Além do Diploma, os jornalistas brasileiros também vão lutar por outros dois projetos de lei agregados na agenda da categoria. O PL 2960/111, de autoria do deputado André Moura (PSC-SE), que fixa o piso salarial nacional para jornalistas em R$ 3.270, para jornada de 30 horas semanais. E o PL 1078/2011, do deputado federal Delegado Protógenes (PCdoB-SP) que pretende federalizar os crimes contra jornalistas ficar comprovado que houve omissão ou ineficiência das esferas estaduais ou municipais.
Um dos apoiadores da PEC do Diploma é o senador Eduardo Suplicy (PT/SP), que votou favorável à proposta no primeiro turno. Suplicy, que é jornalista, foi redator do jornal Folha de São Paulo e é sindicalizado desde 1980, sob a matrícula de número 6.571. O senador Aloysio Nunes PSDB/SP), que votou contrário à PEC do Diploma, também foi procurado pela redação mas não quis justificar o seu voto contrário aos interesses da categoria.
Leia a entrevista do senador Suplicy
Unidade: Que motivos o levaram a votar a favor da PEC do Diploma, aprovada em 1º turno no Senado, no final de 2011?
Eduardo Suplicy: O jornalista exerce a função de fazer a ligação entre um fato, um acontecimento e a sociedade. É um engano pensar que qualquer pessoa, sem nenhum preparo técnico, sem visão universal, sem espírito crítico e de investigação, e sem compromisso ético com o direito fundamental à informação, possa cumprir essa tarefa de avaliar fatos e transmiti-los com minúcias, chegando o mais perto da verdade possível, ao leitor, ao telespectador e ao ouvinte. É isso que transforma o ser humano a cada dia e, no conjunto, também transforma a sociedade, formando um leque enorme de opiniões. Assim é a democracia.
Unidade: O senhor enquanto associado do Sindicato dos Jornalistas considera a qualificação fundamental?
Eduardo Suplicy: O jornalista, no dia-a-dia, escreve a história que será estudada no futuro. Isso exige preparo, observação, profundidade - que a universidade, onde se pratica o trânsito das ideias, pode dar. Além de tudo, o diploma veio organizar a profissão. Cabe também salientar o relevante papel do colaborador, assim entendido aquele que, sem relação de emprego, produz trabalho de natureza técnica, científica ou cultural, relacionado com a sua especialização, para ser divulgado com o nome e a qualificação do autor, a quem não será exigido o diploma, como diz o parágrafo 8º do art. 220 da Constituição, proposto para ser alterado por meio da PEC 33/2009. O mesmo ocorreu com os provisionados na época da instituição da obrigatoriedade do diploma. Não estou falando de artigos, crônicas, onde o mais importante é a análise de um acontecimento do ponto de vista do autor. Falo do noticiário, do que está acontecendo agora ali na esquina e todo mundo tem o direito de saber - e da melhor maneira, sem interpretações.
Unidade: O senhor acredita que a PEC será aprovada em 2º turno e também na Câmara dos Deputados?
Eduardo Suplicy: Acredito que será aprovada. Eu, pelo menos, batalharei por ela.
Unidade: Na sua avaliação, o que levou o Supremo Tribunal Federal a derrubar a exigência do diploma de jornalismo? Quais os reflexos desta decisão para a profissão?
Eduardo Suplicy: Creio que houve uma interpretação de que a obrigatoriedade do diploma estava prevista apenas em lei, o que não é o caso agora desta Proposta de Emenda à Constituição.
Unidade: Para o senhor a criação de um novo Marco Regulatório para regular os meios de comunicação é necessário?
Eduardo Suplicy: Sim, é necessário. Um novo Marco Regulatório assegurará o cumprimento da Constituição que garante a liberdade de imprensa, de pensamento, de opinião e de expressão. A liberdade não pode ser questionada e deve ser protegida. O diploma é uma forma de garantir essa liberdade fundamental de todos.
Unidade: Em sua opinião, como democratizar e tornar mais transparente o processo de concessões de rádio e TV no país?
Eduardo Suplicy: Exercendo radicalmente a democracia, garantindo a liberdade de expressão e informação e de imprensa, no sentido mais amplo, que hoje abrange toda a diversidade dos modernos meios de comunicação.
Fonte: Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo