Os veículos do interior conseguem superar os da capital no desrespeito aos profissionais jornalistas. Isso pode ser comprovado a cada campanha salarial. Quando assinam os acordos, muitas empresas simplesmente não os cumprem. São inúmeras as irregularidades. Como os jornalistas não dispõem de um conselho de classe com poder de polícia para autuar com rapidez essas empresas infratoras, ficamos dependendo das DRTs.Entretanto, as Delegacias do Trabalho não dispõem de fiscais suficientes, o que torna o processo de busca de uma solução por meio da intervenção do órgão extremamente demorado.
A imobilidade dos profissionais jornalistas também contribui para reforçar essa situação. Porém, na campanha salarial deste ano já foram realizadas algumas assembleias regionais e as denúncias não param de chegar.
Só a título de exemplo, vale citar o que veio à tona durante assembleia que aconteceu no Vale do Aço, na sexta-feira, 2 de março. O sindicato recebeu uma série de denúncias, dentre as quais a de que uma empresa pratica salários diferenciados para profissionais que exercem as mesmas funções. Isto está acontecendo na Intertv, afiliada da Rede Globo de Televisão, que paga valores desiguais para repórteres de Montes Claros, Teófilo Otoni, Coronel Fabriciano e Governador Valadares.
No Vale do Rio Doce, a Rádio Itatiaia, de Coronel Fabriciano, emprega cinco repórteres como locutores ou radialistas.
Foi ainda denunciado que em nenhum veículo há pagamento de horas-extras e que, em muitos deles, o próprio repórter é o motorista do carro de reportagem. Repórteres cinematográficos são contratados como operadores de câmera e também exercem a função de motorista. Há também repórteres trabalhando na produção e na apuração sem receber o adicional devido pelo acúmulo de funções, numa clara afronta ao Acordo Coletivo assinado entre as empresas e o sindicato. A jornada de trabalho dos plantões nos fins de semana chega a 14 horas. Tudo isso, sem levar em conta os míseros reais pagos como salário, que estão bem pouco acima do vergonhoso piso salarial.
Neste ano estaremos empenhados em que os patrões cumpram a data-base e não fiquem empurrando com a barriga a data dos acordos para o fim do ano. Também estamos realizando uma campanha equiparando as reivindicações do interior com as da capital. Não se justifica tratamento diferenciado para profissionais que exercem com responsabilidade as mesmas funções, independentemente do local onde estão lotados.
A hora é agora! Precisamos nos mexer. Nós, que cobrimos tantos movimentos reivindicatórios e grevistas, precisamos lutar também por nossas causas. Feijão duro e patrão, só na pressão!