quarta-feira, 21 de maio de 2014

Quadrilha usa o nome da Maçonaria para aplicar golpe de R$ 4 milhões

Investigação identificou, no mínimo, 20 vítimas; chefe do grupo já foi preso.

Falsa sede da Maçonaria também usava a internet e programas de televisão para conseguir novos integrantes (Foto: Reprodução)Falsa sede da Maçonaria também usava a internet e programas de televisão para conseguir novos integrantes (Foto: Reprodução)
Mandados de busca e apreensão e de prisão são cumprindo nesta quarta-feira (21) pela Polícia Civil do Paraná para desarticular uma quadrilha que utilizava irregularmente o nome da Maçonaria para aplicar golpes em Curitiba e em Campo Largo, na Região Metropolitana. Os suspeitos, de acordo com a polícia, angariaram cerca de R$ 4 milhões, com a promessa de que os contribuintes teriam retorno financeiro. A quadrilha mantinha a Grande Loja Mista do Rito Memphis-Misraim, um luxuoso templo em forma de castelo, em Campo Largo, como a suposta  sede da Maçonaria. O grupo também utilizava programa televisivo e também uma página na internet para conquistar novos participantes. Já foram identificadas 20 vítimas, mas a polícia acredita que mais pessoas tenham sido enganadas.
Com o nome de Castelo de Areia, a operação é fruto de dois meses de investigação. Segundo o delegado chefe da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas de Curitiba, Marcelo Lemos de Oliveira, o golpe era aplicada há anos. “Eles montaram uma maçonaria, mas era tudo golpe para atrair pessoas e angariar dinheiro com as adesões. As pessoas faziam adesão e começavam a contribuir com determinado valor”, explicou o delegado, que preferiu não dar detalhes sobre a investigação enquanto os mandados são cumpridos.
Falsa sede da Maçonaria ficava em Campo Largo (Foto: Reprodução)Falsa sede da Maçonaria ficava em Campo Largo
(Foto: Reprodução)
A Maçonaria não convida ninguém para participar da ordem, entretanto, no site utilizado pelos suspeitos, existe um espaço para os interessados preencherem uma ficha. Também há divulgação de um conta bancária para doações.

Segundo a polícia, o grupo criminoso era bem articulado, com a divisão clara de funções. Prova disso, complementou o delegado, é que foram expedidos mandados de prisão preventiva. O homem apontado como o chefe da quadrilha e a esposa dele já foram presos. Ele tem antecedentes criminais por estelionato e por apropriação indébita.
O número exato de lesados só será conhecido após a análise de todo o material que está sendo apreendido por meio dos mandados. A polícia orienta que as pessoas que suspeitam terem sido vítimas, procurem a Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas.

Serviço
Delegacia de Estelionaro e Desvio de Cargas
Telefone: (41) 3261-6600
Enderenço: Rua Professora Antonia Reginato Vianna, 1177, Capão da Imbuia - Curitiba
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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Analfabetismo funcional

A condição de analfabeto funcional aplica-se a indivíduos que, mesmo capazes de identificar letras e números, não conseguem interpretar textos e realizar operações matemáticas mais elaboradas. Tal condição limita severamente o desenvolvimento pessoal e profissional. O quadro brasileiro é preocupante, embora alguns indicadores mostrem uma evolução positiva nos últimos anos.

Uma variação do analfabetismo funcional parece estar presente no topo da pirâmide corporativa e na academia. Em uma longa série de entrevistas realizadas por este escriba, nos últimos cinco anos, com diretores de grandes empresas locais, uma queixa revelou-se rotineira: falta a muitos profissionais da média gerência a capacidade de interpretar de forma sistemática situações de trabalho, relacionar devidamente causas e efeitos, encontrar soluções e comunicá-las de forma estruturada. Não se trata apenas de usar corretamente o vernáculo, mas de saber tratar informações e dados de maneira lógica e expressar ideias e proposições de forma inteligível, com começo, meio e fim.
Na academia, o cenário não é menos preocupante. Colegas professores, com atuação em administração de empresas, frequentemente reclamam de pupilos incapazes de criar parágrafos coerentes e expressar suas ideias com clareza. A dificuldade afeta alunos de MBAs, mestrandos e mesmo doutorandos. Editores de periódicos científicos da mesma área frequentemente deploram a enorme quantidade de manuscritos vazios, herméticos e incoerentes recebidos para publicação. E frequentemente seus autores são pós-doutores!
O problema não é exclusivamente tropical. Michael Skapinker registrou recentemente em sua coluna no jornal inglês Financial Times a história de um professor de uma renomada universidade norte-americana. O tal mestre acreditava que escrever com clareza constitui habilidade relevante para seus alunos, futuros administradores e advogados. Passava-lhes, semanalmente, a tarefa de escrever um texto curto, o qual corrigia, avaliando a capacidade analítica dos autores. Pois a atividade causou tal revolta que o diretor da instituição solicitou ao professor torná-la facultativa. Os alunos parecem acreditar que, em um mundo no qual a comunicação se dá por mensagens eletrônicas e tuítes, escrever com clareza não é mais importante.
O mesmo Skapinker lembra uma emblemática matéria de capa da revista norte-americana Newsweek, intitulada “Why Johnny can’t write”. Merrill Sheils, autora do texto, revelou à época um quadro preocupante do declínio da linguagem escrita nos Estados Unidos. Para Sheils, o sistema educacional, da escola fundamental à faculdade, desovava na sociedade uma geração de semianalfabetos. Com o tempo, explicou a autora, as habilidades de leitura pioraram, as habilidades verbais se deterioraram e os norte-americanos tornaram-se capazes de usar apenas as mais simples estruturas e o mais rudimentar vocabulário ao escrever, próprios da tevê.

Entre as diversas faixas etárias, os adolescentes eram os que mais sofriam para produzir um texto minimamente coerente e organizado. E o mundo corporativo também acusou o golpe, pois parte de sua comunicação formal exige precisão e clareza, características cada vez mais difíceis de encontrar. Educadores mencionados no artigo observaram: um estudante que não consegue ler e compreender textos jamais será capaz de escrever bem. Importante: a matéria da Newsweek é de 1975!
Quase 40 anos depois, os iletrados trópicos parecem sofrer do mesmo flagelo. Por aqui, vivemos uma situação curiosa: de um lado, cresce a demanda por análises e raciocínios sofisticados e complexos. E, de outro, faltam competências básicas relacionadas ao pensamento analítico e à articulação de ideias. O resultado é ora constrangedor, ora cômico. Nas empresas, muitos profissionais parecem tentar tapar o sol com uma peneira de powerpoints, abarrotados de informação e vazios de sentido. 
Na academia, multiplicam-se textos caudalosos, impenetráveis e ocos. Se aprender a escrever é aprender a pensar, e escrever for mesmo uma atividade em declínio, então talvez estejamos rumando céleres à condição de invertebrados intelectuais.
Fonte: Revista Carta Capital

terça-feira, 6 de maio de 2014

Brasil: uma tragédia anunciada!

Eu pensei em escrever várias coisas sobre o assassinato de uma mulher após a divulgação de um boato por uma página do facebook. Covardia? Barbárie? Penso que é um fato difícil de acreditar. Em virtude disso, eu queria dar parabéns aos "jornalistas" da página que divulgaram uma informação sem pesquisar, um retrato falado feito em 2012 e uma série de outros erros.
Jornalismo sério é feito por jornalistas que possuem formação! Você iria a uma consulta com uma pessoa que se diz médico? Você trataria de dente com uma pessoa que se diz dentista? Você se deixaria defender por uma pessoa que se diz advogado?
Pois bem. Acreditaram em informações de uma pessoa (ou um grupo) que se dizem jornalistas. Vejam o que aconteceu. E viva o Brasil, o país da Copa, das Olimpíadas e das tragédias anunciadas!!!