Não muito depois, Funakoshi passa a treinar com mestre
Anko Itosu,
[2] com quem aprende as principais técnicas. Por outro lado, o aprendizado se deu com outros mestres de renome, com os quais, além de obter novos conhecimentos, também foi influente, como
Kenwa Mabuni,
Kanryo Higaonna,
Chojun Miyagi.
[1]O mestre Itosu empreendera sérios esforços para popularizar a arte marcial, não sendo muito bem-sucedido, pelo que passou a chamá-la dekara-te, pois naquela época, fim do
século XIX, ainda era chamada de
to-de. Funakoshi parte daqueles movimentos e despende novos esforços. E, em
6 de março de
1921, o príncipe herdeiro Hirohito assiste a uma demonstração encabeçada por Gichin Funakoshi, no castelo de Shuri, ajudado por seus discípulos e pelo mestre Miyagi.
Depois, em
1922, no instituto
Kodokan, a convite do mestre
Jigoro Kano — criador do
judô — foi feita uma demonstração pública do caratê, permanecendo em
Tóquio por mais algum tempo.
Por volta de
1935, tem início um movimento de alguns discípulos de Gichin Funakoshi, para ver um lugar próprio de treino de caratê e, em
1936, esse esforço dá resultados e é finalmente construído um
dojô (em
japonês:
道場 sítio de treinot)
em sua homenagem e o chamaram de
Shotokan, ou "casa de Shoto", colocando uma placa com tal inscrição nos umbrais da entrada. Infelizmente, o prédio original foi destruído durante um bombardeio na
II Guerra Mundial.
Gichin Funakoshi não acreditava na diversificação de estilos, e sim que todo o caratê deveria ser um só, mesmo com as diferenças naturais de ensino que variam entre os professores.
[3]No desenvolvimento do estilo, Sensei
Yoshitaka Funakoshi[4] teve muita importância, pois dava o exemplo de afinco ao treinamento e influenciou sobremaneira na introdução de outras técnicas, como os chutes laterais e o emprego de bases mais baixas que as costumeiras do
Shuri-te
e derivados, como
Shorin-ryu.
A forma ensinado por Funakoshi era tradicional, tendo como base a filosofia do
Budo, em cujo conteúdo há a consciência da busca constante pelo aperfeiçoamento pessoal, sempre contribuindo para a harmonização do meio onde se está inserido, por intermédio de muita dedicação ao trabalho, treinamento rigoroso e vida disciplinada. O praticante do caratê radicional caminha em direção dessas metas, formando seu caráter, aprimorando sua personalidade.
Nesse sentido, pode-se afirmar que arte marcial contribui para a formação integral do ser humano, não podendo, portanto, ser confundido com uma prática puramente esportiva. "Tradição é um conjunto de valores sociais que passam de geração à geração, de pai para filho, de mestre para discípulo, e que está relacionado diretamente com o crescimento, maturidade, com o indivíduo universal."
A famosa expressão do mestre Gichin Funakoshi -
Karate ni sente nashi
(em
japonês:
空手に先手なし? No caratê não existe atitude ofensiva)
- define claramente o propósito anti-violência.
Se o adversário é inferior a ti, então por que brigar?
Se o adversário é superior a ti, então por que brigar?
Se o adversário é igual a ti, compreenderá, o que tu compreendes...
então não haverá luta.
Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui.
O verdadeiro valor do caratê não está em sobrepujar os outros pela força física. Nesta arte marcial não existe agressão, mas sim nobreza de espírito, domínio da agressividade, modéstia e perseverança. E, quando for necessário, fazer a coragem de enfrentar milhões de adversários vibrar no seu interior. É o espírito dos
samurais.
Eventualmente, Otsuka tornou-se instrutor de caratê shotokan, mas, em
1930, as divergências sobre a condução da arte tornaram-se mais acentuadas, pelo que os mestres chegaram ao consenso de seguirem caminhos diferentes. Dessa primeira cisão nasceu o estilo
Wado-ryu, que incorpora técnicas de
jiu-jitsu e
gotende ao repertório do caratê, dando mais ênfase à pratica de
kumite.
Após a morte de Gichin Funakoshi, outras dissensões tornaram-se evidentes. Alguns defendiam a participação em torneios e disputas e outros mantinham-se arraigados à proposição inicial de proibir quaisquer tipo de embate, devendo a arte ser desenvolvida principalmente por meio do treinamento reiterado de
kata. Apartada, veio a lume a linhagem
Shotokai.
A linhagem
Shotokan
foi assumida por
Masatoshi Nakayama, e permaneceu única (isto é, sob a direção da
JKA) até
1977, quando o mestre
Hirokazu Kanazawa[6] formou outra dissensão. Nesta última, ao longo do tempo pequenas diferenças foram-se acumulando, principalmente quanto à execução de katas. E, no início do
século XXI, outros katas passaram ser treinados, o que acentua ainda mais o distanciamento.
O estilo Shotokan caracteriza-se por bases fortes e golpes no corpo inteiro.
[7] Os giros sobre o calcanhar em posição baixa dão fluidez ao deslocamento e todo movimento começa com uma defesa. Este é um estilo em que as posições têm o
centro de gravidade muito baixo, e em que a técnica de um "simples" soco direto, dificil de ser dominada, quando a técnica é dominada o seu poder é incrível e quase sobre-humano.
Alguns tendem a classificá-lo como uma evolução do estlio
Shuri-te ou
Shorin-ryu. Entretanto, há divergências porque as bases do shotokan são precipuamente baixas, enquanto que em shuri-te são altas. Ademais, há golpes como
mae geri
e
ushiro geri, que não são comuns nos estilos
shorin, mas estão presentes no estilo de Funakoshi.
Neste estilo são levados a sério fatos como: a concentração e o estado de espírito, pois sem concentração e um estado de espirito leve porem determinado a técnica de pouco servirá, devendo estes dois atributos expandirem-se com a pratica e determinação.