O
questionário foi constituído, na primeira parte, de uma avaliação
sócio-econômica, em que perguntou-se sobre sexo, faixa etária, ocupação, renda
familiar, quantas pessoas vivem desta renda, residência e escolaridade. Estas
perguntas serviram para avaliar qual o perfil dos ouvintes de rádio e do
programa “A Voz do Brasil”.
A
segunda parte do questionário foi voltada para a introdução do tema deste
trabalho (O poder da Comunicação e a Comunicação do Poder. Um Caso: A Voz do
Brasil), uma vez que é um programa radiofônico. Nesta parte do questionário,
procurou-se descrever e analisar o perfil dos ouvintes, bem como, verificar se
as pessoas escutavam rádio, em qual período do dia elas o faziam e qual o tipo
de programa os entrevistados revelam preferência.
Por
outro lado, procurou-se saber se os entrevistados escutavam o programa em
questão, o porquê de escutar ou não “A Voz do Brasil”, o que achavam do
programa, o que gostavam ou não, o que precisava melhorar e, para finalizar,
investigou-se se os entrevistados gostaram das mudanças implantadas no
programa, em primeiro de setembro de 2003.
Ao término da compilação de dados, era
necessário que algumas questões fossem solucionadas, como por exemplo: “Qual o
perfil do cidadão de Ubá/MG que ouve o programa ‘A Voz do Brasil’?”; “Do que
ele mais gosta?”; “O que ele acha que deve mudar?”; “E quanto às pessoas que não
ouvem?”; “Porque elas não o fazem?”; “Porque elas não têm motivação para ouvir
‘A Voz do Brasil’?”; “Por fim, quais seriam as modificações necessárias para,
além de manter seus ouvintes, o programa “A Voz do Brasil” precisaria para
angariar novos adeptos?”. Assim sendo, procurou-se responder a estas perguntas
nas próximas seções.
PERFIL DOS OUVINTES
Traçando o perfil dos ouvintes do
programa “A Voz do Brasil”, percebeu-se que este universo compreende, 36% de
todas as pessoas que responderam ao questionário. Se considerarmos que a média
nacional dos ouvintes do programa “A Voz do Brasil” é de em 5%, os ouvintes
ubaense estão, relativamente, acima da média.
Vamos, então, traçar um perfil do
cidadão ubaense que escuta diariamente o programa radiofônico “A Voz do
Brasil”. Do universo de ouvintes, notou-se que 33% dos ouvintes são do sexo
feminino, enquanto 67% são do sexo masculino.
As mulheres ouvintes (33%) possuem
faixa etária compreendida entre 30 e 50 anos. Deste universo, 50% estão
desempregadas e 50% não responderam.
Os ouvintes do sexo feminino, que
totalizam 33%, possuem alto índice de escolaridade, ou seja, ou estão cursando
o ensino superior ou já o concluíram. Têm o costume de escutar rádio à noite,
ou durante todo o dia, mas preferem, essencialmente, programas musicais a
programas interativos ou jornalísticos.
Escutam o programa “A Voz do Brasil”,
devido à obrigatoriedade da transmissão, ou porque, além de considerar que é um
programa fundamental para o brasileiro, procuram se manter informadas.
As mulheres gostam do informativo
estatal porque possui notícias dos Três Poderes Constituídos separadas, além da
linguagem que é utilizada na realização do mesmo. Elas ainda consideram que as
vinhetas precisam ser melhoradas.
Quando indagadas sobre as mudanças
implantadas no programa em primeiro de setembro de 2003, elas se dividiram: 50%
delas disseram que não perceberam as modificações, e 50%, afirmaram que o
programa ficou mais interessante após as modificações.
Já quanto ao perfil dos ouvintes do
sexo masculino, 67% do total possuíam idade entre 30 e 50 anos. Deste universo,
75% são autônomos, e apenas 25% trabalham com carteira assinada.
O nível de escolaridade é outro fator
difere os homens das mulheres. Apuramos que 75% dos homens que afirmaram ouvir
diariamente o programa “A Voz do Brasil” disseram já ter concluído o ensino
superior, e apenas 25% completaram somente o ensino fundamental.
Os homens ouvem rádio durante todo o
dia, tendo preferência, essencialmente, por programas jornalísticos. Como segunda
opção, alguns deles preferem o programa musical ao programa interativo.
As pessoas do sexo masculino afirmaram
que escutam o programa para se manterem informados, e consideram “A Voz do
Brasil” um programa fundamental para o brasileiro. Mas há quem tenha dito,
também, que escuta programa porque o
rádio está ligado.
Os homens gostam do fato de haver
notícias dos Três Poderes no informativo estatal, além de apreciarem a
linguagem utilizada. Entretanto, como as mulheres, consideram que as vinhetas
utilizadas são pouco atrativas. Eles também não gostam da nova roupagem dada à
música de abertura (Ópera “O Guarani”), e há quem não tenha aprovado a
introdução de uma voz feminina no programa.
Eles consideram que, apesar de já terem
sido feitas modificações em primeiro de setembro de 2003, várias melhorias
precisam ser implementadas no informativo, como os moles utilizados, as
vinhetas, a música de abertura, os locutores e as informações transmitidas.
Quando questionados sobre as mudanças,
apenas 25% dos ouvintes diários do sexo masculino, disseram que as mudanças não
eram necessárias. No entanto, 50% dos que responderam que escutam o programa
diariamente disseram que o programa ficou mais interessante com as
modificações.
Após a compilação de dados, verificamos
que tanto os homens quanto as mulheres que escutam diariamente o programa “A
Voz do Brasil” foram unânimes em dizer que as vinhetas são pouco atrativas.
Entretanto consideram o programa fundamental para o povo brasileiro.
PERFIL DE NÃO OUVINTES
Embora possamos considerar que os
índices de audiência do programa “A Voz do Brasil” em Ubá/MG sejam
satisfatórios (36%), existe uma gama de pessoas que não escutam o informativo
eletrônico estatal.
Como 64% dos entrevistados não escutam
o programa em Ubá/MG, precisávamos apurar o motivo deste fato acontecer.
Conheçamos, então, o perfil dos cidadãos ubaenses que não escutam o programa.
A faixa etária das pessoas que não
escutam o informativo radiofônico, segundo compilação de dados, é relativamente
baixa. Tanto entre os homens, quanto
entre as mulheres os percentuais são os mesmos. No total, a maioria das pessoas
que possuem a faixa etária compreendida entre 20 e 30 anos não escutam “A Voz
do Brasil”.
Mesmo com a faixa etária relativamente
baixa, se compararmos com o mesmo tópico da pesquisa realizada com os ouvintes
assíduos do informativo radiofônico, o nível de escolaridade de ambos os sexos,
pode ser considerado relativamente alto.
Chegou-se a essa conclusão, devido ao
fato de 50% dos homens que não escutam o programa “A Voz do Brasil”, possuírem
o ensino superior incompleto e 15% terem concluído o ensino superior. Cinco por
cento não terminaram o ensino médio, enquanto 15% concluíram o antigo segundo
grau. Deste universo, apenas 15% concluíram só o ensino fundamental.
Quanto as mulheres, também encontrou-se
um maior número relativo ao ensino superior incompleto, totalizando 39%.
Enquanto 15% das mulheres concluíram o ensino superior, apenas 8% terminaram o
ensino fundamental. Com relação ao ensino médio, 19% concluíram o antigo
segundo grau, enquanto os outros 19% ainda não terminaram.
Ao considerarmos os dados da questão na
qual indagamos às pessoas os motivos pelos quais elas não ouvem o informativo
eletrônico estatal , apuramos que 56% das mulheres disseram que não gostam do
programa. 20% disseram que não ouvem porque não gostam, e 20% disseram preferir
outra distração. Apenas 4% disseram não escutar rádio.
Já 41% dos homens entrevistados
disseram não gostar do programa, enquanto 36% afirmaram preferir outra distração.
Apenas 5% afirmaram não ouvir rádio e 18% disseram não ouvir rádio porque estão
trabalhando na hora de exibição do programa.
Perguntou-se, também, às pessoas que
não escutam o programa “A Voz do Brasil” o que, em sua opinião, precisa passar
por modificações.
Para 74% dos homens que não escutam o
informativo eletrônico estatal, o que mais precisa de melhorias são os
locutores. Para 13%, os moldes utilizados deveriam passar por modificações, e
9% acham que são necessárias mudanças na música de abertura. Apenas 4%
consideram que as vinhetas precisam de reformulações. A opção “informação dos
Três Poderes”, que seriam notícias dos três Poderes Constituídos, não foi
citada.
Já 48% das mulheres que não ouvem o
programa consideram que os moldes do programa precisam sofrer modificações,
enquanto 19% consideram que os locutores precisam de melhorias. Cinco por cento
acreditam que as reformulações devem ser feitas no fato de ter notícias dos
Três Poderes e 14% consideram que a música de abertura necessite de reformulações.
14% destas mulheres acham que as vinhetas precisam de modificações.
CONCLUSÃO
O rádio é um veículo que tem grande
acessibilidade às pessoas. Nenhum outro motivo justificaria a manutenção de um
programa como “A Voz do Brasil” por mais de 40 anos.
Neste trabalho, avaliou-se que, ao
longo da história, a comunicação, em si, sempre foi muito importante. Desde os
primórdios, a comunicação é utilizada de várias formas e diversas finalidades.
Desde Platão e Aristóteles, chegando aos tempos de hoje, constatamos que nada
seria possível se não fossemos capazes de nos comunicar. Tudo isto é devido ao Poder da Comunicação.
Neste sentido, governantes como Hitler
e Vargas, perceberam o grande valor dos meios de comunicação de massa. Adotaram
políticas que podemos chamar de “marketeiras”, uma vez que utilizaram o rádio
(meio de comunicação da época com o maior alcance) para divulgar suas ações e
pensamentos, demonstrando toda a força da Comunicação
do Poder.
Assim, entrelaçamos estas duas forças,
acima citadas, e as escolhemos para projeto de estudo mais aprofundado, ou
seja, estabelecer uma relação entre O
Poder da Comunicação e a Comunicação do Poder.
Os ouvintes do programa radiofônico “A
Voz do Brasil” são o que podemos chamar “fiéis”. Todos os dias, a partir das
19hs, uma média de 34% dos ubaenses sintonizam as ondas de um programa criado
em 1935.
A única razão
deste fato acontecer é devido à importância, segundo eles, das notícias
repassadas pelos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, pois, ainda segundo
a pesquisa realizada, os ouvintes consideram estas informações fundamentais
para todo brasileiro que quer se manter informado.
Apesar destas
considerações, eles acreditam, ainda, que modificações podem melhorar o
programa. As vinhetas, bem como a nova roupagem da ópera “O Guarani” (música de
abertura) e a introdução de uma voz feminina, são considerados, pelos ouvintes
assíduos de “A Voz do Brasil”, pontos que precisam ser revistos.
Mesmo com os
ouvintes pedindo as mudanças citadas, uma boa parcela destes ouvintes
consideram que as melhorias implantadas em primeiro de setembro de 2003
deixaram o programa um pouco mais interessante. Em contrapartida, existem
aqueles que não perceberam a mudança.
Apuramos, ainda,
que 64% dos entrevistados não ouvem o programa. Deste total, 56% das mulheres e
41% dos homens disseram não gostar do programa “A Voz do Brasil”.
Todos as pessoas
foram unânimes em dizer que o informativo eletrônico estatal precisa de
reformulações. Para as mulheres que afirmaram não ouvir “A Voz do Brasil”, os
moldes utilizados no programa precisam ser modificados. Já os homens pensam que
os locutores precisam mudar. A preferência por programas musicais é um fator
comum entre homens e mulheres que não escutam o programa.
As vinhetas foram o principal alvo de
críticas do público. Locutores, mesmo com a introdução de uma voz feminina, e
os moldes, mesmo sendo considerados modelos, também foram lembrados. Nem mesmo
a ópera “O Guarani”, tema de abertura do noticiário eletrônico, deixou de ser
criticada.
As músicas de abertura de todo
noticiário devem ser marcantes. A ópera “O Guarani” caiu no “desgosto” popular,
mesmo com as reformulações pelas quais passou. O tema de abertura do programa
“A Voz do Brasil” ganhou cara nova após ser gravada em vários ritmos, como
samba, pop rock, entre outros gêneros musicais.
Estas modificações não foram
necessárias para conseguir maiores índices de audiência. Devemos nos ater ao
fato de que existem pessoas que sequer perceberam as mudanças, mesmo um ano
depois de sua implementação.
Algumas medidas deveriam ser tomadas em
relação ao programa. As modificações são essenciais para que o programa consiga
um maior índice de audiência.
Retornemos, então, a um passado
recente. Quando o Governo Vargas instituiu o programa “A Hora do Brasil”,
segundo relatos de pessoas que vivenciaram a época, durante a exibição do
mesmo, havia divulgação da Música Popular Brasileira (MPB).
Esse fato fazia com que as pessoas
ficassem ligadas no programa, que, desta forma, detinha altos índices de
audiência, ou seja, as pessoas, além de terem acesso às informações que eram
repassadas pelo governo, ouviam “boa música”, expandindo, assim, a cultura
popular.
Na década de 1970, com a criação do
Projeto Minerva, mais uma vez, altos índices de audiências foram alcançados. O
que atualmente é denominado EAD (Ensino à Distância), já era praticado naquela
época, com a pretensão de expandir a educação através do rádio, fato consumado
através deste projeto.
Os números divulgados no site da
Universidade Federal de Santa Catarina (21), mostram que o projeto
aumenta índices de audiência. De outubro de 1970 a outubro de 1971 participaram
do Projeto um total de 174.246 alunos; desses, 61.866 concluíram os cursos.
A idéia, a princípio, não é reformular
de uma só vez o programa, mas questionar a população, através de pesquisa
popular, a ser realizada em todo o território nacional, para que sugiram as
modificações necessárias para que os ouvintes assíduos de “A Voz do Brasil”
continuem e, não de outra maneira, que as pessoas que não escutam, passem a
fazê-lo.
Acreditamos que o objetivo do programa
“A Voz do Brasil” é fazer a “ponte” entre o governo e os cidadãos. Uma vez que
a parcela de ouvintes, independente da média nacional, ou da média apurada
neste estudo, pode ser considerada baixa.
Como a transmissão do programa é
obrigatória, e muitas emissoras estão entrando na justiça para ter direito a
não executar a retransmissão, concluímos também a partir dos dados colhidos,
que a reformulação é inevitável.
O rádio traz características de
jornalismo e entretenimento. Por que, então, não aproveitá-las? Unindo estas
possibilidades, à medida em que conseguirmos passar para a população que o
programa “A Voz do Brasil” não é somente informação dos Três Poderes, mas sim
uma ferramenta que os políticos possuem para expandir cultura e educação,
através do rádio, único meio de comunicação a chegar aos mais longínquos pontos
deste país “continental” chamado Brasil.
Concluindo, somente desta forma,
acreditamos que O poder da Comunicação
em detrimento da Comunicação do poder
faria com que bons índices de audiência e o real objetivo do programa
radiofônico “A Voz do Brasil” fossem plenamente alcançados.
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www.folhaonline.com.br Site do
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estão unidas contra a voz do Brasil”.
21)
www.eps.ufsc.br
Universidade Federal de Santa Catarina
Por:
Martim A. C. Barbosa
Técnico
em Serviços Públicos – IFET Juiz de Fora
Bacharel em Comunicação Social – Jornalista – FAGOC
Pós
Graduado em Gestão da Comunicação Empresarial - FIJ
Aluno
do curso de Pós Graduação em Gestão Pública – UFJF
*Artigo publicado na revista científica da Fagoc (2005)