A tradição dos Jogos Olímpicos, próximos à Vila Olímpia, que
homenageavam Zeus, o “pai dos deuses”, supera dois milênios. Registros oficiais
remontam a 776 antes de Cristo. No intervalo entre as celebrações, os
competidores treinavam em suas cidades, culminando num período de
“concentração”: faltando 60 dias para os Jogos, deslocavam-se para a cidade de
Elis, totalmente dedicados à “Olimpíada”, a preparação do atleta, no caminho
para Olímpia. As mulheres eram proibidas de ingressar, infração punida com a
morte.
Apenas os cidadãos livres e gregos natos, inscritos para a
competição, podiam participar das disputas, conforme estabelecido por um Código
de conduta rígido, cuja infração era punida com rigor, fonte histórica do
Direito Disciplinar Desportivo.
As disputas reuniam atletas e espectadores de todas as
cidades gregas, que simplesmente paravam. Guerras e combates eram
interrompidos. Qualquer semelhança com o Brasil, em dias de jogos da Seleção,
na Copa de Futebol, não é coincidência!
Nos Jogos modernos, o vencedor recebe uma medalha com, no
mínimo, seis gramas de ouro. Nos antigos jogos gregos, o vencedor era laureado
com uma coroa de folhas de louro, símbolo da vitória, sem valor comercial.
Contudo, tornava-se um ídolo, glorificava sua cidade. Todos se deslocavam para
assistir aos Jogos. O vencedor era venerado como “semideus”, sendo uma honra
para qualquer cidadão ofertar algo ao “herói”. A expectativa de vida, em anos,
era muito inferior aos dias atuais; assim, pelo resto de seus dias, o herói
desfrutava, em sua cidade, de uma vida confortável, com alimentação e todas as
regalias.
Registros oficiais apontam que a celebração dos Jogos
Olímpicos durou até o ano de 394 depois de Cristo, quando o Imperador Teodósio,
que havia oficializado o Cristianismo, baniu os Jogos “pagãos”; em troca do
esquecimento da crença reencarnacionista, a celebração dos Jogos Olímpicos
ficou adormecida por 1500 anos.
A mesma Paris que assistiu ao renascimento da crença
reencarnacionista na Doutrina Kardecista, viu ressurgir o movimento olímpico,
graças aos esforços do pedagogo e esportista francês, Barão Pierre de
Coubertin. Estudou na Universidade de Ciências Políticas, mas recusou a
carreira militar, movido pelo ideal pedagógico. Trabalhou pela reforma do
sistema educacional da França e viu no esporte, sobretudo nos ideais olímpicos
gregos, uma fonte de inspiração para o aperfeiçoamento do ser humano.
Em 1892, durante conferência na Universidade Sorbonne, em
Paris, apresentou estudo sobre “Os exercícios físicos no mundo moderno”,
anunciando o projeto de restabelecer os Jogos Olímpicos, ideia que naquele
momento fracassou, diante da incompreensão geral, ficando, todavia, plantado o
ideal.
Dois anos depois, em 23 de junho de 1894, durante congresso
de educação e pedagogia, na mesma universidade, Coubertin defendeu a criação de
um órgão internacional, que unificaria diferentes esportes e promoveria, a cada
quatro anos, competição entre atletas amadores, ampliando para o mundo todo o
que acontecia na Grécia Antiga.
A concepção moderna do Olimpismo, filosofia que sintetiza a
“relação amigável entre as pessoas de diferentes países a partir do esporte”,
foi aceita pelos congressistas, e dois anos depois aconteciam os “I Jogos
Olímpicos da Era Moderna”. Nascia o Comitê Olímpico Internacional (IOC), do
qual o Barão de Coubertin foi presidente entre 1896 e 1925. Coubertin faleceu
repentinamente em dois de setembro de 1937, em Genebra. Conforme testamento,
seu corpo foi enterrado na Suíça, país que havia oferecido compreensão e abrigo
à sua obra, mas seu coração foi sepultado num obelisco de mármore no santuário
de Olímpia, na Grécia.
Na competição seguinte, realizada no ano de 1900, Paris
receberia quase o dobro de países (24), e mais que o quádruplo de atletas,
1.225. Também nesta competição houve a primeira participação feminina nos Jogos
Olímpicos, com a presença de 19 atletas mulheres. Quebrou-se assim a tradição
milenar, pois na Grécia antiga as mulheres eram proibidas até mesmo de assistir
às disputas, sendo que as casadas, caso fossem flagradas nos locais de
competição, eram condenadas à morte.
Movimento Olímpico
O esporte é o maior acontecimento social, e os Jogos
Olímpicos são o evento com maior número de espectadores, envolvendo mídia
bilionária. O orçamento dos jogos supera o da agência espacial norte-americana,
a NASA; somando os recursos que circulam entre praticantes e espectadores,
supera o PIB de diversos países.
O Comitê Olímpico Internacional (IOC), organização não
governamental e sem fins lucrativos, tem sede em Lausanne, na Suíça, é a
entidade máxima do esporte mundial.
Reúne centenas de Federações Internacionais e todos os países filiados
através de cada respectivo Comitê Olímpico nacional, promovendo o Olimpismo e o
Movimento Olímpico Internacional, estimulando a prática do esporte para
desenvolvimento sadio e aproximação e congregação entre os povos, raças e
religiões. A Carta Olímpica, conjunto de regras adotadas pelo IOC, resume os
princípios fundamentais do Olimpismo, a organização e funcionamento do
Movimento Olímpico e as condições para celebração dos Jogos Olímpicos.
Em 1913 foi criado o símbolo da competição, os cinco anéis
olímpicos, representando todos os continentes, entrelaçados pelo esporte:
África (preto); Ásia (amarelo); Oceania (azul); América (vermelho) e Europa
(verde). O movimento olímpico para união dos povos através do esporte é tão
expressivo que os arcos olímpicos, idealizados há apenas um século, alcançam
reconhecimento superior a símbolos milenares, como por exemplo, a cruz, símbolo
do Cristianismo. Pesquisa realizada pela empresa de marketing global
Sponsorship Reserch International em nove países de cinco continentes
identificou os anéis olímpicos como o logotipo com o mais alto índice de
associação do mundo. Praticamente 80% da população do mundo o reconhece
espontaneamente.
Os membros do Comitê Olímpico Internacional votam a Sede
Olímpica sete anos antes da data prevista para a realização dos Jogos, entre as
cidades candidatas. Há acirrada disputa: ao sediar os Jogos, a cidade ganha
visibilidade na mídia, facilitando a colocação dos produtos locais no mercado
internacional, recebe milhões de visitantes, atletas, dirigentes, árbitros,
médicos, preparadores, imprensa (repórteres, cinegrafistas equipe técnica),
além, é claro, dos espectadores, todos consumidores de produtos e serviços como
estadia, alimentação, transporte, vestuário, lembranças e muitos outros.
Atenas, na Grécia, realizou os primeiros Jogos Olímpicos da
era moderna, em 1896, com apenas 245 atletas de 14 países. Em 2004, a mesma
cidade recebeu mais de 50 mil pessoas envolvidas no evento entre profissionais
de mídia, técnicos, voluntários, e os 11.099 atletas, além das centenas de
milhares de espectadores, terminando por enfrentar dificuldades para promover
as reformas necessárias aos deslocamentos com segurança e relativa rapidez
devido aos sítios arqueológicos.
Há jogos regionais e continentais, além outros eventos
preparando e selecionando os melhores, que disputarão os Jogos Mundiais.
Atualmente, cresce a importância dos Jogos Para-Olímpicos, voltados às pessoas
portadoras de inabilidades físicas.
Desde 1995, o Brasil prepara-se para sediar os Jogos
Olímpicos. Realizamos os Jogos Olímpicos de Verão (Copacabana/ RJ, 1995, e
1996) e Jogos Olímpicos de Inverno (Ibirapuera, SP, 1995), e a Magna Carta,
desde antes, em 1988, ordena a “proteção e o incentivo às manifestações
desportivas de criação nacional”.
Os jogos serão realizados entre os dias 5 e 21 de agosto de
2016, sendo o local de abertura e encerramento o Estádio do Maracanã, no Rio de
Janeiro. A escolha foi feita durante a
121ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional, que aconteceu em Copenhague,
Dinamarca, em dois de Outubro de 2009. Serão disputadas 28 modalidades, duas a
mais em relação aos Jogos Olímpicos de Verão de 2012. O Comitê Executivo do COI
sugeriu as inclusões do Rugby Sevens e do golfe, que foram aprovados durante a
121ª Sessão. O programa dos Jogos ainda poderá ser expandido, após o sucesso de
novas modalidades incluídas nos primeiros Jogos Olímpicos da Juventude,
realizados em Cingapura em 2010. Os Jogos Paraolímpicos, também organizados
pelo Comitê Olímpico Internacional, serão sediados na mesma cidade entre 7 e 18
de setembro do mesmo ano.