguns de seus alunos e introduziu um tipo de kempo. Alguns "experts" de Okinawa, tais como SAKIYAMA, GUSHI e TOMOYORI, de NAHA (cidade da Ilha de Okinawa), estudaram com um adido militar chinês chamado ASON; MATSUMURA, de SHURI (outra cidade de Okinawa) e MAESATO e KOGUSUKU, de KUME (outra cidade, também de Okinawa), com o adido militar IWAH; e SHIMABUKU, de UEMONDEN, e HIGA, SENAHA, GUSHI, NAGAHAMA, ARAGAKI, HIJAUNNA e KUWAE, todos de KUNENBOYA, com o adido militar WAISHIZAN. Afirma-se que um professor de GUSUKUMA, KANAGUSUKU, MATSUMURA, OYATOMARI, YAMADA, NAKAZATO, YAMAZATO e TOGUCHI (todos de TOMARI) foi um chinês sulista que foi arrastado até Okinawa.

Alguns grandes mestres foram formados nessa época, dentre os quais GUSUKUMA e MATSUMURA, que aprenderam com WAISHINZAN. AZATO, que aprendeu com MATSUMURA e ITOSU que aprendeu com GUSUKUMA. De AZATO e ITOSU aprendeu o Mestre GICHIN FUNAKOSHI, já na virada do século XIX para o século XX. FUNAKOSHI aprendeu KEMPO chinês em duas formas, das Escolas SHOREI e SHORIN, das quais desenvolveu sua própria forma de KEMPO. Mas o OKINAWA-TE (MÃOS DE OKINAWA, que já existia em OKINAWA), e que Funakoshi conhecia bem, influenciou, sem dúvida, o seu trabalho e seu desenvolvimento nas artes marciais.

GICHIN FUNAKOSHI (nasceu em 1868 em SHURI, Prefeitura de OKINAWA e morreu em 26/04/1957 em TOKYO) é considerado o PAI do karate. Se não o pai gerador, pelo menos o pai adotivo aquele que criou (adotou) o karate e deu-lhe as condições de tornar-se adulto num mundo onde já havia tantas artes marciais. Foi ele o primeiro praticante da arte marcial de Okinawa a se preocupar com o desenvolvimento e a propagação de sua técnica e ao mesmo tempo fazer dela uma arte voltada para a formação do caráter e do espírito de seus praticantes. Foi ele que, sendo um mestre-escola (professor primário), teve a intuição de criar um termo específico para sua já antiga arte de lutar, então conhecida como RYUKYU KEMPO. Num trabalho difícil e demorado, o grande Mestre montou toda a estrutura do que é hoje o moderno karate, dando-lhe as técnicas definidas, as formas de treinamento, a teoria e a filosofia, bem como um nome: KARATE-DO. _ Havia um ideograma chinês para a palavra "kara" (), mas que Funakoshi não achou adequado para expressar o vazio espiritual que ele queria no significado de sua arte, que ele queria chamar de "Karate-Do", isso porque Sakugawa já usara o nome karate na forma chinesa, mas que significava apenas "mãos da China" em japonês. Daí, Mestre Funakoshi introduziu na palavra karate, em substituição ao ideograma chinês (), o ideograma "kara" (), que passamos a interpretar.

O SIGNIFICADO DE KARATE-DO (***)

Numa tradução simplificada "karate-do" significa "caminho das mãos vazias". "Do" significa "caminho espiritual, a busca interior do homem".

"Te" significa "mão", "ou a instrução física usada na busca do vazio espiritual". Já o termo "kara" tem um significado mais amplo, como veremos:

_ A primeira conotação de kara () indica que karate é a técnica que permite que alguém se defenda com as mãos limpas e punhos sem armas.

_ Em segunda conotação, exatamente como é o espelho limpo que reflete sem distorção ou um vale quieto que ecoa um som, assim deve ser aquele que estuda Karate-Do: purga a si próprio do egoísmo e da maldade completamente, pois só com uma mente clara e uma consciência limpa pode ele entender aquilo que procura. Este é outro significado do elemento "kara" no Karate-Do.

_ Em seguida, aquele que estuda Karate-Do deve sempre empenhar-se para ser interiormente humilde e externamente nobre. Entretanto, uma vez que ele tenha decidido a lutar pela causa da justiça, então deve ter a coragem como expressa no provérbio, "Mesmo que ele seja dez milhões de inimigos, eu vou". Assim, ele é igual ao talo do bambu verde: oco (kara) por dentro, reto e com nós, isto é, sem egoísmo, nobre e moderado. Este significado está também contido no elemento "kara" de Karate-Do (em japonês o vazio indica sem egoísmo; a retidão, obediência e nobreza; e os nós, força de caráter e moderação).

_ Finalmente, em um caminho fundamental, a forma do universo é o vácuo (kara), e, assim, vácuo é sua própria forma. Há muitas espécies de artes marciais: judo, kendo, sojitsu, bojitsu e outras, mas num nível fundamental todas estas artes apóiam-se sobre a mesma bases que o Karate-Do. Não é exagero dizer que o senso original do Karate-Do é uno com as bases de todas as artes marciais. A forma é o vazio e o vazio é sua própria forma. O "kara" do Karate-Do tem este significado.

A ilha de Okinawa






A ilha de Okinawa foi, desde sempre, um ponto de contacto entre a cultura chinesa e a cultura do Japão. É nesta ilha, sucessivamente conquistada pelos imperadores chineses e pelos senhores feudais japoneses, que o Karaté toma forma sob a qual o conhecemos hoje na Europa, embora dividido em cinco escolas fundamentais de que falarei mais adiante. Nessa época era proibido em absoluto aos habitantes da ilha, sob domínio japonês, o uso das armas. Mesmo as armas brancas eram interditas. Só os samurais invasores podiam fazer uso das suas. Destas interdições nasce o Okinawte-Te, misto da escola Kempo e de técnicas locais. Constituíram-se seitas secretas que praticavam secreta e intensamente, de noite, entre discípulos seguros. Pés e mãos transformavam-se em armas terríveis capazes de substituir os punhos e as espadas. As pontas dos dedos tornaram-se tão perigosas como facas. Os cotovelos e os joelhos adquirem a potência de matracas, dos maços de ferro. Os braços a solidez dos sabres. Nesse Karaté, todos os membros eram utilizáveis procurando, sistemática e rapidamente, uma eficácia absoluta e rápida. Os golpes são sistematizados á velocidade máxima. Os estrangulamentos, luxações, projecções do corpo ao solo foram totalmente abandonados, ficando como meios acessórios. Esta fase explica a diferença de eficácia entre o Karaté e o Jiu-Jitsu japonês, mais tarde substituído pelo Judo. Em cerca de 1900, o estudo do Karaté foi divulgado em Okinawa pelos mestres Itosu e Hihaona, já com carácter oficial e aberto. Depois o governo japonês, na pessoa dos ministros, convida os mestres a ensinar Karaté no Japão. É então que entre todos se destaca o mestre Gichin Funakoshi, como personagem de primeiro plano e figura de nível intelectual, mental e espiritual impar, como ainda hoje se venera o seu espirito para que presida ao trabalho em cada “Dojo”. Esse homem de olhar repousante e firme de que vemos, na parede central de cada “Dojo” de Karaté, a fotografia. É ele que organiza a escola Shotokan, codificando as actuais formas de Karaté no Japão e insuflando a uma simples técnica a forma mental do Karaté como era praticado por Bodhidarma, associando o corpo e o espirito, como nas antigas formas do Kempo. Este espirito encontrou um ressonância particular nos adeptos do Budismo-Zen e nos jovens japoneses plenos de espirito marcial do “Budo”, caminho da perfeição humana através de uma das técnicas marciais (judo, Kendo, Aikido, Karaté e Sumo). Foi assim introduzido o Karaté no Japão atingindo o apogeu antes da guerra. Foi contudo a guerra que atingiu mais duramente o Karaté. Com o espírito indomável do Karaté, milhares de instrutores tombaram no fogo. Dezenas foram os famosos kamikaze, que enfrentaram serenamente e com prazer a morte contra o torpedeiros americanos. O próprio filho de Gichin Funakoshi morreu de fome, recusando as rações americanas do após guerra. Dezenas de instrutores treinavam a população de maneira a fazer frente a um desembarque americano nas constas do Japão, submetendo os civis a um treino sem limite. Quem conhece a história dessa guerra mortífera decerto recorda a superioridade tremenda da guerrilha japonesa nas ilhas ocupadas. O período de após guerra, mais calmo, e com a morte de velhos mestres (Funakoshi morreu com a idade de 88 anos), serviu para dividir os estilos. Os discípulos separam-se para ensinar, muitas vezes longe da disciplina e da técnica de origem.